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Paixão sem explicação, bandas e fanfarras continuam conquistando jovens e adultos em Corumbá

Ricardo Albertoni em 20 de Novembro de 2017

Fotos: Ricardo Albertoni/Diário Corumbaense

Multidão compareceu ao ginásio poliesportivo na rua Porto Carrero para acompanhar as apresentações

O corumbaense é um povo que possui ligação forte com a música, talvez isso explique a grande mobilização em torno de eventos com a participação das tradicionais fanfarras. No sábado (18), não foi diferente. Uma multidão compareceu ao ginásio poliesportivo na rua Porto Carrero para acompanhar a primeira edição da Copa Pantanal de Bandas e Fanfarras da Juventude.

“A fanfarra representa tudo pra gente. Fazemos isso porque nós gostamos muito e temos essa relação com a música. Estamos ensaiando desde março, de segunda a sexta, não tem como explicar, é uma paixão muito grande” afirmou ao Diário Corumbaense Carlos Eduardo Mendes Santana, de 14 anos, da escola Gabriel Vandoni de Barros (Corumbá).

Realizado pela Prefeitura Municipal, por meio da Secretaria Especial de Cidadania e Direitos Humanos através de sua Coordenadoria de Políticas Públicas para a Juventude e com apoio da Associação de Instrutores de Bandas e Fanfarras de Corumbá, Fundação da Cultura e do Patrimônio Histórico, Fundação de Esportes  (Funec) e Secretaria Municipal de Educação, o evento temo objetivo de unir jovens em torno de uma atividade cultural e proporcionar à eles atividades que possam acrescentar no seu desenvolvimento profissional.

Carlos Eduardo Mendes Santana (à esquerda) afirmou não saber explicar a paixão pela atividade

“O objetivo é inserir os jovens no mundo da cultura, da dança e da arte. A fanfarra tem essa mistura e atrai os jovens para que possam cada vez mais crescer como músicos e ao mesmo tempo se torna uma ocupação para eles. Vemos que a participação é muito grande, inclusive, com jovens de outras cidades aqui como está acontecendo este ano”, afirmou Diego Pereira Coelho, coordenador de Políticas Públicas para a Juventude.

Se tornar um profissional da música após ter recebido conhecimentos durante a participação nas atividades foi o que aconteceu com José Luís Moraes Duarte, de 29 anos. Hoje, percussionista profissional graças ao aprendizado que recebeu durante os mais de 17 anos em que atua no meio, o veterano procura retribuir os ensinamentos que recebeu no passado.

“É uma paixão, ainda mais que eu represento a escola Castro Brasil, que vejo como uma segunda família. Hoje, a gente ensina os mais novos, se ele não sabe tocar a gente pega na mão para ensinar, coisa que fizeram comigo lá atrás e estou passando adiante”, destacou José Luís.

José Luís Moraes Duarte é percussionista profissional graças ao aprendizado que recebeu

Para quem foi assistir, o evento começou por volta das 15h, mas para os participantes, foram muitas horas de ensaio antes de pisar na quadra do ginásio. No dia da apresentação, muitos se prepararam desde cedo e alguns nem almoçaram, tamanha a ansiedade.

O trabalho em grupo é essencial. Na hora da apresentação de 15 minutos, todas as atividades são avaliadas através de notas de 0 a 10 pelos jurados especializados. Uma dessas avaliações é a da baliza ou balizador, componente que deve se apresentar utilizando ginástica artística, rítmica, dança, teatro, arte circense, no compasso da música tocada pela sua corporação, não se esquecendo de demonstrar carisma para os jurados e público.

Pela primeira vez se apresentando, a jovem de 16 anos Raissa Dias Marques Fontes da escola da Autoria (Júlia Gonçalves Passarinho), confessou que acabou deixando de realizar algumas coreografias durante a apresentação, mas ficou feliz com a performance.

Pela primeira vez se apresentando, a jovem de 16 anos, Raissa Dias Marques Fontes, ficou feliz com a performance

“É o primeiro ano meu, estou ensaiando desde o começo do ano e achei que fui bem na minha apresentação. Faltaram algumas coisas que o nervosismo não deixa, mas fiz o meu melhor. Fanfarra tem que sentir a música e não chegar lá e tocar, sentir a música dentro da gente. Se não fizer isso, não pode participar”, contou Raíssa.

Entre os que já passaram por esses momentos resta prestigiar e acompanhar as novas gerações. Adriana Helena Silva Camargo lembrou que fez parte por muitos anos de várias fanfarras do município de Ladário. Ela confidenciou que agora, com família, não tem mais como participar, mas acompanha a sobrinha e a filha e aproveita para matar a saudade do som produzido pelos instrumentos.

“Vim acompanhar a apresentação e o desempenho dos alunos, além de ver minha sobrinha. Acompanho há muito tempo, já fiz parte das fanfarras do Leme, 2 de Setembro, Farol do Norte. Eu era do prato, e depois passei para comissão de frente. Participei muitos anos e quando vejo, sinto saudade, bate a vontade de estar novamente participando, mas não posso, sou casada, tenho filhos. Agora é prestigiar a sobrinha, os filhos”, disse.

Cejar de Aquidauana (foto acima) venceu no quesito musicalidade, enquanto a banda Cristo Redentor de Corumbá arrebatou o troféu de corpo coreográfico

Valorização do movimento

Destacando como um “movimento onde os jovens aprendem a se organizar, a trabalhar em grupo, a respeitar prazos, ter disciplina, valorizar a presença de seus amigos”, o assessor especial da Prefeitura de Corumbá, José Antonio Assad e Faria explicou a importância da presença do Poder Público em ações semelhantes.

“A importância de nós apoiarmos é porque isso não é só um festival, é todo um movimento que se forma, onde esses mais de mil músicos, jovens talentosos de nossa cidade, se envolvem durante período prolongado de ensaios, treinamentos, organização junto às comunidades. Por trás de cada um deles existe um grupo que se forma e cria um movimento organizado, que serve para a autoestima, para a educação e por tudo isso, é importante que o Poder Público esteja presente, valorizando e criando oportunidade para que isso aconteça”, afirmou José Antonio.

O evento

O evento que teve a participação de 19 agremiações incluindo competidores de outras cidades foi dividido em três categorias: Banda de Percussão Coreografada Juvenil (de 08 a 16 anos); Banda de Percussão Marcial e Banda de Percussão Coreografada Sênior (de 17 a 32 anos) terminou por volta das 22h. Além dos vencedores de cada categoria, houve a realização de votação popular para a escolha da melhor agremiação por parte do público.

A vencedora na categoria Banda de Percussão Coreografada Juvenil foi a Banlampc (Corumbá) com 311 pontos e na categoria Sênior, venceu a Pérola do Pantanal (Ladário). Já na categoria Banda de Percussão Marcial, o Cejar (Aquidauana) venceu no quesito musicalidade, enquanto a banda Cristo Redentor (Corumbá) arrebatou o troféu de corpo coreográfico. A escolhida pelo público foi a também campeã na categoria Sênior, Pérola do Pantanal, de Ladário. Foram premiados quesitos individuais como baliza (Cândido Mariano/Aquidauana); balizador (Castro Brasil); mor (Cejar/Aquidauana) e regente (Cristo Redentor).

Ao Diário Crumbaense, o instrutor Herlanis Rodrigues de Arruda, da Corporação Musical Cristo Redentor, que conquistou o troféu de corpo coreográfico e levantou o público durante a apresentação, ressaltou que a conquista se deve ao apoio da direção da instituição. “Gostaríamos que fosse melhor, mudamos nosso projeto, mas ainda sim conseguimos agradar o público. Comecei em março meu trabalho e chegar no final e receber esse reconhecimento é gratificante. Isso é graças ao apoio da direção, assim conseguimos fazer um bom trabalho”, destacou.

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