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Companhia de Dança do Pantanal leva trabalho do Moinho Cultural à etapa tão almejada

Lívia Gaertner em 23 de Setembro de 2017

Com as malas prontas para a primeira viagem que dará oportunidade de levar o resultado de um trabalho moldado levando em conta o lado artístico unido ao social, a recém-criada Companhia de Dança do Pantanal vai desembarcar ainda este mês nas cidades de Canaã e Carajás, ambas na região Norte do Brasil, com o patrocínio da empresa Vale.

“Estamos bastante felizes com isso porque fomos convidados pela Vale a viajar para apresentações e ainda como modelo de metodologia e produto final. Essa é uma parceria importantíssima porque vai dar um destaque nacional pra gente”, comentou Márcia Rolon, diretora-executiva do Instituto ao contar que, além das apresentações, os bailarinos e coordenadores promoverão palestras para as prefeituras locais sobre o exemplo e sucesso alcançado com o projeto social do Moinho.

Fruto das ações do Instituto Moinho Cultural Sul-Americano, a atual formação da Companhia é o embrião de uma proposta mais audaciosa, conforme explicou Márcia ao Diário Corumbaense. “Desde a criação do Moinho há 13 anos já tínhamos a ideia de formar a companhia como um braço profissionalizante. A gente trabalha com a logo do Moinho, que tem quatro pás, sendo uma a da sustentabilidade. Nesse conceito, temos o nosso Núcleo de Tecnologia que estamos trabalhando para que ele seja autossustentável, a Cia de Dança e futuramente a Orquestra”, explicou sobre a filosofia do projeto social que atende crianças e adolescentes das cidades brasileiras de Corumbá e Ladário, bem como as bolivianas da fronteira, Puerto Quijarro e Puerto Suárez, com aulas de dança e música, além de reforço escolar e idiomas no contra turno do ensino regular.

Hoje, composta por seis bailarinos, a Companhia de Dança do Pantanal pretende alcançar um elenco com 24 profissionais, cuja base da formação esteja calcada no balé clássico, porém possam desenvolver a arte do movimento em outros estilos como o contemporâneo. A Companhia, atualmente, recebe cachê semanal advindo de uma parceria com o Sesc-MS para apresentações no projeto Quinta Cultural.

“A ideia é que, daqui a alguns anos, a companhia seja um projeto próprio, com CNPJ dela mesmo. Estamos buscando alguma empresa aqui na região, que sabemos temos grandes delas, porque os bailarinos precisam receber um cachê digno. Ampliando as parcerias, vamos abrir vaga para o Brasil e América do Sul, então, eles são o embrião da companhia”, afirmou.

Companhia feita de sonhos e realizações

Com 20 anos de idade, Núbia Santos é um das três bailarinas da Cia de Dança do Pantanal. Corumbaense, ela começou o contato com a dança aos 8 anos de idade e, hoje, percebe a possibilidade de integrar o primeiro elenco da Companhia como a realização de um sonho. “O Moinho abriu essa porta para mim. O projeto passou por várias fases, assim como eu também. É a realização de um sonho porque chegar nessa companhia, que sei que era o objetivo desde o início, é saber que estou alcançando meus objetivos na vida”, disse a jovem a este Diário.

Também com 20 anos de idade, o bailarino Jhônatan Parola Bento dos Anjos, é natural da cidade de Ourinho e, apesar da juventude, busca desenvolver junto à companhia o crescimento para um futuro profissional, já atuando com a criação de algumas coreografias. “É muito importante essa experiência porque nós, bailarinos, não temos uma carreira muito longa como outras profissões porque o trabalho de moldar o corpo exige muito. A partir do momento que nos aposentamos quase que a nossa totalidade vira coreógrafo ou coordenadores de companhias, então é legal que eu já tenha essa experiência para quando for atuar apenas com isso”, disse.

Izabelle Paiva iniciou a dança também no Moinho Cultural no ano de 2008. Hoje, com 20 anos de idade, a jovem bailarina sente que todo o esforço durante as aulas que lhe conferiram a base do balé foram recompensadas. “Acho muito interessante porque Corumbá é uma cidade pequena e fico pensando que a gente começa porque gosta, depois vamos crescendo e amadurecendo, vendo a importância que o projeto teve em nossa vida. Nunca pensei que ia ter uma oportunidade dessa aqui e poder levar isso, ver que o sonho está virando realidade é muito gratificante”, declarou a jovem que, inclusive, passou em concurso público da Prefeitura Municipal para ministrar aulas de dança em projetos da cidade.

Diversidade

Além dos coreógrafos, Rolando Candia (mestre de ballet) e Beatriz de Almeida (bailarina madrinha do Moinho Cultural), que desenvolvem atividades junto ao projeto social com o balé clássico e neoclássico, a Cia. de Dança do Pantanal conta com o todo o conhecimento de Rui Moreira, bailarino, coreógrafo e pesquisador da dança com forte atuação no estilo contemporâneo onde desenhou sua trajetória durante 14 anos com o Grupo Corpo.

“Na linguagem contemporânea dentro de uma técnica clássica procuramos trabalhar com a ideia de sempre passar um questionamento sobre o nosso bioma, que é o Pantanal”, detalhou Márcia ao afirmar que a Companhia pretende desenvolver um trabalho diversificado e por isso mesmo não se prender a apenas um coreógrafo. “A gente não pretende ter um coreógrafo residente porque queremos sempre trazer profissionais diferentes que venham propostos a trabalhar essa coisa do bioma. Queremos trabalhar essa diversidade, que isso seja nossa marca dentro de uma excelência, que já nos é associada”, concluiu.

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