Leonardo Cabral em 20 de Abril de 2023
Leonardo Cabral/ Diário Corumbaense
Acolhimento dos alunos foi uma das ações realizadas no JGP
O trabalho, realizado pela SED, em parceria com a Sejusp (Secretaria de Justiça e Segurança Pública), tem como foco a reflexão sobre o atual momento que o País vem enfrentado com relação ao combate à violência dentro das unidades educacionais.
Com cartazes em português e espanhol, que traziam mensagens de paz, solidariedade e o fim da violência, seja ela em qualquer âmbito, dentro das escolas e também contra a mulher, os alunos foram recepcionados logo cedo na Escola da Autoria Júlia Gonçalves Passarinho (JGP).
Participando da ação, Patrícia Oliveira Acioly, coordenadora regional de Corumbá e Ladário (CRE-3), disse que esse dia foi pensado com o tema “amor e diálogo”. “O governo do estado canalizou todas essas ações para trabalharmos a empatia, solidariedade, principalmente amor, pois temos que aflorar o sentimento de compaixão com o próximo. Tendo amor, diálogo com a família, com a escola, com a sociedade, a gente consegue trabalhar num mundo melhor. Tendo empatia com os demais, conseguimos conviver em harmonia em todos os sentidos. As escolas trabalham de acordo com a base nacional que são as competências socioemocionais, que tem um olhar não só pela disciplina, mas para aquele aluno muito tímido, retraído, aquele aluno agitado, a gente trabalha com esses indicadores, basicamente com a prevenção”, explicou Patrícia Acioly.
A diretora da escola, Érica de Oliveira, falou que nesta quinta, o Dia S é a culminância de trabalhos feitos desde segunda-feira. “Essa semana dedicamos a refletir sobre segurança, combate à violência dentro da escola, tema da nossa semana, pedindo paz no ambiente escolar”, mencionou.
Camila Cavalcante para o Diário Corumbaense Alunos do "J" realizaram abraço coletivo na escola
“Por exemplo, temos o componente curricular junto aos alunos que é o Projeto de Vida, onde os professores trabalharam diretamente com as turmas dentro desse contexto, pois os próprios alunos não paravam de falar sobre isso, não dava para fingir que nada estava acontecendo ou até mesmo seguir com conteúdo. Começamos a trabalhar o que estava em contexto, mediando, orientando, acalmando, com os pais participando de uma roda de conversa, que teve também a presença do Conselho Tutelar. Falamos sobre o educar para não violência, porque a gente vê que muitos alunos que reproduzem atitudes violentas no falar e no agir é porque trouxeram de casa, por isso achamos importante falar com os pais a respeito disso, de educar conversando, sem bater, gritar, sem palavras ofensivas. Foi muito produtivo para ambos os lados”, contou Érica ao Diário Corumbaense.
Além disso, os mais de 500 estudantes do JGP também realizaram participações em rodas de conversas e palestras, com 16 temas. “Preparamos os temas, como racismo, bullying, xenofobia, intolerância religiosa, violência contra a mulher e relacionamento abusivo, entre outros. Os alunos fizeram inscrição e convidamos psicólogos, professores da universidade para realizarem nesse trabalho do diálogo, com orientação e explanação junto aos estudantes. As participações foram expressivas, fizeram depoimentos de violência praticada, sofrida de acordo com cada tema”, completou a diretora.
Com toda ação ocorrida no JGP, os alunos se sentiram acolhidos, mesmo diante do cenário vivenciado nos últimos dias. Abel Henrique Patrocínio Vieira da Silva, 17 anos, que está no 3° ano do ensino médio, disse que se sente seguro dentro da escola e que todas essas ações reafirmaram o que ele já sentia.
Leonardo Cabral / Diário Corumbaense Alunos Abel e Emanuelly durante o acolhimento dos estudantes
Um pouco tímida, a aluna Emanuelly Teresa Silvino Nani, 16 anos, também do 3° ano, disse que essas ações ajudaram e muito no comportamento dos estudantes. “Muitos hoje não vieram para a escola com esse sentimento de medo, mas através desses trabalhos feitos durante essa semana, pudemos ver e ter a calma de que estamos num lugar seguro. O acolhimento de hoje e todas as ações foram fundamentais”, mencionou a estudante.
O Dia S
Durante todo o dia, as escolas contarão com um reforço no policiamento nas unidades escolares, com a presença das equipes da Polícia Militar, por intermédio da Ronda Escolar, e também do COSI (Centro de Operações de Segurança Integrado).
No JGP, como em outras unidades educacionais, viaturas da Polícia Militar, Civil e agentes de trânsito da Agetrat (Agência Municipal de Trânsito), estão dando apoio às atividades.
Renata Camargo Esnarriaga, psicóloga educacional da REE, do Serviço Especializado de Apoio ao Processo Educativo (SEAPE), disse que esse trabalho junto ao aluno só vem a contribuir ainda mais com a aprendizagem tanto dentro, como fora da sala de aula.
“Essas ações preventivas voltadas para trabalhar a empatia, respeito, o cuidado, são de extrema importância, pois fazem também com que o aluno possa refletir sobre qual o papel deles dentro da escola, qual o papel da escola na vida deles? A escola trabalha com acolhimento desses estudantes, escuta os alunos, ações que vão desde roda de conversa, reflexões, palestras, construção de painéis, onde são protagonistas da fala do que eles estão sentindo. A escola tem esse papel formativo dentro da vida dos estudantes. Então, estamos aqui para passar para eles que estamos tomando cuidado, a escola é um local seguro, não podemos deixar que ameaças e fake news possam intervir nesse trabalho”, frisou Renata.
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