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46 foragidos estrangeiros foram presos no Brasil em 2016; hacker está na lista

G1 em 18 de Janeiro de 2017

A Polícia Federal prendeu 46 estrangeiros foragidos, que estavam sendo procurados em todo o mundo, em 2016. Quase metade deles havia sido condenada ou acusada por homicídio ou tráfico de drogas, mas também há responsáveis por fraudes eletrônicas. Os números foram levantados pela seção da Interpol no Brasil a pedido do G1.

Apesar de representar uma queda de 18% em relação às capturas de 2015, o número é a segunda maior marca histórica de prisões desse tipo no país. Iguala o nível de 2005 e só fica abaixo do desempenho do ano anterior, quando 56 foragidos foram presos, número recorde para o país, desde que o país começou a colaborar com a Interpol em 1953. Em 20 anos, a PF retirou das ruas dos país 514 foragidos estrangeiros.

Esses criminosos e procurados pela Justiça integravam o alerta vermelho da Interpol, que é representada no país pela PF – em cada um dos 190 países onde atua, a polícia internacional é constituída por uma força policial de caráter nacional.

Entre os capturados em 2016, os portugueses foram a nacionalidade mais abundante (12), seguida dos uruguaios (6), italianos, argentinos e colombianos (3 cada um). O crime mais observado é o homicídio (11), seguido de tráfico de drogas (9) e estupro de vulnerável (3). Há criminosos, no entanto, que acumulam várias condenações, como é o caso de um colombiano preso no Brasil, que recebeu sentenças em seu país por tráfico de drogas, homicídio e tortura.

A PF não informa a identidade de todos os estrangeiros foragidos capturados. Argumenta que se trata de informação utilizada apenas para fins policiais. Algumas prisões, no entanto, foram divulgadas.

Um deles foi o norte-americano Michael Knighten, procurado pela Interpol de Washington, nos Estados Unidos, suspeito de aplicar golpes cibernéticos que renderam, ao menos, R$ 6 milhões. Knighten vivia sob o nome falso de Michael Sabatine, o que exigiu da PF uma operação digna de filme: usou as impressões digitais deixadas por ele em um copo de academia com os dados biométricos fornecidos pela Interpol dos EUA. Confirmada a identidade, a PF prendeu Knighten em Blumenau (SC) e apreendeu R$ 4 milhões em bens, incluindo carros de luxo e cerca de R$ 500 mil em dinheiro, além de sequestrar um imóvel avaliado em R$ 3 milhões.

O esquema dele consistia em interceptar contas de e-mail de grandes executivos e se passar por ele durante ausências. Com isso, autorizava ou pedia pagamentos milionários em nome de fornecedores falsos. A bolada ia para as contas dos bandidos, no golpe chamado de Business E-mail Compromise (BEC, na sigla em inglês). A estimativa é que esses ataques tenham vitimada 12 mil grandes empresas, que tiveram US$ 2,3 bilhões de prejuízo.

A PF não detalha por quanto tempo esses foragidos permaneceram no Brasil. Alguns viveram em território brasileiro até 3 anos, como o português Guilherme Monteiro Rodrigues da Silva. Ele morou um ano por pelo menos um ano em Goiânia (GO), onde foi capturado em agosto de 2016. Em sua terra natal, Silva foi condenado a 17 anos e 4 meses por homicídio, villipêndio de cadáver e posse ilegal de armas.

A Interpol não detalhou os dados. Informou apenas que a redução no número de prisões decorreu dado o aumento do esforço de segurança devido aos Jogos Olímpicos, o que fez os foragidos escolherem outro destino.

A captura e extradição de foragidos estrangeiros são processos burocráticos. Após a policial de um país incluir um suspeito da lista de Difusão Vermelha, a força policial de outra nação que suspeite de que o foragido esteja em seu território tem de solicitar um mandato à mais alta corte nacional – no caso do Brasil, é o Supremo Tribunal Federal.

Depois de preso, o foragido só pode ser extraditado ao país que o procura depois de os tribunais dos dois países acertarem a transferência.