Caline Galvão em 25 de Janeiro de 2017
Com as chuvas de janeiro, alguns pontos de Corumbá estão sofrendo com enxurradas que descem do alto dos morros levando todo tipo de material, incluindo lixo. Moradores relatam aparecimento de animais mortos, ratos, lagartos e até resíduos de feira livre. A Prefeitura vai iniciar recuperação dessas ruas e tem como objetivo, depois de passado o período chuvoso, realizar estudos para construção de projeto que possa resolver a situação.
Fotos: Silvana Moraes/Diário Corumbaense
A situação é mais crítica na rua Tenente Melquíades com a 13 de Junho
De acordo com o secretário de Infraestrutura e Serviços Públicos, Ricardo Ametlla, as vias mais atingidas com o carreamento de materiais são aquelas que ficam no final dos morros. “Nós estamos autorizando e determinando que se faça a recuperação dessas vias. Agora, são serviços que realizamos necessariamente para que seja mantido um trânsito nelas, uma acessibilidade da população, mas não é uma pavimentação. A todo o momento quando chove esse material vai continuar 'escorregando'. Depois de concluído esse período chuvoso, aí nós vamos realizar estudos para criarmos situações que nos possibilitem superar o problema nessas ruas”, afirmou Ametlla ao Diário Corumbaense.
O secretário disse que há alguns locais da cidade que passam pela mesma situação. Um na rua Tenente Melquíades, esquina com a 13 de Junho; outro no final da Major Gama, no bairro Cristo Redentor; outro na Oriental, no bairro Popular Velha; um também na 15 de Novembro com a João Afonso; alguns pontos na General Osório e no final da rua Major Gama também.
Moradores relatam situação crítica
A situação mais crítica, conforme Ricardo Ametlla, acontece na rua Tenente Melquíades, esquina com a 13 de Junho. A casa da dona Percília Alves Barbosa talvez seja a mais prejudicada da região. De esquina, a residência sempre sofre as consequências diretas das chuvas. O calçamento, que era nivelado com a rua, hoje é um extenso buraco e, na última grande chuva que teve este ano, parte do meio-fio foi derrubada com a força da enxurrada. O muro que separa a calçada da casa já está "mole" de tanto que recebeu o impacto das águas. Mas não é só isso. Lixo acumulado, cheiro ruim, bicho morto, lama e mosquito perturbam o cotidiano de quem mora ali. Ela mostrou à reportagem pedras de cerca de 50 centímetros de diâmetro que rolaram até a sua casa com a força das águas.
Meio-fio da casa de dona Percília foi derrubado pela força das águas; lixo e animais mortos também vêm com a enxurrada
Morando no local há 17 anos, dona Percília afirmou que antigamente ali não era uma rua. Segundo ela, os problemas começaram quando foi construída a estação de tratamento de esgoto, próximo à sua residência, e muitas carretas e caminhões começaram a passar pelo local. “Acabou a rua. Ela era da altura da calçada, está um buraco agora. Quando chove, a água chega no batente da cozinha”, relatou a moradora mostrando a quantidade de terra acumulada na frente da porta de sua casa. “Antes do Natal entrou um lagarto embaixo da mesa. Era enorme, levei um susto, liguei para o Corpo de Bombeiros que me instruiu a jogar um pano em cima, pegar o lagarto e jogá-lo lá fora”, contou dona Percília. Ela lembrou que no fim de semana passado, um caminhão foi passar pela rua e acabou tombando levemente para um dos lados. “Ainda tem motorista que tenta, mas depois de sábado passado, ninguém tentou mais”, afirmou a moradora a este Diário.
Carlos Júnior é morador da Tenente Melquíades e vizinho de dona Percília há 15 anos. “Eu acho isso horrível porque ninguém passa, quando chove esburaca. Vem a enxurrada e aparece de tudo: lixo, rato, gato morto, cachorro morto, lixo da feira, tudo porque a água vem lá de cima. Para tudo aí na frente de casa”, relatou Carlos. Ele afirmou que já viu motocicletas, carros e até caminhões tombando na rua. “Domingo caíram duas motos aí. Ralou um pouco o moço, mas eu o ajudei a sair do buraco”, relatou o morador que contou ainda que seu cunhado, que mora na casa dos fundos, precisa sempre descer da moto ao chegar à rua para poder entrar em casa sem correr o risco de cair.
Valdenir Soares, que mora no Borrowiski, todos os dias passa pelo local com seu filho, de 04 anos, para ir visitar a mãe que mora ruas depois. Mesmo com carro em casa, é mais fácil andar a pé do que se arriscar com o veículo. “Todos os dias visito minha mãe. Eu tenho carro, mas não dá para passar por aqui, tem que vir a pé. É uma situação muito difícil porque às vezes tenho que socorrer minha mãe, mas não tem como, tenho que rodear lá por cima com o carro porque por aqui, que é mais pertinho, é melhor vir a pé. Isso está assim faz muito tempo”, disse Valdenir.
Morador que tem carro, precisa ir a pé visitar todos os dias a mãe, porque não há condições de passar pelo local com veículo
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