Exposição de carros antigos reúne 69 veículos para celebrar o Dia do Fusca em Corumbá

A frente do Centro de Convenções, localizado no Porto Geral, foi palco no final da tarde de domingo, 20 de janeiro, do primeiro Encontro de Carros Antigos em 2019. O evento celebrou o Dia do Fusca, comemorado em todo o Brasil, reunindo 69 veículos. Realizado pelo grupo Fusqueiros & Reliqueiros do Pantanal de Corumbá e Ladário, o encontro atraiu muitos visitantes que ficaram encantados com tantas relíquias, preservadas pelos amantes de carros antigos. Ao todo, a exposição contou com 29 fuscas, 10 saveiros e 30 carros antigos.

 

Entre tantas relíquias, estava o carro do empresário no ramo de turismo, Jorge Augusto Ribeiro, proprietário de um Mercury Coup 1947, fabricado após o final da segunda guerra mundial. O veículo foi um presente da esposa quando ele se recuperava de uma cirurgia. “Sempre tive vontade de ter um carro assim. O desejo foi despertado pelo fato do meu pai ter tido um modelo igual. Buscava por esse modelo há muito tempo, e nunca encontrava, porém, passei por várias cirurgias, e no final, já na recuperação, pós-operatório, minha esposa fez a surpresa”, contou o empresário ao Diário Corumbaense.

A notícia do tão sonhado carro, veio depois dele ter saído do CTI (Centro de Tratamento Intensivo). “Já nos primeiros dias de recuperação, minha esposa foi ao meu encontro, tirou o celular da bolsa e começou a me mostrar as fotos, dizendo que aquele carro era meu presente. Simplesmente foi uma sensação magnifica que me deu muito mais forças para a rápida recuperação”, lembrou Jorge que está há um mês curtindo o novo “companheiro”, vindo do Rio Grande do Sul.  “Já tive muitos carros antigos. Tenho ferrugem nas veias”, completou o empresário falando sobre a vontade de conhecer a história do carro com o ex-proprietário que era um político no Estado Gaúcho.  

Homenageado do dia 

A exposição dos carros antigos foi em homenagem a um dos veículos mais vendidos no Brasil, o Fusca, cuja fabricação teve início em 1959 em território nacional. Fatores como manutenção fácil, motor arrefecido a ar e baixo consumo garantiram o sucesso do modelo no País. Mais de 3 milhões de unidades foram fabricadas em São Bernardo do Campo (SP).

Em meio aos visitantes, estava o professor, Elisbelto Luiz Cavalcante, acompanhado dos filhos Pietro Lukas Brandão de Souza Cavalcante (09) e Isabella Lavigne Brandão de Souza Cavalcante (04). Para ele, a exposição, apesar de ser um entretenimento a mais na cidade, tem uma importância cultural muito grande. “São carros que fizeram parte da história do nosso Brasil. Resgata um pouco do nosso passado e um dos pontos que mais me atraíram para a exposição é o fato da minha filha, Isabella, ser apaixonada por fusca”, declarou o pai que ainda não adquiriu o veículo, mas garantiu a compra em alguns anos. “Ela saí na rua, vê o Fusca, logo grita que quer um. Sempre tem nos pedido um Fusca”, falou. 

Todo orgulhoso do seu Fusca, ano 1965, de cor azul, carinhosamente chamado de “blue”, o técnico em radiologia, Cleber Oliveira, participa do encontro há dois anos em Corumbá. “A minha paixão pelo Fusca vem desde pequeno, cresci com o carro. O 'blue' está conosco há 20 anos. Ele foi comprado em São Paulo pelo meu pai e desde então está na família. Quando nos mudamos para Campo Grande, ele veio com a gente, ficou um tempo parado e, então, me mudei para Corumbá, com a minha família e fui ganhando independência econômica, até pedir o Fusca para meu pai, que ainda é o proprietário oficial. Fiz um trabalho de reforma nele e desde então ele está comigo e participo desse encontro que acho muito bom. Mantém vivos os amantes dessas relíquias”, contou o técnico em radiologia que ainda tem mais um carro que serve para locomoção da família e acaba sendo dividido com “blue” durante os passeios por Corumbá. 

Cleber afirma que o amor pelo Fusca é incondicional, e que como ele, ainda criança, espera que o filho de oito anos, possa ter a mesma vontade. “O amor pelo meu Fusca veio desde pequeno quando via meu pai, hoje, espero que meu filho possa levar esse gosto à frente”, disse. Ao todo, na reforma do fusca, ele teria investido entre R$ 6 a 7 mil. 

Um dos organizadores do evento, que acontece desde 2014 em Corumbá, Antonio Celso Mello dos Santos, mencionou que o encontro tem como principal objetivo reunir os amantes de carros antigos e também dos fuscas, que conforme levantamento aleatório feito por um colega do grupo Fusqueiros & Reliqueiros do Pantanal de Corumbá e Ladário, contabilizou cerca de 243 fuscas na região do Pantanal. “Com a exposição, temos mais um atrativo turístico e cultural em nossa cidade, mostrando a importância dessas relíquias dentro do seu contexto histórico. É de fato uma iniciativa inovadora que a cada ano está sendo muito bem aceita pela população, já que as visitações ganham gosto. Aqui todos os amantes de carros antigos e de fuscas se misturam, não existe diferença social. Não somos ligados a nenhum grupo político. Fazemos por hobby e amor a essas relíquias”, explicou Celso, proprietário de dois fuscas, um 74 e 72, bem como uma Kombi 74 adquirida recentemente. 

“Eu não gasto tanto. Meus filhos brigam às vezes comigo, mas é o amor por esses carros que sempre me chamaram a atenção. E hoje, graças ao meu trabalho, consigo ter sem muitos gastos”, declarou Celso.

Ação Social

Além de se tornar mais um entretenimento na cidade, o encontro de carros antigos, tem sua parte social. O grupo Fusqueiros & Reliqueiros do Pantanal de Corumbá e Ladário, promove a arrecadação de alimentos não perecíveis, como forma de pagamento da inscrição para os participantes. Todo o alimento arrecadado será repassado aos idosos do Asilo São José. 

O Fusca 

Sua produção se encerrou em 1986 como parte de um processo natural de mercado, mas retornou em 1993 por sugestão do então presidente da República, Itamar Franco. Em 1996 teve fim novamente a fabricação brasileira. No México, sua vida foi esticada até 2003. O carro foi concebido nos anos 1930 pelo engenheiro austríaco Ferdinand Porsche a pedido do governo da Alemanha, que pretendia popularizar o automóvel (daí nome "Volkswagen", "carro do povo" em alemão).

Mundialmente, o Dia do Fusca é comemorado em 22 de junho, data em que Porsche assinou o contrato que deu início ao desenvolvimento e fabricação do modelo, em 1934.  Ao longo de 2019, outros eventos reunindo carros antigos deverão ser realizados em Corumbá. A intenção é contar, além dos corumbaenses, com a participação de outros reliqueiros espalhados pelo Estado e Brasil.