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Fluxo dos consumidores bolivianos diminui e afeta comércio corumbaense

Caline Galvão em 29 de Março de 2017

Fotos: Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Empresas investem em promoções e liquidações para atrair clientela

“Não é mais a mesma coisa”, alegam empresários e funcionários do centro de Corumbá. Os bolivianos sumiram e os brasileiros não consomem como antes. O dólar baixou, o que é positivo para a economia nacional, mas, com isso, a crise financeira está mais perceptível no comércio corumbaense. Isso porque a clientela que fazia o dinheiro circular na cidade já não tem mais o mesmo interesse de antes, e um dos motivos é a baixa da moeda americana com relação ao Real.

“Nesse mês de março realmente os bolivianos sumiram”, alegou Taciane Leite, gerente de loja de departamentos. “Apesar de a loja ter feito um grande investimento de marketing na Bolívia, propagandas em rádios e televisão, o fluxo não foi o esperado”, afirmou a funcionária. Ela disse que a taxa de bolivianos inadimplentes está alta, já que a maioria deles tem CPF e direito ao crediário, talvez esse seja também um dos motivos para eles não retornarem à loja, acredita a gerente. “Eles compravam em quantidade grande para revender, a maioria que vinha eram comerciantes. Geralmente, a compra chegava a 5, 6 mil reais por pessoa porque compensava com as promoções que tínhamos, eles praticamente compravam durante o mês inteiro”, disse Taciane. Segundo ela, os brasileiros estão voltando a comprar, mas com fluxo baixo, principalmente por causa da inadimplência.

Daiane do Nascimento, líder administrativa de loja especializada em calçados, afirmou ao Diário Corumbaense que o fluxo de clientes bolivianos caiu pela metade na empresa. “Estamos com algo em torno de 20 a 30% do que a gente recebia”, afirmou Daiane. Ela acredita que a baixa do dólar tenha sido o principal impacto para o “sumiço” dos bolivianos. Enquanto isso, os brasileiros também estão economizando por causa das contas de início do ano e talvez por terem gastado no carnaval, avaliou Daiane. “A empresa está trabalhando com mídia na Bolívia, como temos muitos clientes bolivianos, mandamos whatsapp, avisamos que trabalhamos aos domingos, e estamos com promoções”, afirmou a funcionária. A loja chegava a vender até 12 pares de sapato por cliente estrangeiro.

Na loja de móveis e eletrodomésticos, um dos itens mais vendidos para os estrangeiros era o colchão, que agora está na promoção

O impacto da redução da clientela boliviana também é sentido em loja de eletrodomésticos e móveis. “A gente está sentindo bastante a falta deles, diminuiu em torno de 60 a 70%”, afirmou o gerente Gerson de Medeiros. Quando eles circulavam com mais frequência pela cidade, produtos como guarda-roupas, colchões, máquinas de lavar e geladeiras eram os principais itens procurados. “Eles gostam muito dos materiais produzidos no Brasil”, afirmou Gerson. De acordo com o gerente, os brasileiros ainda estão tímidos com relação às compras e a empresa está investindo na divulgação de seus produtos, apostando também na liberação do FGTS das contas inativas.

Até a lanchonete especializada em coxinhas tem sentido falta dos estrangeiros. O proprietário do estabelecimento disse que teve que demitir dois funcionários por causa da diminuição do fluxo de clientes e dos impostos, que nunca baixam. “Ultimamente, quem estava ajudando o comércio corumbaense eram os bolivianos, eles chegavam aqui com famílias inteiras, gastavam de 40 a 50 reais de uma só vez e não faziam nem 'cara feia'. Hoje, com a crise atual, os brasileiros não estão em condições, pedem apenas uma coisa ou outra, não são como eles que já chegam gastando e não perguntam preços”, afirmou Alex Ruso, dono da lanchonete. Diminuição de 60% na vinda de bolivianos também foi percebida pelo empresário.

Loja de sapatos recebe hoje cerca de 70% a menos da clientela boliviana que recebia até ano passado

Comentários:

Carla Decia: O que acontece tbm, é q muitos brasileiros do estado de SP, MS, MG, etc vinham até a Bolivia comprar confecções. Com a atuação q considero as vezes até exagerada da Receita Federal sob esses turistas, q mal podiam gastar os 150 dólares estipulados por lei e os agentes já apreendiam a mercadoria. Pois alegam q só podíamos comprar 10 peças. Oras, diminuiu o movimento de turistas com essas atitudes. Afinal, quem vai viajar centenas de quilômetros para comprar 10 peças?Compensa ir pro Brás, Goiânia, etc. Se a Receita passar a respeitar o quota de lei, os turistas voltam a comprar na Bolívia e consequentemente os bolivianos voltam a gastar no comércio corumbaense.

Edgar Cundera: Concordo, Receita Federal, respeitem as cotas para os turistas voltarem

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