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Estimulação precoce faz toda a diferença na vida de pessoas com Down

Caline Galvão em 21 de Março de 2017

Fotos: Anderson Gallo/Diário Corumbaense

O pequeno Caio recebe estímulo da terapeuta ocupacional para desenvolvimento funcional de seu corpo

Logo que recebem o diagnóstico médico que seus filhos têm a síndrome, mães assistidas pela rede pública de saúde de Corumbá já são encaminhadas às atividades oferecidas pela APAE. Isso porque a comunidade médica já sabe que crianças com Down devem ser estimuladas desde os primeiros meses de vida para que possam alcançar pleno desenvolvimento motor e cognitivo.

Luz Noélia, de 09 anos, participa das atividades da APAE desde os primeiros meses de vida. Sua mãe, Márcia Luz Cortez, afirmou que a instituição auxiliou a menina desde o início e, por causa disso, seu desenvolvimento é muito bom. “Ela estava com três semanas de vida quando o médico me falou que Luz tinha a síndrome, foi um choque. Na minha família não tinha ninguém com Down. No dia a dia, não é fácil porque essas crianças são muito ‘sapequinhas’, minha filha é linda, é diferente. Desde os oito meses ela frequenta a APAE, aprendeu a andar aqui. Ela não fazia nada, agora sabe as letras, caminha, eu não sei o que faria sem a APAE de Corumbá”, relatou Márcia. 

Marquilene da Silva contou que levou um susto logo que sua filha Angela Mayara, de 08 anos, nasceu. Ela percebeu que a menina não era como as outras. “Eu percebi na hora que o médico tirou, eu vi a feição dela. Depois que fui para a sala, é que ele me falou. O pediatra me explicou que ela iria ser uma criança normal, mas que iria ter umas diferenças, porém, estaria bem”, lembrou Marquilene que também tem uma filha de 21 anos. “Ela é bem desenvolvida, demorou para andar, caminhou só com cinco anos, mas já é bem espertinha. Era toda molinha, não falava, mas agora com a fonoaudióloga trabalhando junto com a terapeuta ocupacional, Angela está bem mesmo”, disse Marquilene.

Angela Mayara e Luz Noélia estudam na mesma sala de aula

No entanto, a estudante Rosa Andréa, de 14 anos, não conseguiu ainda desenvolver a fala e possui um pouco mais de dificuldade que as outras duas meninas. Isso porque a mãe dela, dona Marianela Miglino, procurou ajuda por vários lugares da Bolívia, de onde é natural, mas não encontrou. Somente no ano passado é que matriculou a filha na APAE. “Falaram para mim que as crianças com Síndrome de Down sempre têm uma dificuldade maior, e a maior dificuldade da minha filha é a fala. Ela ouve bem, entende tudo muito bem, mas vai demorar a falar e vai falar pouco. Se ela tivesse sido estimulada há mais tempo, a dificuldade dela poderia ser menor”, acredita dona Marianela. Ela relatou que já dá para perceber a mudança na filha, que está mais livre, tenta falar mais e interage melhor. Rosa é a filha caçula de dona Marianela, que tem mais quatro filhos que nasceram sem a síndrome.

A diretora-pedagógica da APAE de Corumbá, Maria Estela Kerr de Souza explicou que a instituição só matricula crianças bolivianas que estejam residindo no Brasil e que as famílias estejam em situação regular. Ela lembrou também que a APAE trabalha sempre pensando na independência das pessoas com Down, melhorando a qualidade de vida delas e de suas famílias. “Elas têm condições de se inserirem de igual para a igual na sociedade. Essa questão de dizer que há graus como leve ou moderado para pessoas com Down não é verdade, tudo isso é questão de estímulo”, afirmou Estela a este Diário.

A assistente social da instituição, Leda Maria Assad Arguello de Oliveira também reiterou que estimular a pessoa com Down desde os primeiros meses vai fazer a diferença no cotidiano. “A importância de se começar com as atividades desde cedo é o estímulo. Se ela é estimulada cedo, a criança logo se desenvolve. Antigamente, a família que tinha criança com Síndrome de Down não sabia porque ela não saía de casa, embora nossa sociedade ainda seja preconceituosa, hoje em dia as crianças com Down já conseguem ter uma vida próxima do normal. Os pais já estão tendo consciência que precisam estimular seus bebezinhos desde cedo”,concluiu Leda.

Marianela recebe carinho da filha Rosa Andréa, de 14 anos

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