Leonardo Cabral em 22 de Novembro de 2022
Diário Corumbaense
Fechamento da fronteira, do lado boliviano, começou no dia 22 de outubro
A greve geral começou no departamento de Santa Cruz de la Sierra, ganhando força em outras regiões da Bolívia. Os manifestantes querem a realização do Censo Demográfico em 2023, porém, o presidente Luis Arce (MAS), promulgou decreto oficializando o Censo em 2024.
No começo das manifestações, conflitos aconteceram entre bolivianos a favor e contra a greve. Na área de fronteira com Corumbá, na noite do dia 21 de outubro, enfrentamento terminou com a morte do servidor público da Prefeitura de Puerto Quijarro, Julio Pablo Taborga. Três pessoas foram presas acusadas de envolvimento na morte.
Desde então, os comitês cívicos fecharam a fronteira, com pontos de bloqueios na linha internacional e em frente da sede do Controle Fronteiriço. Os bloqueios também ocorrem ao longo da estrada Bioceânica, que liga o Brasil e a Bolívia.
Medidas mais radicais
Antonio Chávez Mercado afirmou ao Diário Corumbaense, que uma reunião na noite de segunda-feira (21), entre o setor de Transporte e Comitês Cívicos, decidiu por medidas mais radicais para reforçar o protesto.
“O fechamento de instituições públicas, como agências bancárias, aduana, bem como os mercados. Enquanto a Assembleia Legislativa não aprovar a lei do Censo e não ocorra a libertação das pessoas presas injustamente durante os dias de greve, seguiremos com as medidas”, falou Mercado.
Na cidade de Santa Cruz, distante 650 km da fronteira com Corumbá, a população poderá ir aos supermercados para o abastecimento. Conforme a Unitel TV, nesta terça-feira os centros de abastecimento funcionam das 06h às 11h. Os líderes do movimento reforçaram que as pessoas saiam de casa de bicicleta ou a pé.
Diário Corumbaense Do lado de Corumbá, fronteira também está fechada
De acordo com lideranças do Paro Cívico, como é chamado, o Censo Demográfico precisa ser realizado o quanto antes, pois o Estado de Santa Cruz de La Sierra e outros departamentos são os mais prejudicados, já que o último foi realizado em 2012 e de lá pra cá, muita coisa mudou.
Santa Cruz, conforme o ultimo Censo, tinha 2 milhões de habitantes, desde então, essa população cresceu, ainda mais com a migração de pessoas de outras cidades e departamentos da Bolívia, que optaram por viver lá. Como consequência, afeta diretamente no repasse de verba pública para investimentos, políticas sociais, que deveriam ser de acordo com o número de pessoas que vivem nos estados. Também afeta a representatividade política do departamento no Congresso boliviano.
Lado de Corumbá
Desde o dia 17 de novembro, caminhoneiros brasileiros iniciaram uma mobilização com fechamento da fronteira do lado de Corumbá. O protesto segue os mesmos moldes, não é permitido carros e nem caminhões cruzarem para a Bolívia.
Até mesmo a entrada que dá acesso aos assentamentos está fechada, sendo permitida apenas a liberação do tráfego para moradores dos assentamentos. Buracos também foram abertos em estradas conhecidas como cabriteiras, por onde muitos veículos passavam para driblar o fechamento na linha internacional.
É que por alguns dias, em determinados horários, os manifestantes bolivianos abriram a passagem para carros de passeio e de parte dos caminhões com cargas de exportação. Os caminhoneiros que não conseguiram passar passaram a cobrar dos comitês cívicos uma posição definitiva: "Ou abre ou fecha de uma vez", decidiram.
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