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Estudantes de escola municipal participam de projeto de preservação do ladrilho hidráulico

Caline Galvão em 25 de Agosto de 2016

Estudantes da Escola Municipal Izabel Corrêa de Oliveira estão participando de projeto de conscientização e preservação do ladrilho hidráulico. De iniciativa do artista plástico e professor de Arte, Vítor Hugo Aguilar Souza, o projeto é voltado para estudantes da 5ª série do Ensino Fundamental e pretende envolver toda a comunidade escolar. Uma parede inteira dentro da instituição foi reservada para intervenção artística onde os alunos estão aprendendo com a técnica do estêncil a pintar ladrilhos.

 “A ideia inicial é que eles criando, eles mesmos vão preservar. Há o problema que quando não é a criança ou a pessoa que cria, geralmente eles não respeitam, picham e estragam. Por isso, trouxemos essa problemática para a escola e discutimos com os estudantes o assunto, agora eles mesmos estão restaurando uma parede antiga da escola para que esse serviço seja feito das próprias mãos deles”, explicou o professor Vítor Hugo.

Fotos: Ricardo Albertoni/ Diário Corumbaense

Além de pintar a parede, crianças estudam sobre o assunto, fotografam ladrilhos pela cidade e são instruídas quanto à preservação histórica

O projeto, intitulado “Ladrilhos nas paredes da escola, uma ação artística e conceitual”, tem apoio da direção escolar que adquiriu todo o material como tintas, pincéis e sprays. No entanto, a técnica usada na escola é diferente. O ladrilho, muito utilizado no chão, foi passado para a parede através de estêncil, usado para aplicar desenho ou ilustração e, através da pintura, representar essa figura onde deseja que seja colocada. “É uma máscara, um elemento vazado onde a gente utilizou desenhos diferenciados”, explicou o professor ao Diário Corumbaense. Já faz mais de dois meses que ele está trabalhando nesse projeto com os alunos.

Além da intervenção artística, os estudantes tiveram aulas na sala de tecnologia, assistiram a vídeos, trocaram ideias, fizeram trabalho de pesquisa, fotografaram os pisos das casas deles e de parentes que têm o ladrilho hidráulico e, inclusive, levaram algumas peças originais para a escola. “Dentro da ideia do ladrilho, veio a ideia da intervenção artística na escola, eles estão aprendendo o que é isso. A gente vê que não é só pintura, mas há vários tipos de intervenções e o que nós estamos é intervindo em uma parede antiga da escola, que os alunos pichavam e rabiscavam, eles entenderam a diferença do pichar para fazer o muralismo ou o grafite”, explicou Vítor Hugo. Os próprios alunos pintaram incialmente a parede de branco e fizeram o rodapé para poder pintar o ladrilho com estêncil.

Uma parte da parede da intervenção artística foi reservada para que os estudantes entendessem o que de fato é um trabalho artístico com grafite. “Nós colocamos fitas brancas na parede e professores e alunos, além de outras equipes da escola, foram lá e escreveram frases, pintaram e no final as fitas foram retiradas”, disse o professor.

Crianças compreendem a importância dos ladrilhos

Para Vítor Hugo, o projeto vai fazer com que os estudantes se conscientizem sobre a história por trás dos ladrilhos e ajudem a preservá-los. “Através do tempo, a gente vai percebendo que está se perdendo a cultura dos ladrilhos, já não se faz mais. É um ou outro que ainda produz ladrilho, mas em Corumbá nas casas antigas é muito forte a presença dos ladrilhos hidráulicos. As crianças estão aprendendo sobre o que é o ladrilho, até porque muitos deles têm na casa dos avós e muitas vezes essas pessoas reformam a casa, quebram tudo e trocam isso por porcelanato e outros tipos de materiais. As crianças estão entendendo agora o que elas já viram durante anos na casa desses parentes ou até em museus aqui em Corumbá, restaurando essa identidade do ladrilho e trazendo isso para a escola”, destacou o professor.

Ele acredita que muitas pessoas estejam substituindo os ladrilhos por outros tipos de produtos por falta de informação. “Muitas pessoas acreditam que por ser um tipo de lajota, um material mais antigo, já ultrapassado, devem retirar para substituir”, disse. Vitor Hugo acredita que as crianças compreendendo o que é o ladrilho hidráulico, elas vão conversar com os adultos sobre a importância que há de se preservar pelo menos um espaço dentro da casa com esses ladrilhos antigos que vieram da Europa.

Jamilly Vitória Pereira, de 09 anos, está participando do projeto artístico e lembra bem onde já viu ladrilhos em Corumbá. “Tem na casa da minha avó, tem no centro e no museu. Na casa da minha avó não tem na cozinha, na varanda e no banheiro, só tem nos quartos e na sala. É lindo, forma um desenho super bonito, eu tirei foto, está na minha pasta. Eu gostei muito porque forma uma flor enorme, é rosa e branco”, explicou a estudante e disse como foi feita a intervenção artística. “A gente fez essas flores, essas formas, deu muito trabalho. Primeiro tivemos que medir, depois pintamos, aí começamos a fazer as florzinhas, fizemos também o grafite”, disse a menina. Ela contou ainda que a técnica do estêncil é interessante porque hoje em dia é mais difícil encontrar ladrilhos.

Um espaço da parede foi separado para pintura com grafite, compreendendo o significado de muralismo

Na manhã de quarta-feira (24), Rafael de Paula Rocha, de 13 anos, estava empolgado pintando com tinta amarela os ladrilhos na parede. Ele contou que estava gostando de fazer a atividade e que na casa da sua tia existem ladrilhos nas cores azul, branco e preto. “Acho interessante preservar”, frisou o estudante. “Estou gostando porque o professor chamou a gente para pintar e fazer isso tudo. Acho o ladrilho bonito, bem divertido”, completou.

Já Keithy Carollyny Souza, de 11 anos, afirmou já conhecer o ladrilho pela casa de sua avó e é encontrado no chão e nas paredes. “Achei esse projeto aqui muito criativo e muito legal. Acho importante preservar os ladrilhos porque antigamente existia em todos os pisos e hoje não tem mais. Acho legal os detalhes dos desenhos”, concluiu.

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