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Ações de combate ao Aedes aegypti esbarram na falta de conscientização de moradores

Caline Galvão em 07 de Janeiro de 2016

Um caso de Zika vírus na divisa entre Corumbá e Ladário foi registrado na região. Mesmo considerado caso importado, o setor de Controle de Vetores e Endemias do município de Corumbá intensifica atividades e capacitações. A educação no combate ao Aedes aegypti é constante, mas ainda falta sensibilidade sobre a gravidade das doenças causadas pelo mosquito.

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Moradores ainda precisam se sensibilizar quanto à gravidade das doenças causadas pelo mosquito

Em 2015, Corumbá teve 812 notificações de dengue e na última semana do ano, até o dia 02 de janeiro, foram registradas 33 notificações, número que cresceu se comparado a semanas anteriores. O motivo desse aumento foi o início do período chuvoso e período de férias, quando há muitas pessoas visitando a cidade, como consequência, aumenta a procura de atendimento nos postos de saúde.

No ano passado foram registrados  06 casos da febre Chikungunya, que ocorreram em julho, mas a Secretaria Municipal de Saúde aguarda resultados para outros seis casos suspeitos. Quanto à Zika, há um caso registrado na divisa entre Corumbá e Ladário, no bairro Potiguar. A paciente é uma criança com oito anos de idade que estava na cidade de Monteiro, na Paraíba, estado que vive uma epidemia da doença causada pelo mosquito. Considerado caso importado, o setor de saúde da cidade vizinha ficou com a responsabilidade do bloqueio da área com controle químico e mecânico.

Em Corumbá, haverá a primeira capacitação para agentes de endemias nesta quinta-feira (07). Ela será realizada na Primeira Igreja Batista, localizada na rua Dom Aquino, entre a Frei Mariano e a Antônio Maria, das 07h30 às 11h e das 13h30 às 17h. O local foi escolhido por causa do espaço, pois cerca de 75 agentes de endemias e controle de vetores receberão o curso. Na formação continuada, os agentes receberão instruções práticas sobre o trabalho de campo, as adequações e as mudanças nesse serviço.

“Como preconiza o Programa Nacional de Controle da Dengue (PNCD), antes do início do ciclo epidemiológico, você tem que capacitar os seus agentes e essa capacitação é uma forma de ajustar as ações para o ano e, principalmente, tirar dúvidas, dando continuidade à capacitação que nós fizemos em dezembro com a doutora Márcia Del Fabro”, explicou Grace Bastos, coordenadora de controle de vetores e endemias do município.

Grace frisou ao Diário Corumbaense que o município só poderá ter certeza que a população está mais consciente da necessidade sobre o combate ao mosquito depois do LiraA (Levantamento de Índice Rápido do Aedes aegypti), que será concluído daqui uma semana. “A parte educativa do morador é a longo prazo, você não consegue um resultado imediato, porque é necessário um bom tempo para conscientizar uma cidade inteira”, afirmou Grace Bastos que acredita que hoje falta mais sensibilização do que consciência.

“O morador sabe dos agravos, sabe que o mosquito transmite dengue, zika, chikungunya, mas ele não está se sensibilizando do grau de acometimento dessas doenças. Ele não está se sensibilizando que se chover, ele precisa tirar os depósitos que acumulam água, algo que já tem que fazer parte da rotina dele”, explicou Grace.

Ricardo Albertoni/Diário Corumbaense

Dona Lídia é exemplo de moradora que deixa sua casa sempre limpa e seu jardim e pátio secos

Para Grace, os moradores precisam entender a gravidade das doenças. A dengue, na sua forma mais aguda, que é a hemorrágica, pode levar o paciente à morte. A febre chikungunya pode deixar o infectado com problemas nas articulações e impossibilitado de trabalhar por muitos meses. O zika vírus está relacionado à síndrome de Guillan-Barré, doença neurológica autoimune em que o sistema imunológico ataca o sistema nervoso por engano, causando inflamação nos nervos e fraqueza muscular. Todas as três doenças causadas pelo Aedes aegypti podem levar o paciente à morte.

De acordo com o Ministério da Saúde, as investigações sobre a relação da microcefalia e o zika vírus devem continuar para esclarecer questões como a transmissão desse agente, a sua atuação no organismo humano, a infecção do feto e período de maior vulnerabilidade para a gestante. Em análise inicial, o risco está associado aos primeiros três meses de gravidez.

Dona Lídia faz a parte dela, mas, e os vizinhos?

Em Corumbá, felizmente, parte dos moradores sabe da gravidade da presença do mosquito transmissor de doenças e não se descuida da prevenção. É o caso da dona Lídia Françozo, que mora no bairro Generoso e sempre recebe elogios dos agentes de endemias. Na casa dela, além de um pé de citronela, planta que exala veneno natural contra mosquitos, há um controle rigoroso quanto à água parada. Quando chove, ela logo retira a água acumulada do pátio e seu jardim é completo com terra, evitando que embaixo das plantas fique água parada.

Dona Lídia mantém limpos os ralos dos três banheiros de casa e não deixa água acumulada

Dona Lídia afirmou que sempre limpa os ralos dos três banheiros e coloca água sanitária, mantém o escorredor de pratos seco e a caixa d’água, sobre a laje, é bem tampada. Ela contou que tem horror a mosquitos e mesmo quando a casa estava ainda em construção e não tinha telhado, seu marido fazia questão de retirar com o rodo toda a água da chuva acumulada sobre a laje.

“Eu me preocupo muito com os mosquitos por causa das doenças que eles provocam. Eu não sei se meus vizinhos não limpam suas casas, mas já peguei um deles deixando prato de comida em cima do esgoto”, afirmou Lídia, que disse que ainda falta consciência por parte de alguns moradores que insistem em jogar lixo no terreno baldio próximo e no bueiro, na calçada da casa dela.

 

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