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Projeto que prepara jovens para o futuro é mantido com ajuda de voluntários e parceiros

Ricardo Albertoni em 04 de Junho de 2018

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Entre as atividades, os patrulheiros recebem instruções através de militares cedidos pelas Forças Armadas

Mais de 80 crianças e adolescentes são atendidos pela Escola de Cidadania Patrulheiros Mirins, criada pela Ong Instituto Novo Olhar, em Corumbá. A ideia do projeto nasceu da constatação do cabo da Polícia Militar, Edinaldo Souza Neves, 41, de que prevenir crimes, oferecendo educação às crianças e adolescentes, dá mais resultado que punir.

“Quando eu estou em viatura me deparo com jovens e crianças cometendo ato infracional. Sabemos que uma munição é muito mais cara que um lápis, então, é mais fácil, eficiente e barato educar que punir. Resolvi dar uma alternativa para essas crianças e aluguei esse espaço físico com a proposta de oferecer disciplina militar para eles e um reforço escolar, não imediatista de apenas passar na escola, mas sim, estudar para que se saiam bem em provas que farão futuramente para iniciar em alguma carreira”, explicou Edinaldo ao relatar que a metodologia aplicada durante as aulas é direcionada para concursos públicos.

Durante o período vespertino, os patrulheiros mirins recebem aulas de reforço como:  matemática, português, história, física, química, além de cursos de qualificação em informática, montagem e manutenção de microcomputadores, gastronomia, libras, violão, desenho arquitetônico, eletricidade, entre outros. Atividades esportivas também são oferecidas em parceria com voluntários e academias da região.

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

A ideia de criar o projeto foi do presidente do Instituto Novo Olhar, o cabo PM Edinaldo Souza Neves

O projeto, que nasceu em 2017, é mantido graças a parcerias da iniciativa privada e ajuda dos próprios pais que participam ativamente da instituição. Ao Diário Corumbaense, a dona de casa Isis Letícia Tonelli Batista reforçou a confiança no trabalho e relatou a evolução da filha, Glauriane Tonelli, de 12 anos.

“Desde que entrou aqui, minha filha, melhorou bastante. Eu fico muito feliz, muito orgulhosa de ela ter essa oportunidade que eu não tive, por isso, faço parte de um projeto de pais e voluntários que auxiliam na direção da escola”, explicou.

Todas as atividades na instituição são realizadas com base na disciplina militar. Com fardamento, eles participam das atividades e atendem rigorosamente a comandos como uma verdadeira tropa. Segundo Edinaldo, assim como as forças militares, na instituição também existem as graduações, tudo de acordo com o desempenho escolar.

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Brenda, a tenente Salinas, destacou o respeito dentro da instituição

“A criança/adolescente chega aluno e tem uma série de fases, passando por soldado, sargento, e podendo chegar até capitão. Um dos requisitos para ser graduado é ter notas 9. Mas, para estimular a liderança, a comunicação, independente da graduação, todos os dias temos um 'xerife' (comandante da tropa). Eles apresentam a turma e a colocam em forma”, explicou Edinaldo.

A obediência e respeito à hierarquia são constatados quando os alunos são comandados pela tenente Salinas, de 13 anos. Segundo a adolescente, Brenda Salinas Neves dos Santos, que mostra ter voz de comando na apresentação da tropa para a equipe de reportagem, alguns até reclamavam no começo, porém, hoje, o respeito ao comandante do dia prevalece.

“Antes eu não comandava direito, tinha vergonha, mas aqui ensina ter liderança e eu aprendi a comandar. O pessoal obedece, no início reclamava, mas depois se acostuma, aprende a respeitar a hierarquia”, afirmou Brenda.

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Luís Henrique, 18 anos, o capitão Cruz, apontou que a escola de patrulheiros contribuiu para sua evolução

Mais graduado da instituição, o capitão Luís Henrique Oliveira da Cruz, 18 anos, que em breve deve integrar o quadro de marujos da Marinha do Brasil, destacou o quanto o que aprendeu na escola de patrulheiros pode lhe ajudar na instituição militar.

“Cheguei aqui com 16 anos, um pouco indisciplinado e aqui dentro consegui recuperar a disciplina, o civismo e o patriotismo. Hoje estou mais graduado e oriento os mais jovens, auxiliando o xerife e os instrutores na instituição. Graças ao trabalho desenvolvido aqui, estou ingressando na Marinha do Brasil e também estou terminando o ensino médio. Aqui recebi vários ensinamentos que vão me ajudar certamente dentro da Marinha”, destacou o jovem.

Voluntário dá curso de gastronomia

Entre os muitos cursos oferecidos na instituição, os jovens recebem ensinamentos de gastronomia. A atividade é realizada graças ao voluntário Emerson Aguirre Gandarilla, 30 anos, que se ofereceu a ajudar depois de conhecer o trabalho pela internet. O projeto que hoje é desenvolvido com a participação de 13 alunos tem o objetivo de no futuro poder montar um restaurante comunitário em Corumbá.

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

O voluntário Emerson Aguirre Gandarilla, oferece aos jovens ensinamentos de gastronomia

“Sou formado em Gastronomia pela Anhembi Morumbi e já atuo na área há 11 anos. Voltei para Corumbá em 2014, trabalhando no Fegasa (Festival Gastronômico) com a Fundação de Turismo e represento a cidade em alguns eventos. Vi o projeto do Edinaldo no Facebook e como era uma vontade minha conversamos e decidimos que estava na hora de levar em frente. Estamos finalizando a parte teórica e o projeto que temos com o Instituto Novo Olhar é abrir nossa cozinha para que futuramente possamos abrir um restaurante comunitário”, contou.

Os alunos recebem três aulas por semana  com uma grade de Nutrição, Marketing, Gerenciamento de Alimentos e Bebidas, tudo na teoria, antes da prática. Agora, os participantes devem receber essas aulas em um hotel da cidade que cedeu a cozinha, mas, faltam patrocinadores para o material individual. Como tudo na instituição é pensado a longo prazo, o curso de gastronomia também projeta formar profissionais na área. De acordo com Gandarilla, o plano é inserir gradativamente os aprendizes para que adquiram experiência.

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Materiais e equipamentos foram doados por colaboradores

“Nosso objetivo é que esses alunos saiam preparados, estagiando em restaurantes, trabalhando em eventos, e até mesmo, os de maior idade, aptos para abrirem seu próprio negócio”, explicou Gandarilla.

Como ser um colaborador

A entidade conta hoje com 23 voluntários e oferece atividades de segunda a sexta com lanche diário e sábado com almoço. As principais fontes de renda, além da colaboração voluntária de alguns pais são a venda de roupas através de brechós e pastéis, realizados na frente da instituição.

Muitos fardamentos e calçados são adquiridos por meio de apoiadores, assim como materiais e equipamentos, como os computadores utilizados nos cursos de informática e manutenção de micro.

Para contribuir com a instituição que atende hoje 85 crianças, os interessados podem comparecer das 13h15 às 17h30 na rua Joaquim Murtinho número 575, entre Antônio João e Tiradentes. O telefone para contato é o (67) 3231-9818.

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