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Defesa Civil interdita parcialmente casa atingida por deslizamento de pedras

Caline Galvão em 09 de Março de 2017

A Defesa Civil de Corumbá interditou parcialmente uma das casas atingidas pelo deslizamento de pedras ocorrido na tarde de quarta-feira (08). O motivo do incidente foi o tombamento de mureta existente atrás de uma residência localizada no alto da encosta, perto da praça do bairro Generoso. Três residências situadas na alameda Cacimba da Saúde, às margens do rio Paraguai, sofreram danos por causa do deslizamento do material. Na casa mais atingida, pedras entraram em um dos quartos pela janela, que fica colada à muralha da encosta. A Defesa Civil vai propor ao município a demolição total da casa que está 50% interditada. Seus moradores foram orientados a dormirem na casa de parentes à noite até que consigam moradia segura.

Fotos: Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Moradores foram orientados a irem à noite para casa de parentes e 50% da casa foi interditada

“A gente está com medo. Dormimos na casa da minha sogra porque a Defesa Civil disse que estava perigoso. Saímos da casa depois do ocorrido e só voltamos agora de manhã. Se eu tivesse oportunidade de sair daqui, com certeza sairia, tiraria meus filhos daqui”, afirmou Renato Ramos Ribeiro, morador da casa mais atingida pelas pedras. Ele disse que foi um dos contemplados no último sorteio habitacional realizado pela Prefeitura de Corumbá como morador de área de risco e aguarda a entrega da casa.

A esposa dele, dona Valdineia Lopes, lembra bem do momento em que tudo aconteceu. “A gente estava assistindo jogo na TV e gritaram lá de cima: ‘Está caindo pedra!’, aí a gente saiu correndo da casa. Ficamos assustados, depois percebemos que atingiu mais o quarto do meu filho. Algumas pedras entraram no quarto pela janela. Eu estou com medo porque aqui está em risco, eu gostaria de sair daqui se me dessem outra casa, me mudaria, mesmo se fosse para outro lugar”, disse a moradora.

A janela do quarto do adolescente de 16 anos, filho do casal, é voltada para a encosta e estava aberta no momento do deslizamento. Um dos motivos que levaram a Defesa Civil a interditar a casa parcialmente também foi uma árvore que poderá não suportar as próximas chuvas. De acordo com o tenente Isaque do Nascimento, coordenador das ações da Defesa Civil de Corumbá, nesses primeiros dias de 2017, já choveu em Corumbá mais de 100% do previsto e, por causa disso, os riscos para as casas que ficam na parte baixa de encosta se tornam maiores.

Deslizamento foi provocado por tombamento de mureta que havia atrás de casa no alto da encosta

Tenente Isaque explicou ao Diário Corumbaense que o deslizamento foi provocado pela queda de um pequeno muro construído atrás de uma residência no alto da encosta. A mureta foi instalada pelos moradores há anos e tinha o objetivo de conter a erosão. “Essa região do bairro Generoso e Cervejaria são áreas de riscos de processos geológicos como quedas de blocos, tombamentos, rolamentos, coisas dessa natureza. Nesse caso aqui houve construção de muro que não suportando a pressão e a carga advindas das chuvas que têm caído nessa região nos últimos dias saturou o solo e tombou. Esse tombamento acabou deflagrando uma onda de quedas de blocos que caíram até chegar às residências abaixo da encosta, que têm de 30 a 40 metros de altura”, esclareceu o tenente.

Na prática, a ordem da Defesa Civil é que os moradores da casa no alto da encosta removam os materiais sólidos que estão soltos atrás da casa, depois retirem parte do solo e construam muro de arrimo próprio para conter a erosão, mas tudo com supervisão técnica para realização segura do processo de limpeza e construção.

O morador mais antigo da casa é o senhor Antônio Magalhães, que há cerca de cinquenta anos mora no local. Ele relatou ter ficado com medo do deslizamento atingir a cozinha e levar parte da residência junto com a mureta que desabou. “Eu estava aqui na hora que despencou pelo barranco, uma pedra passou rolando, eu me assustei muito, fiquei impressionado e com medo que entrasse mais para a casa e levasse a cozinha, mas não aconteceu porque Deus não deixou. Já estava em risco de cair o muro e com essa chuvarada do mês de fevereiro acabou caindo, desceu tudo”, afirmou o morador, de 89 anos.

Quarto que foi atingido por pedras

Cerca de cem pessoas moram na região da Cacimba da Saúde, segundo levantamento da Defesa Civil. “Uma coisa importante a se frisar é que Corumbá já tem 238 anos e nasceu nas proximidades do rio Paraguai. Aqui nessa região, há uma população que tem essa história, são famílias que chegaram e foram ocupando séculos atrás, fazendo essas construções desordenadas na base das encostas, no fundo de vales, próximos às margens do rio e, por isso, temos esse cenário, de vez em quando temos esses incidentes”, explicou tenente Isaque. De acordo com ele, para resolver o problema, é necessário estabilizar encostas ou remover as famílias das moradias que estão em risco.

Em menos de uma semana foi o segundo incidente registrado na região do Beira Rio. Um menino de 11 anos ficou ferido depois que uma árvore caiu sobre a casa da família na noite de domingo (05). 

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