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Estado quer viabilizar corredor ferroviário de 4,7 mil quilômetros

Marcelo Fernandes em 13 de Fevereiro de 2017

O projeto do Corredor Ferroviário Bioceânico Central ligando os portos do Brasil e Peru cruzando o território da Bolívia foi apresentado nesta segunda-feira, 13 de fevereiro, ao governador Reinaldo Azambuja, em Corumbá. Na verdade, o chefe do Executivo sul-mato-grossense conheceu os trabalhos desenvolvidos pelo governo boliviano visando a efetivação da rota.

Apresentado pelo ministro de Obras Públicas, Serviços e Habitação da Bolívia, Milton Claros Hinojosa, o projeto boliviano considera que o trem entre em Puerto Suárez, fronteira com a cidade brasileira de Corumbá, cruzando Cochabamba e La Paz, com destino ao porto peruano de Ilo, que seria o acesso ao Oceano Pacífico. No Brasil, o porto de Santos é a porta para o Oceano Atlântico. São cerca de 4.700 quilômetros de extensão.

Chico Ribeiro

Projeto foi apresentado pelo governo boliviano durante reunião na Prefeitura de Corumbá

Na avaliação do governador Reinaldo Azambuja, a proposta do Corredor Ferroviário Bioceânico Central tem execução extremamente viável. “Tem a maior viabilidade, pela quantidade do que já está executado – 80% prontos só na Bolívia –, não temos problemas ambientais como o Corredor Norte que teria de atravessar toda a Amazônia, com um custo aproximado de 70 bilhões de dólares. Esse aqui tem custo entre 14 e 15 bilhões. Encurta enormemente o caminho entre os portos. A grande saída de nossas exportações é pelos portos de Santos (SP) e Paranaguá (PR) via Oceano Atlântico. Pelo Pacifico, via Panamá e por baixo – via Ushuaia (Argentina) – aumentam tempo e custos. O corredor ferroviário nos dá competitividade maior em exportações e importações”, explicou durante entrevista coletiva.

Azambuja argumentou que num curto prazo é possível colocar em prática a permissão para que trens brasileiros e bolivianos cruzem as fronteiras. “A proposta é que os trens de Santa Cruz (na Bolívia) possam adentrar na ferrovia brasileira e os brasileiros possam entrar até Santa Cruz. É uma tratativa que vamos levar, com um memorando de entendimento, ao ministro José Serra (Relações Exteriores). É a ligação do porto de Santos até o porto Ilo, no Peru, com ramificações para Argentina e portos chilenos. Precisamos dessas tratativas alfandegárias para desburocratizar o corredor. É um início de conversa, é uma proposta. O corredor rodoviário já tem essa tratativa”, disse.

Embora a ferrovia do lado brasileiro exista, Reinaldo salientou que a malha oeste (trecho Corumbá-Três Lagoas) precisa de readequações. “Discutimos com a concessionária, a Rumo, para que faça os investimentos necessários para ser ligação entre esses portos. Existe o traçado, mas precisa investimento. Com essa perspectiva de carga e a possibilidade de integração com os países, vamos ter como buscar a revitalização da malha oeste no trecho Corumbá –Três Lagoas”, antecipou o governador.

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Governador afirmou que vai levar proposta para Governo Federal

Em médio e longo prazos, o chefe do Executivo Estadual acredita que o Corredor Ferroviário Bioceânico Central terá condições de logística para escoar, a custo menor, a produção sul-mato-grossense e ser a porta de entrada das importações com a ligação consolidada entre os portos de Santos e Ilo. A discussão do projeto deve envolver ainda Paraguai, Chile, Argentina e Peru.

Participaram da reunião na Prefeitura de Corumbá os prefeitos Ruiter Cunha (Corumbá) e Carlos Ruso (Ladário); o embaixador da Bolívia, José Kinn Franco; o ministro de Obras Públicas, Serviços e Habitação da Bolívia, Milton Claros Hinjosa; o coordenador-geral de Assuntos Econômicos da América do Sul/Ministério das Relações Exteriores, João Carlos Parkinson de Castro; e os secretários Jaime Verruck (Semade) e Marcelo Miglioli (Seinfra).