PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

Período de reprodução e queimadas aumentam presença de cobras na área urbana

Caline Galvão em 23 de Janeiro de 2017

Do dia 1º ao dia 20 de janeiro, os bombeiros capturaram 20 animais silvestres na região. Desses, dez foram serpentes encontradas em residências, calçadas e até em hotel. Sucuri, jararacuçu, surucucu do brejo e jiboia são espécies que já assustaram moradores de Corumbá e Ladário este ano. Nesses primeiros dias de 2017, no canteiro de uma obra no bairro Guató, jiboia de um metro e meio surpreendeu moradores que acionaram os bombeiros. Outro exemplo foi o caso de duas jiboias que estavam no campus da UFMS e, no período das 11h às 15h de quinta-feira (19), foram encontradas três serpentes: uma jiboia no bairro Aeroporto que estava engolindo uma galinha, uma do mesmo tipo no quintal de uma casa no Maria Leite e uma jararacuçu próxima ao Centro de Convenções, no Porto Geral.

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Jiboias são geralmente encontradas em Corumbá

Existem alguns motivos que em conjunto podem ajudar a entender o porquê de estarmos tendo mais encontros com esse tipo de animal nos últimos dias. É o que explica o biólogo Wellinton de Sá Arruda. “No momento, estamos em uma época em que temos chuvas e temperaturas elevadas. Isso representa a condição ideal para a reprodução de alguns artrópodes, como insetos e centopeias, fazendo com os mesmos sejam mais facilmente encontrados e predados por pequenos animais como roedores, por exemplo. Esses pequenos animais ficam suscetíveis a serem predados por animais maiores, como as bocas-de-sapo e jiboias, por passarem mais tempo fora de seus abrigos. Essa situação acaba aumentando as chances de humanos se depararem com os predadores”, explicou Wellinton ao Diário Corumbaense.

Além disso, nos últimos dias a região tem sofrido com as queimadas, tanto no Pantanal quanto na área urbana com lixo e restos de vegetais. O fogo afugenta esses animais fazendo com que acabem entrando em contato com as pessoas ocasionalmente. As sucuris, por exemplo, podem atravessar o rio Paraguai, em direção à área urbana para fugir das queimadas, explicou o biólogo.

Ele acrescenta mais um motivo de estarmos vendo serpentes com mais frequência. “Estamos passando pelo período de férias escolares e de alguns funcionários de outros setores do mercado de trabalho, o que possibilita o contato com a natureza em passeios, brincadeiras de rua, brincadeiras em praças arborizadas, brincadeiras em quintais e etc, o que potencializa a chance de pessoas encontrem serpentes que vivam nesses locais. Isso não deve ser visto como uma situação alarmante, pois vivemos em uma cidade que ainda possui muitas áreas vegetadas que abrigam esses animais durante o ano todo e que, geralmente, não entram em contato com as pessoas”, destacou Wellinton de Sá Arruda.

Jararacuçu, uma das cobras mais venenosas encontradas no Brasil, vive na beira dos rios e nos baceiros

É natural ver mais cobras em locais cercados pela mata, destaca o biólogo

O biólogo lembrou que como moramos em uma região que ainda possui muita vida silvestre é mais comum que a população se depare  com estes animais aqui do que em municípios altamente urbanizados. “A maioria das serpentes é de hábito noturno e por esse motivo não vemos tantas quanto poderíamos, porém, podemos encontrá-las de dia enquanto estão se abrigando em locais sombreados e escondidos. É comum encontrá-las escondidas embaixo de materiais de construções, de galhos, de caixas, nas árvores e, ocasionalmente, dentro de casas quando existem possibilidades de entrada, como buracos na parede, por exemplo”, afirmou a este Diário

Wellinton Arruda  explicou ainda que existem algumas cobras que são encontradas com mais facilidade na cidade, como as espécies do gênero Sibynomorphus, popularmente conhecida como dormideira, que são comumente mortas por serem confundidas com a boca-de-sapo (Bothrops spp.). A jiboia (Boa constrictor) também pode ser facilmente encontrada na área urbana, pois se alimenta de roedores que habitam terrenos baldios e quintais com restos de alimento; e as serpentes aquáticas sucuri (Eunectes spp.), surucucu-do-pantanal (hydrodynastes gigas, também conhecida como jaracuçu) que são encontradas pelos pescadores e isqueiros, pois vivem na beira dos rios e nos baceiros.

PUBLICIDADE