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Biólogo leva projeto agroecológico a crianças e adolescentes assistidos pelo Caij

Caline Galvão em 05 de Dezembro de 2016

Durante oito meses, o Centro de Apoio Infanto Juvenil (Caij) recebeu projeto do biólogo Ricardo Rueda, colombiano que veio a Corumbá desenvolver voluntariado em seu campo de pesquisa. Ele descobriu a existência do Caij há cerca de seis anos porque tem uma tese sobre a arara azul e, pesquisando lugares para trabalhar com a ave, se interessou por Corumbá, onde procurou também local para desenvolver projeto voluntário.

“Olhando as problemáticas ambientais de conservação, percebi que muitas crianças gostavam de matar passarinhos, ao invés de proteger. Há também problemas com o lixo e em muitas casas há boa área para cultivar plantas, mas ninguém faz isso, além da falta de emprego que é grande. Vi que era uma boa oportunidade de fazer esse tipo de projeto para conservação, para eles cultivarem alimentos em suas casas”, explicou Ricardo ao Diário Corumbaense.

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

No projeto, biólogo trabalhou com crianças e adolescentes o cuidado com os cavalos

Além de trabalhar a conservação ambiental com as crianças e adolescentes assistidos pelo Caij, o projeto do biólogo foi dividido em três setores: criação de peixes, plantio de frutas e legumes, e trato com cavalos. Ele ensinou as crianças a conservar peixes nos caixotes de madeira com sacos de lixo. Em uma semana, eles pegaram de 200 a 500 ovos. Cada peixe ornamental se vende a R$ 10,00, ou seja, cada estudante pode ter entre mil a mil e trezentos reais de salário só com um casal de peixes, explicou o biólogo.

Já com relação aos cavalos, ele contou que percebeu que muitas crianças da casa são hiperativas e os cavalos mudam as pessoas, segundo Ricardo. “Eles acrescentam trabalho, melhoram a coordenação motora, é um trabalho que exige muita concentração. O cavalo é um animal muito grande para uma criança e de certa forma é perigoso, mas a gente ensina que eles devem ter muito respeito e respeitar o espaço dos animais, é um bom ensino. Desde que cheguei aqui, notei uma diferença muito grande nas crianças depois desse trabalho”, afirmou o colombiano.

A outra parte do projeto foi o ensino do cultivo de plantas. O biólogo percebeu que Corumbá é uma região com temperaturas muito elevadas, mas que tem um inverno frio e seco. Pensando nisso, foi ensinado como cultivar morangos, diversas espécies de tomates, cebolas, amoras de plantio, todas são plantas de clima frio. “Ensinamos em quais épocas são ideais para fazer os plantios para ter novas frutas. Aqui tive oportunidades de conhecer algumas fazendas onde não há plantio, só criação de gado, então é uma nova alternativa que eles podem aproveitar”, disse Ricardo.

Crianças aprenderam a cultivar vários tipos de plantas, incluindo morangos e legumes

Mas, além desse projeto, antes de ser iniciada a piracema, o biólogo levou as crianças para fazer uma pesquisa no rio Paraguai, para que elas pudessem conhecer quais são os peixes da região. Ele falou que quando se fala em peixes do Pantanal, as pessoas já imaginam os grandes como pacu, dourado, pintado, mas, segundo ele, há várias espécies de peixes pequenos que servem para ornamentação. “Nós ensinamos que esses peixes pequenos valem mais que um pacu de dois, três, quatro quilos. Explicamos também que em muitos países a piracema não existe porque as pessoas exportam diferentes espécies em diferentes períodos. Eles podem ver outras atividades na cidade, como exportação de peixes ornamentais”, disse o biólogo.

“Corumbá é um local com muita área rural, criação de animais, mas não existe o curso de Veterinária e muitas crianças que moram aqui não têm a oportunidade de irem à faculdade, então, se forem potencializando este projeto e o tornando cada vez maior, em algum momento haverá a oportunidade da carreira acadêmica para estes alunos”, acredita Ricardo Rueda.

Jovens falam sobre a experiência adquirida no projeto

Pela primeira vez, Danilo de Arruda Silva, de 15 anos, começou a criar peixes ornamentais. Das três modalidades do projeto, cuidar desses animais aquáticos e tentar fazê-los procriar foi o que mais despertou o interesse do estudante. “Eu acho interessante. Dá para desenvolver isso em casa ou em qualquer lugar, vou fazer os peixes procriarem”, contou a este Diário.

Participantes também aprenderam a criar peixes ornamentais e a procriá-los

Raiane Reis de Carvalho, de 13 anos, disse que em sua casa há muitos cavalos. Amante desses animais, ela se sentiu bem à vontade com o projeto desenvolvido pelo biólogo. “De todo o projeto o que mais gostei foi de mexer com cavalos porque lá em casa tem muitos e aqui eu até pude ensinar um pouco para eles também. O que mais gosto é de dar comida a eles e dar banho, gosto de cuidar deles. Eu acho que a gente também acalma eles, chegando perto deles, se acostumam”, disse a menina.

Já Gabriel Igino Araújo, também de 13 anos, aprendeu a plantar diversos tipos de vegetais. “Eu aprendi a plantar e colher, tudo tem o tempo certo. Aprendi a plantar morango, legumes, batata, abóbora. Mas o que mais gostei mesmo desse projeto foram os cavalos, foi uma novidade para mim. A diferença dos outros animais para o cavalo é que a gente pode cavalgar nele, isso que é divertido”, disse o garoto.

“O que mais gosto é de montar no cavalo”, disse o adolescente de 14 anos João Batista da Silva. “Ele é calmo, dá para se divertir um pouco e ele acalma a gente, a pessoa muito agitada fica mais calma, eu alimento ele”, disse o jovem. 

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