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Nos 244 anos de Ladário, escritor explica em livro datas importantes para a cidade

Leonardo Cabral em 02 de Setembro de 2022

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Ladário celebra hoje 244 anos de fundação

No auge dos seus 244 anos, completados nesta sexta-feira, 02 de setembro, Ladário desperta curiosidades sobre sua existência, tradições e legados, contribuindo com a história de Mato Grosso do Sul. Considerada um dos municípios mais antigos do Estado, a Pérola do Pantanal como é chamada também, está localizada na região oeste do Estado, vizinha a Corumbá.

Para ajudar a desvendar alguns “mistérios” que ainda inquietam boa parte da população, o livro “Pérola do Pantanal - Ladário”, produzido pelo escritor e professor Raimundo Pinheiro Santos Neto, traz algumas respostas.

A obra retrata a história de Ladário a partir de sua emancipação política, que se deu em 17 de março de 1954, desvendando muitas curiosidades a respeito da cultura, das lendas, culinária e tradições da cidade, que hoje conta com pouco mais de 24 mil habitantes, conforme estimativa do IBGE.   

Em entrevista ao Diário Corumbaense, Raimundo Pinheiro, revela que o livro surgiu através da curiosidade de um aluno, dentro da sala de aula. Ao despertar interesse sobre o feriado da Retomada de Corumbá, o estudante queria saber o porquê, em Ladário, não era feriado, já que as cidades estão praticamente coladas uma na outra.

“A ideia do livro surgiu no dia em que estava trabalhando como coordenador pedagógico na Escola Professor João Baptista, sendo que a unidade estava deslocada na Escola Estadual Gabriel Vandoni de Barros, em Corumbá. Lembro que foi no dia 13 de junho, Retomada de Corumbá, feriado na cidade, mas para Ladário não, e, mesmo dentro de Corumbá, estávamos funcionando, momento em que um aluno intrigado, perguntou o motivo de estarmos tendo aula sendo que era feriado. Essa foi uma das indagações que despertou inquietações me levando a pesquisar uma resposta plausível para esse aluno e para o restante da população. Foi aí então, que dei início em pesquisas e no livro”, conta o escritor.

Leonardo Cabral/ Diário Corumbaense

Professor e escritor Raimundo Pinheiro Santos Neto traz no livro algumas respostas sobre a história de Ladário

Pinheiro resolveu então se aventurar na literatura e aproveitou para inserir outras respostas às perguntas e curiosidades sobre Ladário. “O livro nasce dessa busca da resposta do porquê, trago questões, da culinária, o que o ladarense come, as lendas ladarenses. As cidades pantaneiras são Corumbá e Ladário, porém Ladário é esquecida e é um município com sua cultura, tradição, como o Banho de São João, a festa de Nossa Senhora dos Remédios, festa de conotação estadual e que nasceu em Ladário”, diz.

Uma das principais curiosidades retratadas no livro é a principal Avenida da cidade, a 14 de Março. Qual o motivo que levou a via ser “batizada” com esse nome? Outra questão abordada, considerada uma das principais, é em relação ao dia 17 de março. Qual a representatividade dessa data para a Pérola do Pantanal? O que aconteceu nesse dia? Enfim, são respostas que o livro traz, despertando o interesse do leitor e do ladaraense para com a sua história.

“Hoje é aniversário da cidade, então, o leitor pode saber através do livro qual a relação do dia 02 de setembro, com o dia 17 de março, que foi o dia em que Ladário, foi emancipada politicamente de Corumbá, ganhando sua independência. Foi a partir daí, que o município começou a ter prefeito, teve a criação da Rede Municipal de Ensino, começou a arrecadar recursos financeiros. Uma data tão importante quanto a do aniversário da cidade”, fala Raimundo Pinheiro.

Conforme trecho do livro, a Avenida 14 de Março recebe esse nome para lembrar a população e visitantes, que na data, ocorreu o deslocamento do arsenal da Marinha do Brasil, pelo Capitão de Fragata Manuel Ricardo da Cunha Couto, da cidade de Cuiabá, Mato Grosso, para a então Ladário, em 17 de março de 1873, onde encontra-se até a data de hoje.

Por muitos anos, a Avenida 14 de Março serviu de pista para pousos e decolagens para a Aviação Naval de Ladário, criada em 1930. Na época, era a grande atração, conhecida como “A pista da 14”´. Pousos e decolagens das aeronaves eram anunciadas pela população. Porém, depois de uma pane em uma aeronave, seguida de um incidente, a avenida não foi mais usada como pista.

Anderson Gallo/ Diário Corumbaense

A Avenida 14 de março serviu de pista para pousos e decolagens da Aviação Naval de Ladário

A Marinha do Brasil, aliás, é um dos grandes parceiros do município e também é retratada no livro. É na instituição militar que está um dos cartões postais de Ladário, o Pórtico da Base Naval, construção de 1873, réplica do Arco do Triunfo que se tornou referência da majestosa Avenida Champs Elyséess, em Paris, capital francesa. Em frente ao Pórtico, é realizado o ritual militar da Troca de Guarda da Fortaleza Naval de Ladário.

A cidade possui uma história rica em prédios que retratam sua linha do tempo nesses anos de existência. Nos tempos áureos do comércio, aqui aportavam navios como o Fernandes Vieira, trazendo mercadorias importadas pela hidrovia do rio Paraguai, o meio mais utilizado de transporte entre essa região e as grandes metrópoles brasileiras. Como marco dessa fase se destaca o prédio da Lealdade, na rua Tamandaré, atual nº 481, onde funcionava a Casa Bancária Nicola Scafa, um dos símbolos comerciais da época. Restaurado, o prédio hoje abriga uma academia de esportes e dança.

A Festa da Padroeira da cidade, Nossa Senhora dos Remédios é uma demonstração de fé, devoção e amor à santa, festa essa que faz parte e reforça cada vez mais a cultura do povo ladarense e que também aparece nas páginas do livro de Raimundo Pinheiro. O evento une devotos católicos em torno do Santuário de Nossa Senhora dos Remédios, que junto com o São João Pantaneiro, faz da cidade um verdadeiro celeiro de sua tradição.

Se quer adquirir o livro do escritor e professor Raimundo Pinheiro Santos Neto, entre em contato com o próprio autor pelo telefone (67) 99841-0856.

Emancipação

Fundada em 02 de setembro de 1778 pelo sertanista João Leme do Prado, Ladário ganhou a sua emancipação político-administrativa tornando-se município autônomo durante o Governo de Fernando Correa da Costa em 1953. A instalação da cidade deu-se em 17 de março de 1954 e a posse de seu primeiro prefeito, Ariquerme da Rocha Galvão, foi em 03 de outubro daquele mesmo ano.

Ladário foi ganhando seu espaço e reconhecimento, ostentando avanços significativos para a população, onde a maior aposta é a Codrasa, hoje Apa Baía Negra, área de 5 mil hectares às margens do rio Paraguai, ainda inexplorada, que representa um vasto campo de oportunidades para o turismo ecológico, de pesca e de contemplação, além de pousadas e sítios com pequenos produtores e pescadores que ocupam a região para a qual a Prefeitura tem um projeto de desenvolvimento sustentável, por se tratar de uma Área de Preservação Ambiental.

A cidade se orgulha por possuir o único terminal multimodal do Centro-Oeste, com acesso ferroviário, rodoviário e pela hidrovia do rio Paraguai. Por isso a revitalização do Porto de Ladário deve abrir uma nova  página na história do povo ladarense, que busca o caminho do desenvolvimento sustentável, após a assinatura de ordem de serviço também da orla portuária em maio deste ano.

O projeto colocará Ladário na rota do turismo sul-mato-grossense, pois contará com um parque linear de 590 metros de extensão, academia ao ar livre, pista para caminhada, ciclovia, píer para embarque e desembarque, ponto para atendimento aos turistas, espaço destinado a vigilância através da guarda municipal.

Além disso, terá espaço para eventos culturais com arquibancada e palco, pista de skate, playground, espaço para mesas de jogos, quiosque para alimentação, chafariz, banheiros, fluviária (rodoviária fluvial para embarque e desembarque de passageiros), alavancando a economia local e atraindo barcos hotéis para região.

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