Na música, mulheres conquistam espaço nos palcos corumbaenses

A cada evento na cidade é um diferencial, desde a produção da festa ou quem vai comandar o ritmo, lá estão elas, invadindo cada vez mais as “noitadas corumbaenses”, e, claro, sem deixar de perder o toque feminino.

Cada uma com sua peculiaridade e o jeito de fazer com que a festa seja um sucesso, elas demonstram que estão preparadas para um universo que antes, era praticamente dominado pelos homens, não só os eventos, mas também nos ritmos musicais que mais predominam na região: o sertanejo, pagode, axé e funk. 

Entre essas mulheres, três se destacam e já são bem conhecidas pelo público: Paula Siqueira, Ivi Rondon e Laryssa Alencar, que recentemente lançou um videoclipe no YouTube com o tema “Descendo o nível”, se apresentam em grandes eventos da cidade.

Se descobrindo nos festivais estudantis, a cantora Paula Siqueira, que atua há 15 anos nos palcos em Corumbá e Ladário, disse que se sente satisfeita com o espaço conquistado.

“Percebi o que queria durante minhas participações nos Festivais Estudantis da Canção,  desde então, comecei a trilhar esse caminho dentro da música. Fico muito feliz com a presença forte das mulheres na música e nas noites corumbaenses, isso não ocorria 15 anos atrás, não era nítido, as mulheres conquistaram seu espaço e é muito bom isso”, disse Paula que tem como inspiração Ivete Sangalo e Adriana Ribeiro.

Sobre a presença das mulheres nos palcos, ela ressalta a importância do toque feminino, ainda mais na hora da apresentação para o público. “Quando subo no palco canto para todos, mas principalmente para mulheres que estão ali presentes. Durante muito tempo muitos homens subiram nesses palcos e raramente tínhamos mulheres cantando, quando a mulher vê todas nós ali se apresentando, elas se sentem representadas com tudo isso”, falou ao Diário Corumbaense. 

Paula se mostra feliz em ter conquistado seu espaço ao longo desses anos e sempre contou com o apoio da família. “Durante esses 15 anos, o que mais valorizo é ter conquistado meu espaço, meu público, eles me seguem onde vou e isso não tem coisa melhor, pois ver seu trabalho sendo reconhecido, o carinho das pessoas com você, já é meu maior alcance, o sonho alcançado”, disse.

Mudança total

De Fortaleza para o Pantanal, a cantora Laryssa Alencar é uma das revelações nas noitadas corumbaenses. Ela cativou e conquistou o espaço, mostrando muito talento. Foi uma mudança total em sua vida.

“Desde 2017 estou na cidade cantando em restaurantes, bares, festas, aniversários, onde tomamos uma proporção grande nesses estabelecimentos. Sou de Fortaleza, no Ceará, vim para cá por motivos pessoais e quem me encontrou aqui foi a música, então, permaneço aqui ajudando a levar a alegria ao público e também conquistando cada vez mais meu espaço”, contou Laryssa.

“Comecei a cantar na igreja, com oito anos comecei a tocar violão e com 14 ganhei meu primeiro violão e desde então, passei a acreditar nesse sonho lindo que vivo ate hoje”, lembrou.

Laryssa, que é dona de uma das vozes mais potentes na região, se mostra muito feliz com tudo que vem acontecendo na carreira artística, mas sempre busca aprimorar tendo como inspirações cantoras da atualidade do sertanejo.

“Tem gente que nasce para a música e acho que a música nasceu em mim, não é de família, veio dentro e mim, me encantei pelas cordas de início e comecei a cantar. Pra mim, Marília Mendonça (falecida em 2021) sempre vai ser inspiração, tenho ela como lição de vida, músicas dela me inspiram, também há algumas outras, como Lauana Prado, A Boiadeira, menina nova que vem conquistando muita coisa”, falou Laryssa.

Recentemente, Laryssa Alencar lançou um videoclipe que está disponível no YouTube. Esse é um dos grandes sonhos que a cantora vem trilhando ao longo de 10 anos de carreira. "Estou lutando para mostrar o talento que Deus me deu. Nesses 10 anos de carreira, lancei minha primeira música de trabalho, não temos muito recurso ainda, mas com trabalho e determinação, tudo isso contribuiu para que déssemos o primeiro passo”, mencionou a cantora.

Justamente o tema da música “Descendo o nível”, retrata a força da mulher. “Fala que a mulher pode estar onde ela quiser, da mulher que trabalha a semana toda e que pode sair para se divertir com amigas sem ser chamada por nomes pejorativos, ofensivos e de baixo calão. Mostra que nós mulheres somos capazes de viver independentes, onde temos dias de luta e de glória”, explicou a cantora.

Jovem talento

A jovem talentosa Ivi Rondon, que sempre faz participações em shows de artistas nacionais que se apresentam no município, tem um poder de voz que impressiona. Com apenas apenas 18 anos, a cantora tem muita experiência nos palcos.

“Canto desde meus sete anos, quando fui integrante do projeto de Viola Caipira Corumbaense e aos oito anos, busquei aprender sozinha o violão. Quando completei 11 anos, cantei pela primeira vez no palco como convidada especial no Festival da Canção de Corumbá. A partir daí, minhas apresentações se resumem a Festivais e eventos da nossa região e também na região fronteiriça”, disse Ivi Rondon. “Aos três anos minha mãe percebeu que meu interesse se resumia a instrumentos musicais, mas só alguns anos depois descobriu a minha facilidade para aprendizado”, completou.

Entre tantas artistas, Ivi diz que se inspira em grandes nomes da música sertaneja raiz, entre elas, Perla, Inezita Barroso, Delinha e da atualidade, a cantora Paula Fernandes.

“Gratificante estar aqui, pois nossa terra é de muita história e precisamos preservar a nossa raiz. Acredito que aos poucos estamos conquistando o nosso espaço que anteriormente era predominado em grande parte pelos homens, ainda mais no meu estilo, que é o sertanejo. Hoje, celebramos uma data que devemos reconhecimento a todas aquelas que lutaram e lutam pela defesa dos seus direitos. Levar boas emoções para multidões através da minha música é o que desejo. Independente do sucesso e do que me aguarda, tive os ensinamentos da família e de minha mãe, onde o mais importante é a verdade, humildade, amor ao próximo e fé. Essas são as únicas coisas nunca podem faltar para minha carreira e na minha vida”, finalizou a artista corumbaense.