Maior e mais tradicional bloco de sujos, Cibalena leva alegria para a passarela do samba

A sexta-feira de carnaval em Corumbá, não tem para ninguém, é tradição, é irreverência por conta do maior e mais tradicional bloco de sujos da cidade: o Cibalena, que embalou cerca de 25 mil foliões pelas ruas centrais da cidade até a passarela do samba, na avenida General Rondon.  Os integrantes desfilaram ao som do hino que popularizou o verbo "Cibalenar", cujo significado está em ser "inimigo da maldade, amar as beldades, ser atrevido e garanhão" e acima de tudo, "Cibalena de coração".

Criado em 1978, o bloco nasceu de uma confraternização de amigos em um bar da rua Ladário e, desde lá, veio tomando proporções que fizeram dele o maior bloco de sujos de Corumbá. “A fundação veio de dois cidadãos que estão estampados na minha camiseta,  o Valério e o Manduca. Eles estavam em um bar, aí um falou: ‘estou com dor de cabeça’ e o outro disse: ‘não, vamos pro carnaval’, e da conversa nasceu o Cibalena, inspirado num analgésico para dor de cabeça. Ano a ano, o bloco foi crescendo e hoje arrasta essa multidão. O Cibalena é um bloco de todos, vem gente até dos Estados Unidos para prestigiar”, contou ao Diário Corumbaense o presidente do bloco, Elias Ferreira da Silva.

Em grupo, casal ou sozinhos, os foliões ganharam momentos de glória ao exibirem as fantasias preparadas especialmente para a noite de festa e para o concurso realizado antes da descida do bloco. Concorreram desde personagens de desenhos animados, novelas, super herois, cantores e atores, ou seja, criatividade não faltou, inclusive por se tratar de uma sexta-feira, 13. Wangley Ortiz do Nascimento, de 40 anos, se fantasiou de “Jason” e caiu na brincadeira com amigos vindos de São Paulo.  “Estava sem inspiração e me lembrei que era sexta-feira 13, aproveitei para usar meus acessórios. Eu sempre venho curtir o bloco mais hoje em especial vim com o povo de São Paulo que está aqui comigo, disse.

O concurso, realizado todos os anos, acontece na carroceria de um caminhão e tem até  jurados que avaliam três quesitos: fantasia, simpatia e evolução. Na “passarela”, os concorrentes fazem caras e bocas, e até coreografias para exibir os “modelitos. Neste ano, a grande vencedora foi a Fantasia Idade da Pedra, com 45 pontos; em segundo lugar com 43 pontos ficou a Noiva Cangaceira e em terceiro, Amy House, com 41 pontos.

“Eu confeccionei as fantasias para essa turma querida que todo ano está presente aqui comigo. A ideia, para ser sincera foi de ultima hora, bateu o clique e pensei em fazer da Idade da Pedra. A gente sempre participa, já ficamos em outras posições, mas agora saiu o primeiro lugar”, disse a foliã Vera Lucia.

Outra fantasia que foi destaque e que até participou do concurso foi a “Xana”, personagem da novela Império interpretada pelo ator Ailton Graça. Ela  ficou em 4° lugar, 39,5 pontos. “A ideia foi minha mesmo, gosto de estar por dentro das coisas e então me inspirei na novela, adoro carnaval e sempre venho com meus”, contou Paulo Cesar Pereira, 47 anos.

Houve também aqueles que usaram a criatividade para protestar. Com uma bazuca na mão, Neilton Batista Neves, 26 anos, levou um pouco de sua indignação com os escândalos de corrupção e alta nos preços dos combustíveis.  “Eu saio no Cibalena desde os meus 14 anos e sempre venho com uma fantasia diferente. Desta vez vim para brincar, mas também para fazer esse protesto”, falou Neilton.

Ao longo do percurso até a passarela do samba, novos foliões foram se incorporando e, assim quadra após quadra, o Cibalena foi se transformando na multidão alegre, colorida e irreverente que o público tanto espera passar pela avenida General Rondon. Veja mais fotos no site Vitrine Virtual