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Comunidade da APA Baía Negra teme contágio da covid-19 com aglomeração de visitantes

Redação em 05 de Agosto de 2020

Reprodução/ONG Comitiva Esperança

Muitos visitantes, pela beleza do local, estão indo até a área de preservação

Apesar do cenário atual com a pandemia de coronavírus, turistas seguem visitando a Área de Preservação (APA) Baía Negra, localizada no município de Ladário. No local, o destino principal são as praias de água doce formadas no entorno das baías devido à seca que atinge o pantanal. O fluxo intenso de pessoas e a ameaça de contaminação têm preocupado os moradores da comunidade. A maioria pertence a grupos de risco para a covid-19. Além da ameaça de degradação ambiental pelo alto número de visitantes, a aglomeração de pessoas é um fator que favorece a disseminação do coronavírus.

Para Thainan Bornato, membro do Conselho Gestor da APA Baía Negra e embaixadora da Comitiva Esperança no local, a situação é preocupante e expõe a comunidade ao risco de contaminação geral. “A maioria dos moradores é idosa, muitos têm problemas de saúde. Além de tudo, eles estão em uma área de difícil acesso, sem transporte próprio ou público”, relata. Segundo fontes que preferem não se identificar, apesar de cobranças feitas ao poder público para garantir a segurança e saúde dos moradores, até agora nenhuma medida foi tomada. 

Moradora da APA há mais de 20 anos e uma das lideranças locais, Júlia Gonzales, de 61 anos, conta que as recomendações para evitar o coronavírus agora fazem parte da rotina da comunidade. Até o momento, nenhum morador da APA Baía Negra testou positivo para a doença. Entretanto, o medo de contaminação é constante, principalmente devido à circulação de turistas. “O fluxo de pessoas que vem para a baía negra é muito grande, principalmente no fim de semana. Passa muito carro em alta velocidade, família vem passear, vem pescar, fica tudo lotado. A gente fica preocupado porque sabe que é um momento crítico, a maioria aqui é de pessoas de mais idade”, conta Dona Júlia.

Reprodução/ONG Comitiva Esperança

Júlia Gonzales, moradora da Apa diz que momento é crítico

Formada por 30 famílias ribeirinhas, a comunidade tradicional que reside na área sobrevive de atividades econômicas de baixo impacto para o meio ambiente, o que permite o uso sustentável dos recursos naturais e o sustento dos moradores. Com a disseminação da Covid-19 no interior do Mato Grosso do Sul, a renda dos trabalhadores da região foi amplamente afetada. Sem apoio do poder público ou de políticas direcionadas para o enfrentamento da situação, uma parcela significativa se encontra em vulnerabilidade econômica, social e de saúde.

O turismo é uma das principais atividades econômicas na unidade de conservação e, segundo Thainan Bornato, a visitação na área deve ser benéfica também para os moradores. “A gente entende a questão da curiosidade, realmente ficou uma praia linda. No momento certo a gente vai abrir esse local para visitação com condutor, tudo certo para garantir que os moradores também sejam beneficiados, para que tenha retorno financeiro para a comunidade”.

Apesar das dificuldades do momento, Dona Júlia se mostra confiante e tem esperança de dias melhores. “Eu acredito que tudo vai passar, essa pandemia, esses problemas. A gente vai poder conversar, porque hoje a gente nem está podendo conversar, vai poder vender as nossas coisas que estão paradas. Logo as coisas vão estar melhores aí a gente vai receber essas pessoas como a gente sempre recebeu aqui, com atenção, com carinho”.

As informações são da ONG Comitiva Esperança (https://comitivaesperanca.com.br/).  

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