Agência de Notícias do Governo de MS em 10 de Abril de 2025
Ewerton Pereira/Secom
Atividade no Parque Estadual do Pantanal do Rio Negro fortalece a prevenção contra os incêndios florestais
A unidade de conservação, que tem 78,3 mil hectares e fica nos municípios de Aquidauana e Corumbá, é a primeira - localizada na região pantaneira - que recebe o emprego de técnicas do MIF (Manejo Integrado do Fogo), em antecipação aos incêndios florestais previstos para este ano.
A atividade reduz a quantidade de biomassa para minimizar os riscos causados pelo fogo - inclusive de propagação. "Se um incêndio tenha início no parque, por algum motivo, e entre em propriedades particulares do entorno, e o oposto também, a proposta do Manejo Integrado do Fogo, nesta ação de queima prescrita, é formar mosaicos nos quais, caso o incêndio entre, a intensidade dele é diminuída, facilitando o combate e o controle dessas chamas", explicou o subdiretor da DPA (Diretoria de Proteção Ambiental) do Corpo de Bombeiros, major Eduardo Teixeira.
O esforço para preservar a área de proteção ambiental teve início no domingo (06) e segue até a próxima semana, com 42 pessoas envolvidas, entre bombeiros e servidores do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), além de representantes do Ibama/Prevfogo, Ongs (Organizações não governamentais) e UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul).
Manejo integrado
A queima prescrita é uma técnica planejada e controlada que reduz a vegetação seca e cria barreiras naturais, impedindo a propagação descontrolada do fogo durante o período de seca. A prática contribui para a proteção do ecossistema pantaneiro, reduzindo o impacto de incêndios de grandes proporções e preservando a fauna e a flora da região.
"A ação, articulada pelo Imasul, responsável pela conservação, manutenção e manejo do parque estadual, é executada pelo Corpo de Bombeiros. E foi orientada pela academia, pela UFMS através do Nefau (Núcleo de Estudos do Fogo em Áreas Úmidas). É a primeira ação de queima prescrita em um parque estadual no Pantanal de Mato Grosso do Sul e a intenção é medir os resultados obtidos com essa queima, para então replicar a estratégia que for mais adequada, em outras unidades de conservação. Buscamos com isso mitigar efeitos de possíveis incêndios e reduzir prejuízos, tanto na fauna, flora, como em propriedades próximas", explicou o major Teixeira.
Ewerton Pereira/Secom
Bombeiros e servidores de outros órgãos participam da ação preventiva
Toda a operação no Parque Estadual do Pantanal do Rio Negro é realizada de forma gradual e monitorada, para garantir a segurança de todos e também que os animais possam sair para áreas seguras.
"A queima prescrita é uma estratégia fundamental no manejo do fogo e na preservação do Pantanal. Ao realizarmos essa ação de forma controlada e com base em critérios técnicos, conseguimos minimizar os impactos ambientais e reduzir significativamente o risco de incêndios florestais de grandes proporções. O trabalho conjunto entre diversas instituições demonstra nosso compromisso com a conservação desse bioma único", disse o diretor-presidente do Imasul, André Borges.
Márcio Ferreira Yule, coordenador estadual do PrevFogo/IBAMA, reforçou. "Mato Grosso do Sul foi o primeiro estado a instituir uma política de Manejo Integrado do Fogo. A queima prescrita, realizada em áreas selecionadas, é parte desse processo. Nosso objetivo é reduzir os incêndios florestais, que têm se intensificado com as mudanças climáticas. A integração de conhecimentos técnicos e tradicionais, como o dos pantaneiros, é essencial para garantir um ambiente mais protegido e sustentável".
Proteção ambiental
Antes da queima prescrita, entre os dias 03 e 05 de abril, foi realizada uma ação coordenada pelo Instituto Terra Brasilis, com financiamento do Ministério do Meio Ambiente, do Fundo Global para o Meio Ambiente e do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). A iniciativa incluiu treinamento de peões, gerentes e proprietários de fazendas da região, com o compartilhamento de boas práticas de manejo do fogo.
"Está sendo feita com base em estudos de especialistas, com apoio de universidades, escolas e instituições que vêm se dedicando profundamente ao tema. Acredito que será de grande valor para toda a região. O objetivo é justamente prevenir os incêndios de grande proporção que, infelizmente, acontecem todos os anos", disse Fernando Zanata, proprietário de uma fazenda próxima ao parque.
"A colaboração com os produtores rurais é fundamental, pois são eles que vivenciam de perto essa realidade dos incêndios todos os anos. Com o apoio do Imasul e o planejamento do Corpo de Bombeiros, nossa missão aqui é preventiva. Queremos evitar que incêndios de alta intensidade atinjam essa região", disse o capitão do CBMMS, Samuel Pedroso.
Na ação de queima prescrita é eliminado o material combustível acumulado ao longo dos anos, dentro da área do Parque Estadual do Rio Negro, onde o último registro de incêndio foi em 2021.
"É uma oportunidade de mostrar que o fogo, como ferramenta de manejo, pode trazer benefícios significativos também para os produtores rurais. Quando bem orientado, o uso do fogo pode resultar em melhorias econômicas para a atividade pecuária. Com todas essas ações integradas, conseguimos reunir dados e parâmetros que comprovam que o fogo pode ser utilizado de forma estratégica tanto para a conservação da biodiversidade quanto para a produção sustentável", disse Alexandre de Matos e Martins Pereira, analista ambiental do Prevfogo.
Ewerton Pereira/Secom
Estação meteorológica portátil mede a velocidade do vento, a umidade do ar e a temperatura
Com uso de tecnologia, a técnica de queima prescrita é aprimorada e cada vez mais eficiente na prevenção de grandes incêndios florestais. "Utilizamos uma estação meteorológica portátil para medir a velocidade do vento, a umidade do ar e a temperatura. Esses dados são fundamentais para garantir o uso seguro do fogo, com o menor impacto possível à fauna e à flora", disse o tenente Alexandre Araújo, engenheiro ambiental da DPA.
Além dos sensores portáteis, os bombeiros usam aplicativos de navegação para traçar rotas e orientar as equipes em campo. Também fazem uso de drones, que oferecem uma visão aérea estratégica das áreas de atuação. "A partir do alto, conseguimos planejar melhor as ações e aumentar a eficiência no controle do fogo", destacou o tenente.
Os veículos usados nas ações no Pantanal são especialmente adaptados para atuação na área, entre eles está o caminhão 'auto bomba', projetado para atuar em terrenos acidentados. "Esse caminhão possui estrutura reforçada, sistema de molas elevado e chassi adaptado, o que garante desempenho seguro em áreas como pastagens, estradas vicinais, terrenos lamacentos e arenosos", explicou o sargento Elcio Matheus Barbosa.
Com capacidade para armazenar aproximadamente 7 mil litros de água, o veículo abastece outras viaturas e combate diretamente as chamas. Um dos diferenciais é a possibilidade de dispersão de água enquanto o caminhão se move lentamente. Outro recurso Lança um jato em forma de leque com raio de aproximadamente 5 metros, criando uma linha de combate segura. "A viatura avança em baixa velocidade enquanto os militares combatem o fogo simultaneamente, o que nos dá mais agilidade e eficiência", disse o sargento Matheus.
Todas a operação foi planejada com rigor técnico e ambiental, garantindo a segurança da biodiversidade local. O trabalho conjunto entre órgãos ambientais, instituições de pesquisa e entidades da sociedade civil reflete o compromisso contínuo com a preservação do Pantanal e o desenvolvimento de estratégias eficazes para o controle de incêndios florestais na região.
A atividade ocorre de forma antecipada a TIF 2025, em conjunto com outras ações, cursos e treinamentos que já ocorrem desde o início do ano, com foco no trabalho preventivo e de planejamento para atuação dos bombeiros nos incêndios florestais do bioma.
A iniciativa contou com o apoio da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), Pedl (Programa de Pesquisas Ecológicas de Longa Duração), Mupan (Mulheres em Ação no Pantanal), ITB (Instituto Terra Brasilis), Wetlands Internacional Brasil, a Fibracon (Consultoria e Projetos Ambientais), a Cepdec (Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa Civil) e PMA (Polícia Militar Ambiental).
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