PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

Hospedado em hotel, senador Roger Molina conversou com prefeito de Corumbá

Marcelo Fernandes em 27 de Agosto de 2013

Durou aproximadamente oito horas a permanência do senador boliviano Roger Pinto Molina em Corumbá. Depois de 455 dias asilado na embaixada brasileira em La Paz, o parlamentar viajou 1.500 quilômetros entre a capital boliviana e a cidade brasileira de Corumbá, onde chegou por volta das 11h30 do sábado, 24 de agosto.

O senador ficou hospedado no Hotel Santa Mônica. Lá foi atendido por um médico que constatou um quadro clínico com estágio avançado de depressão e taquicardia. No período em que permaneceu hospedado, a intensa movimentação de policiais federais e autoridades chamou a atenção de quem passou em frente ao hotel. Roger Pinto Molina deixou o hotel pelo estacionamento por volta das 21 horas.

Anderson Gallo/Diário Online

Senador boliviano foi registrado como hóspede no hotel

Localizado na rua Antônio Maria, o Hotel Santa Mônica hospedou o ex-presidente Jânio Quadros durante os 120 dias de exílio determinado pelo então presidente, o marechal Artur Costa e Silva. Jânio chegou a Corumbá no dia 30 de julho de 1968 e cumpriu o isolamento no hotel até 28 de novembro daquele ano.

Encontro com o prefeito

Durante sua estadia, Molina se encontrou com o prefeito Paulo Duarte. O chefe do Executivo corumbaense confirmou ao Diário o encontro e disse que a visita foi norteada pelo princípio da "ajuda humanitária". Duarte explicou as circunstâncias que o levaram ao encontro do senador boliviano.

"Estava em casa e fui acionado, no sábado à noite, por autoridades que me pediram para verificar se o senador Roger Molina estava internado no hospital de Corumbá. Buscamos informações e não havia a internação e nem registro de atendimento por qualquer unidade de saúde do Município", contou o prefeito. "Depois, foi verificado que ele estava no Santa Mônica e me foi solicitado que fosse ao local para ver a necessidade de auxílio médico. O que fiz foi uma ajuda humanitária, fui com um médico amigo meu para examiná-lo. O que vi foi uma pessoa numa situação delicada psicologicamente e abatida. Em nenhum momento desrespeitei o governo boliviano, atendemos um ser humano com todo o respeito", argumentou.

G1

Senador Roger Molina ficou asilado na embaixada brasileira mais de 450 dias até ser trazido para o Brasil por diplomata

Duarte disse que na conversa, o parlamentar boliviano lhe contou do período que permaneceu recluso na embaixada brasileira em La Paz; da saudade da família e das várias vezes que pensou em suicídio. "Encarei como uma ajuda humanitária", reforçou o prefeito.

Viagem até Corumbá

A viagem durou 22 horas e foi feita em um carro da Embaixada do Brasil. No trajeto até Corumbá, informa o jornal O Globo, o senador foi escoltado por dois fuzileiros navais brasileiros e acompanhado por um diplomata brasileiro. Em Mato Grosso do Sul, o senador boliviano foi recebido por agentes da Polícia Federal e embarcou para Brasília em um avião de um empresário do Espírito Santo.

Ainda de acordo com O Globo, Molina, de 52 anos, é líder da oposição no Congresso boliviano. Ele foi condenado a um ano de prisão na Bolívia, por suposto envolvimento em corrupção. Em 2012, dez dias depois de se abrigar na Embaixada brasileira em La Paz, o governo brasileiro concedeu asilo ao senador, que se diz vítima de perseguição política do governo boliviano.

Queda de ministro

No início da noite de ontem, o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, estava deixando o cargo. Ele caiu após o diplomata brasileiro Eduardo Saboia patrocinar a fuga do senador boliviano Roger Pinto Molina de seu país. Assume a pasta o embaixador Luiz Alberto Figueiredo Machado, representante do Brasil na ONU (Nações Unidas). A Folha Online publicou que, segundo assessores presidenciais, Dilma ficou irritada ao ser pega de surpresa com a atuação de funcionários da Embaixada do Brasil na Bolívia no embarque do senador. A versão do Planalto e do Itamaraty é de que o governo não autorizou e nem sequer sabia da operação para retirar Molina do país vizinho.

PUBLICIDADE