Fonte: TV Morena em 24 de Março de 2017
Investigado por comandar o tráfico de drogas de dentro do presídio, Pedro Antunes Chalega Filho usava a sala do diretor do presídio de Corumbá como uma espécie de escritório onde fazia acertos e comprava drogas, segundo aponta a investigação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).
Esses benefícios concedidos a detentos dos presídios de regime fechado e semiaberto foram investigados na Operação Xadrez, deflagrada no dia 23 de janeiro de 2017. A Justiça aceitou a denúncia do Ministério Público do Estado (MP-MS) contra 12 acusados, incluindo os diretores das duas unidades por corrupção, associação criminosa e peculato.
Anderson Gallo/Arquivo Diário Corumbaense
Operação Xadrez foi deflagrada no dia 23 de janeiro deste ano
O advogado Nivaldo Rodrigues, que defende o ex-diretor do presídio Ricardo Wagner Lima do Nascimento, nega que o cliente tenha liberado o telefone da sala da diretoria para negociar droga. Segundo a defesa, Chalega pode ter entrado no local aproveitando a ausência de Ricardo Wagner, ou ter conseguido cópia da chave da porta para ter acesso à sala.
A produção da TV Morena não conseguiu contato com a defesa de Pedro Antunes Chalega Filho. Na ação, ainda não consta o nome do advogado dele.
O Gaeco afirma que Chalega, mesmo preso, comandava de dentro da cadeia, o tráfico de drogas. Em uma das ligações gravadas com autorização da Justiça, o traficante usou o telefone fixo da sala do diretor do presídio de segurança média, Ricardo Wagner para negociar com outro traficante a entrega de uma nova remessa de droga.
Chalega: Ô patrão! É o Pedro do presídio!
Detento Ah Pedro, e aí?
Chalega: Beleza? Então daquele que você trouxe ontem aqui, cê tem pronto dele?
Detento: Tem.
Chalega: Tem daquele?
Detento: Acho que tem uns vinte ou trinta daquele.
Para o Ministério Público, o traficante Chalega e o diretor Ricardo Wagner usavam a estrutura do presídio para conseguir vantagens pessoais por meio da venda das drogas. O fato foi comprovado durante a Operação Xadrez quando os investigadores encontraram dentro do presídio uma cantina que servia de boca de fumo para venda de maconha aos detentos. No local, foram apreendidos R$ 17 mil.
As investigações apontaram ainda que além do presídio de segurança média, o traficante Chalega também mantinha forte influência sobre a penitenciária de regime semiaberto, cujo diretor era Doglas Novaes Villas. Segundo o Gaeco, Doglas também recebia propina do traficante para liberar a prática de crimes dentro da cadeia.
Em outra gravação, autorizada pela Justiça, Chalega ligou para Doglas pedindo que o diretor liberasse um preso do regime semiaberto, chamado na conversa de "Cabeçudo" que para o Gaeco seria Antônio Chalega, primo de Pedro.
Chalega: Libera aquele "cabeçudo" lá pra mim amanhã, pô! Vê o que você pode fazer lá... Ele vai passar um...
Doglas: Amanhã? Ele falou hoje, pô!
Chalega: Não, não é hoje não. É amanhã que eu vou fazer a mudança, entendeu?
Doglas: Ah! Pede pra ele vir falar comigo lá e eu já combino com ele.
Chalega: Isso, aí ele vai levar o negócio pra você, falou?
Nessa semana, os ex-diretores dos presídios, o traficante Pedro Chalega e o primo dele, Antônio Chalega, tiveram as prisões preventivas decretadas pela Justiça.
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