Campo Grande News em 12 de Abril de 2017
Um dos integrantes da “Lista de Janot” - mas sem foro privilegiado -, o senador cassado Delcídio Amaral (sem partido) deve ser investigado na Justiça Federal do Paraná por suspeita de receber “caixa 2” (recursos não contabilizados) da Odebrecht nas eleições para o Senado e governo de Mato Grosso do Sul.
A decisão é do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Edson Fachin. Na petição 6737, o Ministério Público informa que Delcídio foi citado nas delações de dois ex-executivos da Odebrecht, acusada de ter um departamento específico para pagamento de propina.
O ex-executivo Rogério Santos de Araújo narra o pagamento de R$ 4 milhões para a campanha eleitoral do ex-parlamentar em 2006. Ainda segundo ele, em 2010 o Grupo Odebrecht recebeu de Nestor Cerveró, então diretor da área internacional da Petrobras S/A, solicitação de pagamentos em benefício da campanha de Delcídio.
Já Benedicto Barbosa da Silva Júnior, que presidia a Odebrecht Infraestrutura, relata o repasse de R$ 5 milhões para eleição ao governo estadual em 2014. Fachin determinou a retirada do sigilo sobre os documentos e o envio para a Justiça Federal do Paraná.
Além de Delcídio, mais 200 petições com nomes apresentados pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, foram distribuídas para outras instâncias, como Justiça Federal e STJ (Superior Tribunal de Justiça).
Na lista dos que têm foro privilegiado, o ministro Edson Fachin determinou a abertura de 74 inquéritos. A “Lista de Fachin” inclui autorização para investigar dois deputados federais de Mato Grosso do Sul: Zeca do PT e Vander Loubet (PT).
Por meio de nota divulgada à imprensa, Zeca do PT afirma que houve “um erro enorme” nas apurações. A constatação do deputado veio após tomar conhecimento do interior teor da denúncia, explica. "Diz a denúncia, que o delator do Grupo Odebrecht se refere a um pagamento de R$ 400 mil para minha campanha a governador em 2006. Em seguida diz o mesmo delator, que tendo ocorrido minha desistência da candidatura naquela eleição, o referido valor foi repassado ao senador Delcídio, candidato do PT ao governo, com o qual mantinha detalhadas reuniões", conta.
A divergência e erro apontado por Zeca surge nas datas indicadas pelo delator. "Ocorre ai um erro enorme. Fui eleito governador em 1998 e reeleito em 2002. Portanto em 2006 estava impedido de ser candidato a governador e não disputei nenhum cargo naquela eleição", rebate Zeca, que continua a explicação. "Apoiei o nosso candidato, mas não tive nenhuma outra responsabilidade, seja de captação, seja de prestação de contas junto a Justiça Eleitoral. Esperando ter esclarecido a opinião pública, peço reparação da injustiça cometida nesta denúncia", pontua.
A reportagem não conseguiu contato com Vander e Delcídio.
Em novembro de 2015, Delcídio foi preso após ser gravado em seu gabinete por Bernardo Cerveró, filho de Nestor. No áudio, ele sugere um plano de fuga para o ex-diretor, em troca de silêncio.
O então senador, que na época era líder do governo da presidente Dilma Rousseff (PT) no Senado, oferece R$ 50 mil em ajuda à família de Cerveró. A prisão foi por tentativa de obstruir a operação Lava Jato. Em seguida, teve o mandato cassado e também fez delação premiada.
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