PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

Liesco atualiza regulamento e define novas regras para desfiles

Lívia Gaertner em 17 de Fevereiro de 2017

Fotos: Anderson Gallo/Arquivo Diário

Harmonia e Evolução passam a compor um único quesito na tabela de avaliação dos jurados

Há muitos carnavais sem passar por uma reformulação, o regulamento da Liesco (Liga Independente das Escolas de Samba de Corumbá) trouxe novidades para o desfile deste ano. A mais expressiva delas, porém temporária, é a adoção de grupo único durante o desfile de 2018. No ano que vem, o resultado de 2017, ainda computado entre o grupo de Acesso e o grupo Especial, servirá para promover um equilíbrio na ordem de apresentação das dez agremiações da cidade, conforme explicou o diretor de carnaval da Liesco, Victor Raphael de Almeida.

“Esse formato vai intensificar muito mais o domingo de carnaval (dia destinado ao desfile das escolas do grupo de Acesso) porque vai conferir uma responsabilidade maior a essas entidades. A gente percebeu, ao estudar os últimos três carnavais, que a diferença entre as escolas do Acesso e do Especial está aumentando muito. As únicas que tiveram sustentação maior foram as ditas grandes que subiram com extrema facilidade para o Especial, então a ideia é equiparar as forças em termos financeiros e as de acesso buscar o reforço em suas comunidades para competirem em igualdade”, disse ao detalhar a forma como será definida a ordem de desfile nesse grupo único.

“As escolas serão distribuídas em pares ordenados, então você poderá ter uma escola dita favorita desfilando no domingo. Assim, não vai ser possível definir a favorita por um único dia. Pelo regulamento, as quintas colocadas abrem os desfiles, a de Acesso, no domingo, e a Especial, na segunda-feira. A única que poderá escolher em qual momento irá desfilar será a campeã”, detalhou ao Diário Corumbaense.

O documento, que estipula a competição entre as escolas de samba de Corumbá, também traz novidades com relação aos quesitos. Agora são oito apenas, sendo que houve a integração entre Harmonia e Evolução e a exclusão da Ala das Baianas. Sobre essa decisão, Victor Raphael esclarece.  “A ala das baianas deixaram de configurar como quesito desde o carnaval de 1991 e, desde 1994, não faz parte do carnaval paulistano e, ao longo do tempo, vem sendo abolida não porque elas não sejam importantes, mas porque há um contexto de dupla punição, pois a escola tem que trazer um número específico pra avenida. Elas são julgadas no quesito fantasia, se perder parte da roupa, por exemplo, são punidas aí, e também se evoluírem mal no quesito harmonia e evolução. Assim, fica incoerente estabelecer mais uma forma de perder ponto com um quesito próprio. A baiana continua sendo obrigatória atendendo aos quesitos fantasia e harmonia/evolução. Falando em punição, ela é bem severa pra quem não estiver com essa ala na avenida ou com número insuficiente de componentes, perde 3 pontos, é a maior punição do regulamento”, avisou.

Ala das Baianas não terá mais quesito próprio; vai ser julgada em Fantasia e Harmonia e Evolução

Jurados e notas

Aliás, outra novidade está nas notas que, agora, oscilam entre 9,0 e 10, totalizando além dos números inteiros, nove opções de notas fracionadas. Isso, de acordo com o diretor de carnaval da Liesco, traz mais competitividade entre as agremiações. Ele destacou ainda que toda nota precisa ser justificada, inclusive a máxima. “A diferença entre 8,9 e 9,1 era muito pequena. Era necessário estabelecer as diferenças e por isso a nota ficou entre 9 e 10 e isso acirra também as questões dos décimos. Eu penso que dificilmente uma escola vai abrir um ponto de diferença em relação a outra”, previu.

Esse ano serão 16 jurados, todos vindos do carnaval paulista que, além do conhecimento técnico, agregam ainda a vivência nos quesitos a serem avaliados, uma reivindicação das próprias entidades carnavalescas. O grupo, que deverá ficar distribuído ao longo da avenida em três cabines, estará atento aos critérios de julgamento dos quesitos que, ao lado do Manual do Julgador, configura como mais uma novidade implantada pelo Liesco. Essa espécie de guia descreve pontos a serem considerados na aplicação de notas como, por exemplo, penalizar, no quesito enredo, a escola que troque a ordem de alas ou alegorias, conforme o roteiro fornecido pela própria agremiação.

Alegorias e fantasias

Um dos pontos bastante polêmicos no carnaval de Corumbá reservou-se há muitos anos às alegorias. Definir o que configura uma alegoria abria brechas para apresentações de fantasias de luxo como tais, o que gerava muita confusão entre as escolas. No regulamento deste ano, esse ponto se esclareceu. “Ficou mais claro sobre um dilema que permaneceu por muito tempo: se tem que ter escultura ou não. Se impusermos a presença da escultura, tiramos a criatividade do carnavalesco. Se formos pensar assim, Paulo Barros (carnavalesco carioca premiado) não faria carnaval em Corumbá porque ele faz alegoria humana. Se vier um carro apenas com seu destaque de luxo, a escola vai ser penalizada. Precisa do elemento artístico que pode ser uma coreografia, por exemplo, tem que ter alguma referência artística dentro da alegoria”, afirmou Victor Raphael

As agremiações também não precisarão limitar-se a um número máximo de alegorias, podendo colocar na passarela do samba quantas forem necessárias para contar o enredo. O que permanece é o número mínimo, 03 para o Acesso e 04 para o Especial,

Sobre o famoso carro abre-alas, ele explica que em todo o país esse elemento veio perdendo sua função de acordo com o nome, já que muitas entidades preferem privilegiar a evolução do desfile usando de outros artifícios logo no início da passagem pela avenida. “Até para facilitar a evolução da escola coloca-se um tapete humano antes da primeira alegoria, então assim ela já conta dentro do conjunto total de alegorias. O que fica obrigatório nela é a presença do nome da escola, porém não do símbolo da escola”, contou a este Diário ao supor que algumas agremiações devam inovar com esse elemento.

E se não se pode falar de carnaval sem pensar em fantasia, esse foi outro quesito que sofreu alteração para acompanhar a evolução da maior festa popular do país. Alas cuja característica evidente era a presença de trajes padronizados, como baianas e bateria, podem trazer diferentes modelos de fantasias, desde que eles estejam dentro do enredo.

 

PUBLICIDADE