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Grupo Skema Rio entra em nova fase e lança CD na cidade pantaneira que abraçou os músicos

Lívia Gaertner em 28 de Abril de 2018

Fotos: Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Grupo voltou a Corumbá, cidade que abraçou os músicos, para lançar mais recente trabalho

Num dos mais seletos berços do que há de melhor do samba no país, em pleno Cacique de Ramos, surgiu na década de 1990 o Grupo Skema. Desde o início, o jeito descontraído de se fazer o ritmo pelo qual o Brasil é conhecido no mundo inteiro rendeu-lhes público que buscava desde as composições de raiz até aquelas que foram sucessos em outros estilos musicais, mas que ganharam versões em samba com o trabalho do grupo.

“Por ser num lugar tradicional se apresentava ali com a gente Beth Carvalho, Fundo de Quintal, Grupo Molejo, Jorge Aragão, Zeca Pagodinho e, com essa oportunidade ainda criança, tocando com eles, muitas portas se abriram para a gente tocar em várias casas de show no Rio de Janeiro até quando chegou a vontade de expandir para outros lugares: fomos para Minas, para São Paulo e, tive um amigo que veio aqui para Corumbá e me convidou. Vim por fora do grupo, gostei e chamei o restante para vir, botei uma pilha nos caras, fomos ousados na época, vendemos um carro e viemos para cá, em 2006”, contou Marquinhos Nascimento ao Diário Corumbaense sobre as origens do grupo.

A presença do Skema em Corumbá marcou os eventos de samba na cidade que logo aglutinaram ao nome o local de origem, assim, na cidade pantaneira, os músicos ficaram conhecidos como Skema Rio. Como a receptividade e o gosto do corumbaense por um bom samba não é de se negar, o grupo permaneceu por um tempo e formou laços na região.

“O pessoal abraçou rápido a gente, a imprensa, as casas de show abriram as portas, nos sentimos em casa, tanto é que casamos e tivemos filhos com pessoas daqui, fizemos muitas amizades, mas tivemos que voltar para o Rio para organizar as coisas”, lembrou Marquinhos que comanda o cavaco, instrumento essencial no samba.

Nova fase

O retorno ao Rio de Janeiro rendeu ao grupo um novo trabalho com um dos mais respeitados produtores do estilo, Wilson Prateado, responsável pelo lançamento de nomes como o cantor Bello e o grupo Exaltasamba. Com mais de 200 canções para compor apenas um CD com cinco gravações, o som do grupo agradou tanto que o repertório registrado subiu para onze. E é com o resultado desse trabalho que o grupo entra numa nova fase e decidiu voltar a Corumbá.

“Pensamos: por que não retribuir a cidade que nos abraçou? Por que não presentear os amigos da cidade que sempre nos prestigiaram? Viemos por nossa conta e a cidade novamente nos abraçou. Temos espalhado nosso CD com músicas de compositores de grupos com grande renome e estamos entrando nesse nível. Tem uma regravação de Milton Nascimento e ela tem nos aberto a porta”, avaliou Marquinhos.

A música a que ele se refere é “Travessia”, um clássico da MPB que deixa revelar uma das grandes referências do grupo e que também acaba ampliando o público em suas apresentações.

“A gente canta muito MPB, muito samba, é uma tradição nossa. A gente gosta de Milton Nascimento, Gonzaguinha, Djavan e juntando isso com pegada de Fundo de Quintal, Exaltasamba”, disse Marquinhos ao citar algumas referências que não param por aí e vão agregando também novos estilos.

“A primeira cobrança quando chegamos aqui foi incluir algumas músicas locais e, na época já incluímos João Bosco e Vinícius e grupo Tradição. O povo pedia demais Boate Azul, que não tinha nada a ver com samba, mas a gente fazia, colocava tudo no Skema”, frisou Marquinhos.

O novo CD do Grupo Skema traz ainda uma canção autoral assinada pelo trio Henrique Skema, Marquinhos Nascimento e Felipe Catatau. “Tem coisas que não dá pra entender” tem uma letra romântica, mas sem perder a pegada dançante, que é marca do grupo.

Alegria e descontração das rodas de samba são marca do Grupo que tem forte ligação com o povo corumbaense

Roda de samba

As tradicionais rodas de samba lá de Cacique de Ramos onde o grupo nasceu é a forma que o Skema mais gosta de estar entre seu público. Evidentemente, o palco é um local de excelência de qualquer artista e com o grupo não é diferente, porém aquele lugar onde o samba segue solto e a interação promove encontros únicos é na roda da samba.

“O show no palco dura até 2 horas, mas a gente faz a roda de samba porque tocamos de tudo: MPB, chorinho, aquelas canções do lado B de Cartola, de Jovelina. Quem vê o grupo Skema no palco, vai nos ver dez mil vezes melhor na roda de samba”, avaliou Henrique Skema a este Diário.

“Quando nos contratavam aqui, a gente mudava toda a estrutura do som e eventos. Começamos com esse pagode no meio ali e tinha gente que falava que não ia dar certo e isso manteve o contato com os músicos daqui até hoje com o qual também aprendemos. A gente não vem competir em nada com os artistas daqui, a gente vem compartilhar, somar porque os músicos, o artista de uma forma geral tem uma trajetória sofrida, de batalhas”, comentou Marquinhos Nascimento que continua ao falar sobre a identificação com Corumbá.

“Nossa intenção é não se fixar apenas aqui, viemos dar esse pontapé inicial e lançar o CD na região: Corumbá, Campo Grande, Miranda, Cuiabá. Na verdade, queremos representar a cidade de Corumbá porque ela nos abraçou e sentimos muito que devemos algo a Corumbá, é nossa casa, sempre nos acolheu e queremos dividir. Somos os cariocas que vivem em Corumbá”, finalizou.

Grupo tem vários eventos marcados

A agenda do Skema Rio já tem vários eventos em Corumbá e região. No dia 05 de maio, eles se apresentarão numa das rodas de samba promovidas no Porto Geral; no dia seguinte, 06, já são presença confirmada em uma feijoada no restaurante Viva Bella. Além disso, o grupo gravou a apresentação realizada nesta última quinta-feira, 26 de abril, na lanchonete Puro Sabor.

“É aquele repertório com 4 a 5 horas de duração com música para fazer aquela viagem, um churrasco, romance, enfim, para se ouvir a qualquer momento”, resumiu Henrique Skema sobre o ecletismo do grupo cuja formação atual é: Marquinhos Nascimento (cavaco e vocal), Nino Swing (tantã), Henrique Skema (pandeiro e vocal), Felipe Catatau (percussão) e Fabiano Marinho (violão e vocal).

Confira vídeo do Skema Rio especialmente para os leitores do Diário Corumbaense:

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