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Moinho Cultural Sul-Americano capacita professores em canto coral

Lívia Gaertner em 21 de Abril de 2018

Cantar em coral além de produzir um encantamento pela junção de vozes é um exemplo de como pessoas com naturezas vocais distintas podem conviver de forma harmoniosa e produzir arte. Do tom mais agudo ao mais grave, cada componente tem seu papel fundamental para executar uma canção que toque além dos ouvidos, o coração de quem a escuta.

“A voz é carregada de emoção, mas também de muitas outras coisas que a gente não consegue enxergar. O canto coral é extremamente importante, une as pessoas por aquilo que elas não enxergam, que é o som, então elas são unidas e convidadas a construir coletivamente essas sonoridades e isso permeia as relações entre elas. O canto coral forma não apenas um canto bonito, mas relações bonitas entre as pessoas, essa é a maior contribuição que o canto coral pode ter”.

Quem diz isso é o licenciado em Música pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) com experiência em canto coral e regência madrigal, Max Michel Alves de Freitas, que, a convite do Instituto Moinho Cultural Sul-Americano, está em Corumbá para ministrar um curso de aperfeiçoamento a professores e monitores de música do projeto social e cultural que atende quase 400 crianças e adolescentes de Corumbá, Ladário e Bolívia.

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Curso acontece de forma presencial e a distância numa parceria inédita entre Moinho e UFES

“Pela primeira vez, o Instituto Moinho Cultural consegue formar parceria com uma Universidade Federal nesse sentido de capacitação e formação na área da Música. Temos a parceria com a UFMS, na área tecnológica. A gente vem buscando há anos essa especialização e conseguimos somente agora com a Universidade Federal do Espírito Santo, na pessoa do Max, e do coletivo, da equipe toda dele”, explicou Márcia Rolon, diretora executiva do Moinho.

“É um foco muito grande esse ano: fazer com que os colaboradores do Moinho estejam aptos e preparados a formar outras pessoas e para isso eles precisam estar bem seguros e firmes na formação de cada um. O Moinho desde sua criação investe muito no colaborador, nos professores e monitores, só que agora vamos inclusive receber um cerificado acadêmico”, explicou.

Um canto democrático

O curso acontece em dez módulos, sendo seis de forma presencial e quatro a distância, totalizando 400 horas. O último módulo envolverá a prática com ensaios e apresentações de uma peça coral que, segundo o ministrante Max Michel, deverá ser influenciada não exclusivamente pelas teorias apresentadas, mas pela vivência de cada participante.

“Busquei trazer quais as aplicações que os regentes de coral fazem para construir esse canto coral de uma maneira efetiva que tenham uma sonoridade, um motivo, uma visão e que façam parte, dialogue com a comunidade local. É super importante a gente construir todo esse curso que trouxe pré-moldado, mas sempre se finaliza no contexto, com as pessoas, dialogando com a história e a cultura de Corumbá que a gente vai conseguir construir esse curso na verdade”, explicou ao Diário Corumbaense.

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Max Michel Alves de Freitas é instrutor com formação acadêmica a larga experiência em canto coral

Max disse ainda que o canto coral é ferramenta muito eficaz para crianças e jovens que aprendem no coletivo a vivenciar com sentimentos tão típicos dessas fases da vida. Ele enxerga que por ser esse o público-alvo do Moinho, o curso vem muito a contribuir com a prática didática.

“O canto coral nessa fase do infanto-juvenil tem por premissa trabalhar essa relação com os adolescentes que, às vezes, pode ser um pouco conflituosa e o canto coral pode ser esse ambiente para trabalhar essas relações sociais, por exemplo, há muito essa coisa da crítica, do julgamento e da anulação entre os adolescentes, mas a gente lança ao outro aquilo que a gente mesmo enfrenta conosco e o canto coral pode possibilitar esse diálogo e passar por essa fase que, às vezes, pode ser um pouco traumatizante, de uma forma mais tranquila, através da música”, afirmou.

Instrumento e voz

Com apenas 17 anos de idade e há sete como aluno do Moinho Cultural, Felipe Gonçalves da Silva Arruda destaca-se pela sua aplicação nas aulas e, hoje, é um dos monitores em música da escola de artes. Ele se identifica mais com o clarinete, porém também tem conhecimento para tocar outros da família de sopro e sabe que aprender mais sobre o canto tem ligação direta com o som que tira dos instrumentos.

“É importante para mim porque um músico não pode se considerar como tal sem se ouvir: a afinação, as notas. Ouvir o instrumento e a voz, já que estão ligados um ao outro. Entender mais sobre a voz, ajuda a entender mais sobre qualquer instrumento que a gente venha tocar”, falou.

 A professora de violino Melissa Wiletty Lazo Herrera de Souza, começou a tocar o instrumento aos 3 anos de idade e, em 2010, graduou pela escola de Belas Artes de Santa Cruz de la Sierra no instrumento. Com 25 anos de idade, ela também, assim como o monitor Felipe, tem real noção de que a voz é um instrumento.

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Melissa Wiletty, professora de violino, diz que conhecimento em canto coral é essencial para ensino de qualquer instrumento

“No meu caso, fiz cinco anos de coral porque precisamos aprender a afinar o instrumento que sai de nós, a voz, para ter ouvido e tocar afinado também. Para quem quer ensinar a música, seja um instrumento ou simplesmente seja teoricamente, faz parte da formação completa de um músico, o canto coral”, disse.

Além da importância didática, o ministrante Max Michel Alves de Freitas, ressalta que o canto coral abre possibilidades para qualquer pessoa, sem contar que promove fascínio em quem o ouve.

“O canto coral eu sempre digo que é a atividade mais democrática que existe porque você não precisa negar ou mudar, anular quem você é para fazer parte de alguma coisa. Você, com a sua diferença, suas características próprias agrega valor onde estiver, esse é o canto coral que abraça a diversidade de uma forma muito bonita”,

O Moinho Cultural Sul-Americano atende, hoje, 360 crianças e adolescentes e conta com o patrocínio master da empresa Vale, patrocínio Cielo, parceria da J. Macedo, Sesc, BrazilFoundation e BVSA. Tem ainda como parceiros institucionais: Prefeitura Municipal de Corumbá, Prefeitura de Ladário, Prefeitura de Puerto Suárez, Prefeitura de Puerto Quijarro, IFMS, UFMS e Acaia Pantanal.

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Moinho Cultural usa música como um dos pilares de suas atividades sócioculturais

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