Da Redação em 01 de Fevereiro de 2013
O Programa de Educação Ambiental (PEA) do projeto "BR 262 - Faço parte deste caminho" deu início ao projeto de um novo livro bilíngue, em português e na língua indígena terena, na região do Mato Grosso do Sul. O livro terá várias histórias relacionadas às questões ambientais locais, além de histórias e lendas contadas pelos anciões das aldeias terenas dos municípios de Aquidauana, Anastácio e Miranda.
O livro deve reunir algumas "Lições ambientais dos terenas" que serão usadas para desenvolver atividades de escrita e leitura para as séries iniciais do Ensino Fundamental. Entre as histórias que abordam a temática ambiental, o livro deve valorizar assuntos como técnicas de construção com o uso do Adobe, uma espécie de tijolo feito com argila e palha, tranças usadas em cestaria e seus significados, além de receitas de preparos de alimentos com mandioca, como o tradicional Hihí.
O projeto do livro tem como objetivo auxiliar na formalização da língua terena escrita, sendo material complementar para a aprendizagem de leitura e na escrita das línguas terena e portuguesa. "Algumas palavras em língua terena ainda não têm uma grafia única, as aldeias têm dialetos diferentes que acabam gerando palavras grafadas distintamente, e para produzir este livro instituiremos uma comissão que discutirá e analisará essas diferentes grafias, o que pode auxiliar para a consolidação de uma grafia comum, acordada entre as aldeias", explica a professora da UFPR responsável pela organização do livro, Christiane Gioppo.
A comissão será composta essencialmente por professores terenas. "Os não-índios não têm autonomia para decidir sobre a língua terena, sendo um grande problema desenvolvermos a língua deles", explica a estudiosa indígena e conselheira tutelar de Aquidauana Geyse Ortega. No entanto, o trabalho vai contar com a participação de não indígenas, como a professora e coordenadora do curso de Licenciatura Intercultural Indigena Povos do Pantanal da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), Onilda Sanches Nincão. Além da professora, outros docentes da UFMS vão participar da elaboração do livro.
O projeto contará ainda com a colaboração de professores das aldeias de Lagoinha, Ipegue Limão-Verde e Bananal, do município de Aquidauana, a Aldeinha, em Anastácio, e a aldeia Cachoeirinha, em Miranda. Os professores da etnia terena serão os responsáveis por reunirem as histórias, uma vez que somente pessoas pertencentes às aldeias têm acesso aos anciões. O cronograma prevê que as histórias sejam coletadas até maio deste ano, já que o lançamento do projeto do livro deve acontecer durante os Jogos dos Povos Indígenas, previstos para 30 de maio.
Após o lançamento do projeto com as histórias coletadas comecará uma segunda etapa de produção, a da elaboração de lições de escrita e leitura a partir dos textos. Essas lições também vão compor o livro e compreendem um conjunto de atividades. O livro pretende complementar os materiais utilizados em sala de aula na alfabetização dos estudantes nas línguas portuguesa e terena. A previsão é que a obra esteja pronta no final do ano.
O livro será mais um dos resultados das atividades realizadas pelas ações de supervisão e gestão ambiental que acontecem desde 2011 em paralelo às obras de recuperação de pista e implantação de acostamentos na BR 262, no trecho entre Anastácio e Corumbá. O projeto é realizado pelo Instituto Tecnológico de Transportes e Infraestrutura da Universidade Federal do Paraná (ITTI-UFPR) em parceria com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT). As informações são da Assessoria de comunicação do Instituto Tecnológico de Transportes e Infraestrutura (ITTI).
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