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MinC habilita três representantes pantaneiros em edital para culturas populares

Lívia Gaertner em 09 de Outubro de 2017

Dois representantes de Corumbá e uma de Ladário foram habilitados pelo MinC (Ministério da Cultura) para concorrerem a 5ª edição do Prêmio Culturas Populares – Leandro Gomes de Barros. Entre os quase 3 mil inscritos em todo o país, 2.171  foram habilitados para seguir à próxima fase, sendo 07 deles de Mato Grosso do Sul. Lançado em junho deste ano pelo Ministério da Cultura (MinC), por meio da Secretaria da Cidadania e da Diversidade Cultural (SCDC), o edital irá premiar 500 iniciativas que fortaleçam as expressões culturais populares brasileiras.

De Corumbá, concorrem habilitados: o mestre cururueiro Agripino Soares de Magalhães, de 99 anos de idade, e o poeta e professor Benedito Carlos Gonçalves Lima. Em Ladário, a representante habilitada é Cecília Maria da Silva Oliveira, que é autora de roteiros, diretora, atriz do Grupo de Teatro Tesouro Pantaneiro.

Além das pessoas físicas, o edital, que foi o primeiro voltado à cultura popular lançado pelo MinC desde 2012, permitirá contemplar pessoas  jurídicas ou coletivos e ainda traz a categoria in memorian. 

Fotos: Anderson Gallo/Divulgação

Mestre cururueiro Agripino Magalhães; diretora de teatro Cecília Maria e o poeta Benedito C.G.Lima

"Defendemos muito a construção e a viabilização deste edital porque o Prêmio é um reconhecimento do trabalho, do legado, da vida dedicada e do valor artístico desses mestres, grupos e coletivos de culturas populares", afirmou a secretária da Cidadania e da Diversidade Cultural do MinC, Débora Albuquerque. "Poder chegar na ponta e fomentar os fazedores de cultura é um dos nossos objetivos", completou.

O objetivo da iniciativa é fortalecer as expressões culturais populares brasileiras, retomando práticas populares em processo de esquecimento e que difundam as expressões para além dos limites de suas comunidades de origem. Só não foram incluídas iniciativas de Culturas Indígenas, Culturas Ciganas, Hip Hop e Capoeira, por já serem objeto de editais específicos lançados pelo MinC.

“Foi gratificante poder escrever um pouco da história e atuação desses dois grandes artistas, pois suas histórias de amor a cultura são inspiradoras. Ambos realizam trabalhos singulares artisticamente e de enorme alcance social, esse resultado inicial já mostra  o valor dos artistas da terra. A  Empresa Saber Cultura, está trabalhando nesse momento buscando parcerias com artistas locais, visando difundir e valorizar a riqueza da cultura da região", disse ao Diário Corumbaense a consultora cultural Wanessa Pereira Rodrigues, que assessorou Benedito C.G. Lima e Cecília Maria em suas inscrições na premiação nacional.

Após a habilitação, uma comissão de seleção e avaliação irá avaliar o mérito das propostas. Entre os critérios analisados estão: contribuição sociocultural que o projeto proporciona às comunidades; melhoria da qualidade de vida das comunidades a partir de suas práticas culturais; e impacto social e contribuição da atuação para a preservação da memória e para a manutenção das atividades dos grupos, entre outros.

Neste ano, a premiação fez homenagem ao cordelista paraibano Leandro Gomes de Barros (1865-1918).

Os habilitados

Benedito C. G. Lima é poeta, trovador, escritor, ativista cultural e professor. Atua na área da Literatura desde os 10 anos, quando iniciou sua trajetória em concursos de poesias, trabalho com textos autorais e releituras. Ao longo de sua vida, já publicou 40 antologias e criou diversos projetos, coletivos, atividades culturais, entre outras ações  buscando difundir a literatura e despertar na população o gosto pela leitura.  Nessas ações sempre buscou agregar valor incluindo diversas atividades culturais: artes plásticas, desenho, grafitagem, dança, teatro e outras.

“Eu faço um trabalho itinerante há quase 60 anos, comecei muito cedo militando em prol da literatura e artes de maneira geral, sempre realizei atividades voluntárias dentro das escolas, em instituições locais e ocupando espaços públicos com minha arte”, disse Benedito.

Cecília Maria escreve roteiros, ensaios, faz apresentações e dirige o Grupo de Teatro Tesouro Pantaneiro há 7 anos. O grupo é composto por pessoas da melhor idade e, nos últimos 3 anos, foram inseridos 3 adolescentes, netos de integrantes, que estão tomando amor pela atividade cultural.

“Pessoas de idade geralmente pensam que tem que se acomodar, mas é ao contrário quanto mais a pessoa idosa se movimentar é melhor para ela e para sociedade. Enquanto diretora do grupo, vejo a transformação na vida dos integrantes, eram tímidos e no início queriam papel que não falassem, hoje encenam muito bem. São mais alegres, conversam e se abrem mais, através do teatro descobriram outro sentido para a vida deles. A energia no nosso grupo é muito boa, conseguimos envolver famílias, temos quatro casais que integram o grupo e quando vamos realizar as apresentações muitos integrantes da família vão prestigiar um parente, ficam na plateia aplaudindo ou mesmo auxiliando quando estamos nos preparando para nossa entrada”, afirmou Cecília que ainda cuida do figurino do grupo.

“Nosso grupo de teatro, além de valorizar e divulgar a cultura local, proporciona aos integrantes ter uma melhor idade, com qualidade, transmitir as experiências de vida e passar através do teatro, histórias sobre a região que é rica em cultura, mostrar que nosso corpo fala através da expressão corporal, nesse sentido todos sentem-se valorizados e úteis pois estão dando suas colaborações para a sociedade por meio do teatro”, destacou.

Agripino Soares é músico pantaneiro e construtor de viola de cocho, e se tornou referência quando se trata da cultura popular sul-mato-grossense. O cururueiro é uma das únicas pessoas vivas no Estado de Mato Grosso do Sul aptas a construir artesanalmente uma viola de cocho, feita a partir de um tronco de madeira inteiriço.

A viola é o principal instrumento utilizado para tocar cantigas que acompanham as danças típicas: cururu e siriri, que são apresentadas em festas tradicionais e festejos religiosos de regiões do Pantanal. Aposentado como estivador, Agripino conta ter aprendido o ofício com o avô e feito mais de 300 violas, sempre seguindo os padrões e as superstições que regem a fabricação da viola de cocho, que é registrada como patrimônio histórico e cultural.

No ano de 2008, Agripino foi homenageado no 5º Festival América do Sul (FAS), por ser um colaborador nato à cultura corumbaense e pantaneira. O cururueiro venceu, em 2009, o Prêmio Culturas Populares, realizado pela Secretaria da Identidade e da Diversidade Cultural do Ministério da Cultura, que lhe certificou a adotar o título de Mestre do Saber.

Comentários:

Ruberth Adolfo Raomán Añez: Professor Benedito C.G LIma um abnegado lutador e representante da Cultura Corumbaense. Felicidades. Um Abração. Ruberth

Epaminondas Pedreira Daltro Júnior: Realmente um reconhecimento ao "Bené",válido e legitimado perante tanta artificialidade que vemos e ouvimos,um concreto sedimentado para você nobre CG LIMA,um prêmio antecipado para a cultura Corumbaense,de antemão meus parabéns "poeta dos passos largos".

Eumar Pereira Pontes: Ativista cultural atuante, Benedito C. G. Lima você merece esta indicação.

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