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Corumbaenses definem como "assustador", momento vivenciado na Itália e Espanha

Leonardo Cabral em 17 de Março de 2020

Foto enviada por Sônia ao Diário Corumbaense

Sônia que mora em Florença, Itália, na fila do mercado usando máscaras e luvas

“É uma situação que não é brincadeira”. É assim que a corumbaense Sônia Maria Justiniano, que mora na Itália há 10 anos, define o momento de enfrentamento ao coronavírus. O país europeu é o segundo com mais casos no mundo, com cerca de 17.660 pessoas infectadas pela doença. A Espanha aparece logo atrás.

Morando na cidade de Florença, capital da região Toscana, a corumbaense, que viveu no bairro Popular Nova, parte alta de Corumbá, disse que tudo está paralisado. Apenas farmácias, mercados e bancos, além dos hospitais, estão funcionando.

“A situação é assustadora. As ruas estão vazias, as escolas e estabelecimentos comerciais estão de portas fechadas. A Polícia está na rua controlando. Para sair de casa e nos deslocarmos para outra região é necessário preenchermos um termo, tipo ficha, justificando a saída de casa. Realmente ando com muito medo, pois ao sair, não sei quem está ou não com a doença”, contou ao Diário Corumbaense.

Ela ainda revelou que trabalha cuidando de uma criança na casa de um médico, que também está atuando no hospital com pacientes diagnosticados com a doença. “Quando saio de casa, além de justificar a minha saída, procuro sempre estar protegida com máscara, luvas e álcool gel. É recomendado que estejamos bem protegidos. Ao subir no ônibus, meu coração acelera, apesar de quase ninguém estar usando o coletivo”, disse ao contar que o médico para o qual trabalha, repassa orientações de prevenção contra a doença.

Foto enviada por Sônia ao Diário Corumbaense

Na Itália, as pessoas só saem de casa com máscaras e devem assinar termo informando para onde vão

“Antes podíamos sair para visitar os jardins, museus, praças, andar tranquilamente pelas ruas, mas agora não. Só saímos para o essencial, como ir ao trabalho e ao mercado e bancos, mesmo assim respeitando as medidas, como distância de um metro de uma pessoa para outra em filas e só podendo entrar de sete em sete consumidores nos mercados”, relatou Sônia lembrando ainda que alguns itens já estão em falta. “Nos mercados, alguns mantimentos estão em falta devido às pessoas estarem estocando. Também nas farmácias, produtos de proteção ao vírus faltam nas prateleiras. Parece que estamos vivendo um pesadelo”, completou a corumbaense.

Sônia disse que nunca havia passado por situação parecida nesses dez anos na Itália. “Só me lembro que um dos momentos fortes que vivi aqui foi o terremoto, mas a gente tinha a opção de sair e correr para nos abrigar. Agora com essa doença, nem de casa podemos sair”, revelou.

Foto enviada por Sônia Ao Diário Corumbaense

Firenze Santa Maria Novella, estação ferroviária que é sempre movimentada, hoje está vazia

Mesmo com todo o momento vivido, Sônia destacou a união dos vizinhos. “Todos eles têm saído na sacada, pois moro em apartamento, e passaram a se cumprimentar através de gestos, mostrando que estamos unidos. Pra mim a mensagem foi de: Força Itália”, afirmou.

O governo impôs restrições drásticas em todo o país, fechando bares, restaurantes e a maioria das lojas e proibindo viagens não essenciais, em um esforço para deter o pior surto da doença fora da China. As medidas até agora não apontam sinais de desaceleração no número de mortes, que subiram 25% em um dia, na semana passada.

“Que Deus possa abençoar a Itália e os italianos. Seguimos aqui firmes orando para que esse mal possa passar logo. Sabemos que o Pai nunca nos abandona. Temos esperança que vamos vencer essa fase ruim”, desejou Sônia.

Espanha também segue lutando contra a doença

A Espanha, segundo país mais afetado da Europa, também tomou medidas preventivas devido a proliferação rápida do coronavírus e de mortes.

Foto enviada por Tom ao Diário Corumbaense

Na foto, Tom usando máscaras e todos os dias ao chegar no trabalho, em Barcelona, passa por triagem

Corumbaenses que vivem no país catalão relataram a situação nesses últimos dias. Conforme eles, o momento é de prevenção ao máximo e as medidas são seguidas ao pé da letra, pois caso contrário, assim, como na Itália, estão sujeitos a multas.

Trabalhando como entregador de um armazém, Wallyston Rodrigues de Paulo, conhecido como “Toom Rodrigues” e que vive há cinco anos em Barcelona, disse que a sensação é assustadora.

Foto enviada por Tom ao Diário Corumbaense

Polícia aborda as pessoas em Barcelona para saber onde vão; passear não é permitido

“No meu trabalho não paramos, pois como fazemos entrega, seguimos. Porém, todos os dias, chegamos e a nossa temperatura é medida para ver se apresentamos febre ou algum dos sintomas. Nas ruas, as pessoas só saem para fazer o necessário, a polícia está controlando e se você for ao mercado, farmácia, hospital, e os policiais pararem você na rua, tem que comprovar que foi em um desses locais, pois sair para passear, visitar amigos, está proibido, caso contrário ao desobedecer essa ordem, somos multados. Durante as entregas que faço, a recomendação é não entrar mais nas casas dos clientes, deixando os produtos apenas na porta”, falou Wallyston a este Diário.

Da mesma maneira, a corumbaense Tati Mercado, que mora em Barcelona com a família, diz seguir todas as recomendações.

Enviada por Tati ao Diário Corumbaense

Na rua de Tati, em Barcelona, não há movimento praticamente

“Moramos em Barcelona há 10 anos. As medidas que o governou tomou foi de isolamento total. Se recomenda que ninguém saia de suas casas, apenas em caso de emergência: comprar algum remédio, ir ao supermercado, ir ao trabalho, etc. Caso contrário, a multa é entre 600 a 2000 euros”, disse Tati.

Ainda conforme ela, a prevenção é fundamental diante do cenário vivido. “As medidas que estamos tomando aqui em casa é a da higiene, sempre que saímos ou entramos em casa passamos álcool gel. Caso precisemos sair, sempre colocamos máscaras e o álcool gel na bolsa, dependendo do caso, colocamos luvas também”, mencionou a corumbaense que se diz surpresa com tudo o que tem visto. “Nesses 10 anos, nunca tinha visto situação como esta. A verdade é que assusta, mas se levamos a sério essas medidas, em breve nos recuperamos desta pandemia”, completou.

No momento da entrevista, Tati Mercado fez uma gravação para o Diário Corumbaense, de uma pequena manifestação. O vídeo, gravado da sacada do apartamento onde vive, mostra moradores de outros prédios saindo, cada um em sua sacada, sob aplausos.

Conforme ela, o momento representa gratidão. “Todos os dias parte dos moradores sai na sacada dos prédios e faz uma salva de palmas. Os aplausos são para os médicos e demais profissionais que estão atendendo os pacientes internados devido o contágio da doença. É disso que precisamos, das pessoas unidas contra esse mal”, finalizou.  

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