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Secretário de Saúde ouviu de Ruiter frase que falou sobre perdão e amor

Rosana Nunes em 02 de Novembro de 2017

O secretário de Saúde de Corumbá, médico Rogério Leite, foi a pessoa que esteve o tempo todo com o prefeito Ruiter Cunha de Oliveira, desde o momento em que foi socorrido após passar mal, até o seu falecimento na madrugada de quarta-feira, 1º de novembro. O prefeito foi submetido a uma cirurgia cardíaca de emergência por causa de uma dissecção aguda da aorta e veio a óbito seis horas depois do procedimento.

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Rogério Leite acompanhou Ruiter em todos os momentos

Ao Diário Corumbaense, o secretário de Saúde, contou que Ruiter já vinha passando por problemas de saúde. "O prefeito vinha de um quadro crônico de hipertensão arterial sistêmica fazendo uso de medicamento e com difícil controle da medicação. Isso acaba fazendo com que em um período crônico de pressão alta você tenha lesão de alguns órgãos-alvos e também a vascularização de toda aorta, ramificações de artérias e vasos. Essa cronicidade da pressão alta que ele tentava controlar, fez com que a parede do vaso ficasse inflamada e com isso houve um rompimento da parte interna dessa artéria fazendo um falso trajeto. Quando o coração dele batia passava o sangue oxigenado para o corpo pela luz do vaso corretamente, mas tinha também uma outra luz causada por esse cisalhamento que passava o sangue que saía do coração. Com isso nós tínhamos uma redução do sangue bom que chega certamente aos órgãos alvos e você tem uma diminuição da eficiência dessa circulação. Por isso ele teve a dor torácica e a dor no membro inferior esquerdo", explicou.

A decisão de transferir Ruiter para a Capital veio depois de alguns exames. "Levamos o prefeito ao CTI, fizemos ultrassom, detectamos uma anormalidade vascular que também é um diagnostico diferencial daquilo que nós pensávamos e solicitamos outro exame para confirmação. Fez a tomografia e veio o resultado que era a dissecção de aorta, que é um quadro grave. Somente em Campo Grande e acho que em Dourados tem o tratamento", frisou ao ressaltar que a equipe que o atendeu na Santa Casa de Corumbá foi fundamental no encaminhamento inicial.

"Já em Campo Grande, o cardiologista fez o diagnóstico e programou a cirurgia. Em todo o momento, é importante ressaltar que ele se manteve sempre confiante, com positividade em relação a sua recuperação, mas, infelizmente, não respondeu aos procedimentos que foram feitos", completou.

Apaziguar, perdoar, amar

Durante a transferência, o prefeito estava consciente e com quadro estável. Se preocupou em como ficaria aqui (na prefeitura). “'E lá agora, como estarei aqui e lá agora?'. Eu disse a ele que não era hora de se preocupar porque estavam todos os secretários, o vice-prefeito, que coordenariam tudo da forma que ele planejou ", lembrou.

Ainda no trajeto para Campo Grande, houve um momento que Ruiter disse ao secretário: “Nunca deixe para depois: apaziguar,  perdoar e amar”. Rogério Leite não fez nenhuma pergunta em relação ao que o Ruiter falou, mas tem um entendimento. "Nós que convivemos sabemos isso, foi em relação à família e aos amigos. A família é um bem a ser preservado, ele tinha os amigos, a família dele e essa importância era o que ele estava tentando passar", disse a este Diário.

Para Rogério Leite, a convivência com Ruiter Cunha foi um aprendizado. "Apesar de pouca diferença de idade foi um pai, irmão que me ensinou muito. Recentemente, numa pescaria, conversamos bastante sobre o nosso progresso, sobre nosso futuro, sobre o que ele tanto planejava  para Corumbá. Espero que isso siga em frente, porque é o legado dele. Não podemos sair dessa direção, desse sentido porque estará fazendo o bem para a nossa população, para a nossa cidade", concluiu.

 

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