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Sem armários, biblioteca de escola municipal promove acesso e faz sucesso até na hora do recreio

Lívia Gaertner em 18 de Abril de 2018

Em todas as escolas, a hora do recreio, com certeza, é uma das mais aguardadas pelos alunos dentro da rotina escolar e os principais motivos são: pausa para brincar, conversar com os amigos e lanchar, porém, numa escola municipal de Corumbá, cujo prédio tem uma arquitetura histórica, um cantinho todo especial surgido há cerca de um mês vem chamando a atenção dos estudantes durante o intervalo entre as aulas regulares.

A recém-inaugurada “Biblioteca Lúcia Margareth de Mattos Martinez” reativou o pleno acesso dos alunos a um ambiente onde a leitura e suas possibilidades infindas são o destaque. No local, nada de armário para guardar os livros, eles precisam é estar ali bem ao alcance das mãos de alunos e professores que têm um acervo bastante diversificado com exemplares para várias faixas etárias que a escola atende, da pré-escola ao Ensino Fundamental.

“A biblioteca já existia, porém de forma tímida, sem ‘aquele’ acesso facilitado, então pensamos numa forma mais lúdica esse ano, uma forma que o aluno sinta-se valorizado, sinta-se aconchegado naquele espaço físico onde ela possa fazer a leitura do livro ou levá-lo para sua casa para compartilhar com a família a leitura”, explicou Maria Clarice Servion, diretora pedagógica da escola municipal Cyríaco Félix de Toledo.

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Alunos têm acesso facilitado a acervo diversificado

A biblioteca foi incrementada com doações e o espaço planejado para ter muitas ações paralelas, uma delas, é a que leva os livros até outros espaços da escola. A Biblioteca itinerante nada mais é do que encher um carrinho daqueles que usamos em supermercado e levar títulos específicos ou gerais para uma sala de aula, hall de entrada ou pátio da escola.

Para ampliar a experiência da leitura além dos muros da unidade escolar, a biblioteca permite o empréstimo de exemplares, mas eles têm um jeito todo especial de saírem do espaço. Dentro de uma sacola colorida, o aluno leva aquele título que mais o cativou para casa e tem a obrigação de, posteriormente, devolvê-lo.

Além disso, há também o varal de leitura, onde alguns livros ficam em destaque durante a semana. A seleção das obras é feita pela professora de leitura Claudia Couto de Barros designada para tomar conta da biblioteca, sendo um apoio para os leitores, sendo eles estudantes ou professores que também possuem um canto especial com publicações de cunho didático.

Aluna da 5ª série, Eliza Beatriz Carvalho dos Santos, 09 anos, teve seu primeiro contato com uma biblioteca na escola. Ela conta que adora ler qualquer livro e que já emprestou vários títulos, inclusive, já está ensinando a irmã mais nova, de apenas 03 anos de idade, a viajar pelo mundo mágico das histórias.

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Além de ler no próprio espaço, estudantes podem levar livros para casa

“Levo livro para contar histórias para ela, que gosta de ouvir sobre princesas e bichinhos como coelhinho”, falou ao Diário Corumbaense a estudante ao comentar que quando lê se sente muito mais estimulada. “Eu penso em criar minhas histórias também, até músicas, sabe? Ler é muito legal e lá em casa eu, minha avó e minha prima lemos bastante”, disse.

As possibilidades de tornar o ato da leitura muito mais atrativo fazem com que a biblioteca da escola, hoje, seja um lugar mais frequentado da unidade de ensino e cartão de visitas com a execução do projeto “Chá com Biscoito” que consiste em, semanalmente, levar um convidado para conhecer o espaço, o acervo e ainda bater um papo com os estudantes. Os convidados, geralmente, são artistas da cidade, principalmente os ligados ao meio da Literatura e da Música.

“Foi uma alegria grande ver a receptividade dos alunos. Na terça-feira, tivemos quatro aulas aqui dentro. Na hora do recreio, quando as mesas ficam cheias, temos que colocar o aviso de lotado”, revelou a professora Claudia Couto ao rebater o argumento de que os estudantes não gostam de ler. “É a maneira como apresentamos a leitura, isso faz toda diferença”, observou.

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Eliza Beatriz afirma que adora ler qualquer livro e já usa biblioteca para contar histórias e inspirar irmã mais nova

Para a diretora Maria Clarice o desafio está em vencer mecanismos contemporâneos que imediatamente seduzem os alunos como as ferramentas tecnológicas. “Com tantos recursos tecnológicos, se não estimularmos a criança e o jovem para esse encantamento com o livro, estaremos perdendo a essência da educação. O livro é nossa alma”, finalizou.

Nesta quarta-feira, 18 de abril, considerado o Dia do Livro Infantil, a biblioteca promoveu uma contação de histórias assinadas por Monteiro Lobato aos alunos.

Homenageada

A Professora Lúcia Margareth que dá nome à biblioteca teve sua história bastante ligada com a escola Cyríaco Félix de Toledo, motivo pelo qual a comunidade escolar escolheu por unanimidade que, em sua memória, o espaço recebesse o nome dela.

“Ela passou 25 anos dentro da nossa unidade escolar onde trabalhou e se aposentou. Além disso, lia muito, dezenas de livros por mês, isso incentivou que a comunidade escolar manifestasse a vontade de ter esse espaço com o nome dela”, contou a diretora Maria Clarice Servion a este Diário.

Lúcia ingressou na escola no ano de 1978 e era graduada em História e pós-graduada em História da América Latina. Ela também atuou em escolas da rede Estadual e particular de ensino de Corumbá. Após sua aposentadoria, dedicou-se a atividades voluntárias, principalmente às voltadas à proteção e defesa de animais maltratados ou abandonados.

Lúcia faleceu em outubro de 2016, aos 58 anos de idade, deixando esposo, o também professor, Tadeu Martinez, três filhos e uma neta.

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