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PAC Cidades Históricas: antigo terminal de ônibus da área central é demolido

Da Redação em 24 de Fevereiro de 2016

As obras de requalificação da praça da República, localizada na área central de Corumbá, ganharam contornos visíveis nesta terça-feira, 22 de fevereiro. As equipes responsáveis pelo serviço realizaram a demolição da estrutura que abrigava o antigo terminal de ônibus da cidade. Em um só dia, um espaço, que por décadas foi utilizado por muita gente e fez parte da história de vida de muitos corumbaenses, foi reduzido a escombros.

A demolição segue recomendação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). A construção da década de 70 – do século passado –, agora inexistente, prejudicava a visualização de um dos principais exemplares da arquitetura histórica corumbaense, o prédio da Casa de Cultura Luiz de Albuquerque (ILA). Após a conclusão da requalificação, o terminal ganhará nova modelagem.

Desde o final de dezembro, o ponto de ônibus funciona temporariamente na rua Antônio João. Os feirantes que atuavam no terminal – quinze aproximadamente – passaram para a quadra do Grêmio Recreativo dos Subtenentes e Sargentos localizado ao lado do local onde foram instalados os novos pontos, na mesma rua Antônio João.

Executadas pela Prefeitura, as intervenções naquele espaço fazem parte do PAC Cidades Históricas, programa do Governo Federal. A requalificação da praça da República teve a ordem de serviço assinada em 02 de junho do ano passado. Foi orçada, inicialmente, em R$ 740 mil.

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Demolição seguiu recomendação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional

Antes conhecida como Largo da Conceição, Largo do Carmo e Largo da Candelária, a atual praça da República foi uma fortificação militar, que serviu de palco para um dos episódios mais marcantes da Guerra da Tríplice Aliança: a Retomada de Corumbá, ocorrida no dia 13 de junho de 1867. Localizada na área de entorno do tombamento federal, em uma área de quase seis mil metros quadrados, a praça, em formato retangular, foi construída em 1924.

PAC Cidades Históricas

Corumbá foi a única cidade do Mato Grosso do Sul e uma das 44 do Brasil contemplada pelo PAC Cidades Históricas, programa do Governo Federal que permite revitalizar seu patrimônio histórico. Para a cidade pantaneira, foram destinados R$ 19,6 milhões para aplicação na restauração e requalificação de prédios e equipamentos históricos, localizados na área tombada pelo Patrimônio Histórico Nacional, e de entorno.

Dez projetos foram contemplados pelo PAC Cidades Históricas, de um total de 11 apresentados. Foram habilitados para o programa as  restaurações do prédio da antiga Prefeitura Municipal, do Hotel Internacional, do antigo Presídio (Casa do Artesão), do Casarão da Comissão Mista, do Instituto Luiz de Albuquerque (ILA), da Igreja Nossa Senhora da Candelária, além do antigo mercadão.

Foi contemplada também a Praça do Uruguai, (incluída junto com o projeto do antigo Mercado Municipal), além das praças da República e da Independência.

Demolição visa resgate das características históricas da praça

Diretora-presidente da Fundação de Desenvolvimento Urbano e Patrimônio Histórico (Fuhpan), órgão responsável pelo gerenciamento das obras do PAC Cidade Históricas em Corumbá, a primeira-dama Maria Clara Scardini, explicou ao Diário Corumbaense, o que o projeto aprovado pelo Governo Federal prevê para a praça da República e o antigo terminal da ônibus da rua Antônio Maria.

“Vamos fazer ali um calçadão, com altura do pavimento no mesmo nível do da praça. Um grande calçadão muito arborizado, vamos trabalhar o paisagismo e implementar um  terminal, que contemple e atenda confortavelmente a população. Vai ser um terminal confortável, diferenciado. Ali é um ponto em que param quase todas as linhas de ônibus e vai continuar sendo oferecido esse serviço para a população”, disse Maria Clara informando que esse espaço será incorporado à área da praça após concluída a requalificação. Um bebedouro também será instalado.

Ela ressaltou que a demolição foi, de fato, recomendada pelo IPHAN,  não apenas para permitir um visual mais limpo do complexo arquitetônico de seu entorno, mas principalmente para resgatar as características históricas do local. “Ali era extensão da praça, estamos devolvendo o tamanho original. Vamos ampliar, de modo que ali fique um calçadão, devolvendo a história daquele lugar. Sem dúvida que houve essa recomendação do IPHAN, em função de aparecer esse complexo histórico do local, mas tem também a função de devolver o traçado original da praça. O terminal vai ser incorporado à praça, com um calçadão”, complementou a diretora-presidente da Fuphan.

Maria Clara contou ainda que a recuperação da praça da República, propriamente dita, vai manter os “elementos históricos” originais, devidamente restaurados e recuperar características arquitetônicas perdidas. “Na praça, os elementos históricos, todos vão permanecer. Serão restaurados e limpos. O trenzinho de transportar minério de ferro será recuperado; um parquinho será instalado para as crianças, estamos fazendo a reconstrução da mureta, da balaustrada e do calçamento. Muitas intervenções internas estão sendo realizadas, como recuperações de parte de pisos, de elementos históricos, paisagismo, e recebimento de iluminação adequada. Os postes antigos permanecem e vamos fazer o restauro deles”, ressaltou ao informar que o prazo previsto para entrega de todo esse complexo é junho deste ano.

A presidente da Fundação do Patrimônio Histórico acompanhou o processo de demolição da estrutura do antigo terminal de ônibus na manhã de terça-feira. Em sua avaliação, a população entendeu a necessidade e a importância dessa intervenção. “O corumbaense, quando se fala de resgate da história, o coração fala mais alto. Aquela construção não faz parte nem da história, nem da praça, nem do centro histórico. Não faz parte da história que a gente quer resgatar para Corumbá, os benefícios são muito grandes. A Prefeitura teve a preocupação de continuar atendendo a população através de outro terminal , mais moderno, menorzinho, que não vai atrapalhar, não vai entrar em atrito com os elementos históricos que temos ali. A população não vai ter perdas nesse sentido. De uma forma geral, vai trazer beleza para o nosso Centro. O corumbaense por ter esse amor à história, acredito que verá um resultado positivo”, finalizou. 

Comentários:

Diego da Silva: Em relação aos feirantes que trabalhavam no antigo terminal eles vão poder trabalhar tranquilos quando a reforma acabar.

Nithyan Livia: Eu, como historiadora, discordo plenamente da colocação da primeira-dama (arquiteta), em primeiro lugar por que se o prédio foi construído na década de 70, assim me pergunto: como não fez/ faz parte da história dos corumbaenses? Não foi um meio utilitário durante esses anos todos? Outrossim, a bem dita verdade é que o terminal de ônibus não fez parte da HISTÓRIA dita OFICIAL, aquela história que todos insistem em inculcar e difundir, do grande e espetacular episódio conhecido como RETOMADA DE CORUMBÁ. Em segundo por que, continuo a me questionar: E a história das margens? E quem do terminal se serviu e se utilizou como ponto de referência, de encontro? Ou o terminal estava ali sem nenhuma utilidade??? Portanto, afirmo aqui com convicção de uma corumbaense nata que o terminal contribuiu sim com a história de Corumbá!!! Não com aquela história que "todos" queremos ouvir "Vencedores da Guerra", mas com aquela que procurou evidenciar a camada da população da qual Corumbá era composta naquele momento. Assim, expresso minha revolta contra total absurdo e contra os discursos justificatórios para tal empreitada.

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