Agência Brasil em 25 de Junho de 2024
Wagner Lopes/Casa Civil
Da direta para esquerda: Marina Silva (Meio Ambiente) e Simone Tebet (Planejamento) durante reunião emergencial sobre o clima
Marina Silva concedeu entrevista após segunda reunião da sala de situação de crise com outros ministros, como Simone Tebet (Planejamento) e Waldez Góes (Desenvolvimento Regional), além de representantes da Defesa e da Justiça.
A ministra explicou que, no período entre os fenômenos do El Niño e El Niña, de estiagem na região, fez com que uma “grande quantidade de matéria orgânica em ponto de combustão” esteja propiciando incêndios que são “fora da curva” em relação a tudo que se conhece.
Segundo ela, o Ministério do Meio Ambiente planeja, desde outubro do ano passado, ações para se antecipar às consequências do incêndio. “Pela primeira vez, houve um plano de enfrentamento a incêndio no Pantanal. Nós fazemos política pública com base em evidência. Já sabíamos que este ano seria severo”, disse Marina Silva.
Diante disso, ela afirmou que o ministério decretou situação de emergência em relação ao fogo e à contratação de brigadistas. Pelo (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), em atuação, há 175 brigadistas, 40 do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), 53 da Marinha (que são combatentes), além de bombeiros locais. “Teremos já um adicional de 50 brigadistas do Ibama e 60 que virão da Força Nacional, além da mobilização de mais brigadistas diante da necessidade”.
“Novo normal”
Marina Silva disse que a seca na região aponta para um “novo normal”, com a pior estiagem dos últimos 70 anos. “O que nós temos é um esgarçamento de um problema climático que vocês viram acontecer com chuvas no Rio Grande do Sul. Nós sabíamos que iria acontecer com seca envolvendo a Amazônia e o Pantanal. Nesse período, não há incêndio por raio. O que está acontecendo é por ação humana”, lamentou.
De acordo com a ministra, mais de 80% dos incêndios estão dentro de propriedades particulares. “Nós temos uma responsabilidade sobre as unidades de conservação federal, mas nesse momento nós estamos agindo em 20 incêndios”.
Simone Tebet destacou que foi importante a ação do governo de Mato Grosso do Sul de decretar a emergência ambiental. “Isso nos abre a possibilidade de criar créditos extraordinários. Não vai faltar recurso ou orçamento para resolver. Agora, não há orçamento no mundo ou no Brasil que resolva o problema de consciência da população”, afirmou.
Marina Silva ainda relembrou a necessidade de aprovação pelo Congresso da Lei do Manejo Integrado do Fogo. “Infelizmente, até hoje não foi aprovado. Gostaríamos muito de que fosse aprovado nesse momento em caráter emergencial”.
Proibição do uso do fogo
Marina Silva disse que há um pacto com os governos do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul, além dos governadores dos estados da Amazônia. “Os governos estaduais já decretaram a proibição definitiva do fogo até o final de ano. Portanto, todos aqueles que fizerem o uso do fogo para renovação de pastagem ou para atividade qualquer que seja ela, estará cometendo um delito”, alertou.
A ministra associou que os municípios que mais desmataram têm sido vítimas dos incêndios, como é o caso de Corumbá. “É o município que mais desmatou. Não por acaso, é onde há mais incêndio”.
Já a ministra Simone Tebet, do Planejamento, acrescentou que há uma atenção especial para as situações do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul. “O maior foco de incêndio nesse momento é no estado de Mato Grosso do Sul, mais de 50% no município de Corumbá”. Ela salientou a colaboração dos governos dos estados de decretar a proibição do manejo controlado de fogo até o final do ano.
“Mesmo aqueles fogos controlados que eram permitidos no Pantanal, está terminantemente proibido por determinação dos governos estaduais”, destacou.
26/06/2024 Área queimada do Pantanal pode exceder 2 milhões de hectares até o fim do ano
26/06/2024 Superfície de água no Brasil fica abaixo da média histórica em 2023
26/06/2024 Equipes da Força Nacional já estão a caminho para reforçar combate ao fogo no Pantanal
26/06/2024 PRF monitora rodovia entre Miranda e Corumbá após trecho ser afetado pelos incêndios florestais
25/06/2024 Governo federal vai liberar R$ 100 milhões para combate a incêndios no Pantanal
25/06/2024 Área que equivale a três cidades de SP já foi queimada pelos incêndios florestais no Pantanal
25/06/2024 Força-tarefa mantém ações permanentes para conter incêndios no Pantanal
25/06/2024 Socorristas monitoram animais em meio a fumaça dos incêndios no Pantanal
24/06/2024 Decreto de emergência em MS quer garantir celeridade no combate aos incêndios florestais
24/06/2024 Governo declara situação de emergência em cidades de MS afetadas por incêndios florestais
Julio Nunes Rodrigues: É incrível que agora a culpa é climática e da população que não tem consciência. Nós Pantaneiros sabemos que este evento é sazonal e que realmente nesses últimos anos o problema vêm se agravando com estiagem jamais vistas.
No Diário Corumbaense, os comentários feitos são moderados. Observe as seguintes regras antes de expressar sua opinião:
Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião deste site. O Diário Corumbaense se reserva o direito de, a qualquer tempo, e a seu exclusivo critério, retirar qualquer comentário que possa ser considerado contrário às regras definidas acima.