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Mães do assentamento São Gabriel cobram solução para falta de segurança em escola rural

Rosana Nunes em 19 de Abril de 2018

Mães do assentamento São Gabriel, localizado às margens da BR-262, distante 40 quilômetros da área urbana de Corumbá, vem se mobilizando para buscar junto às autoridades mais segurança para os estudantes que frequentam a extensão da escola polo municipal Carlos Cárcano, que funciona no assentamento Urucum.

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Mães do São Gabriel procuraram o Diário Corumbaense para relatar problema

Segundo Maria da Conceição Sena, de 54 anos, há um grupo de garotos que ronda a unidade de ensino, ameaça alunos e até a direção e professores. "Eles não estudam, fazem bagunça, alguns usam drogas e fazem ameaças. O meu filho de 16 anos foi ameaçado de morte e desde que isso aconteceu não permito que ele vá para a escola com medo de que algo aconteça. Tenho outro menino, de 11 anos, que também não está frequentando as aulas", contou ao Diário Corumbaense.

Outra mãe, Andréa Mendonça, de 29 anos, também ficou uma semana com os dois filhos, de 7 e 9 anos, em casa, sem ir à escola. "Já pensou se acontece alguma coisa quando estão descendo do ônibus escolar, por exemplo? Está muito perigoso e até a diretora e professores já foram ameaçados", frisou ao ressaltar que a situação já foi denunciada à Secretaria Municipal de Educação e Polícia Militar e registrada ocorrência na Delegacia de Polícia Civil.

Vera Batista, de 54 anos, é presidente da Associação dos Pequenos Produtores Rainha do Lar e reforçou a preocupação das mães. Para ela, seria melhor que a escola funcionasse no próprio assentamento São Gabriel porque a maioria dos estudantes é de lá. "Eu já coloquei à disposição a sede de atendimento à Saúde, que funciona no barracão da minha casa. O médico e a equipe da Saúde vão lá às quartas, no restante da semana, podem ocorrer as aulas. É só levar carteiras, quadro e a estrutura necessária. As mães estão até dispostas a ajudar na preparação da merenda para as crianças. Tudo para que seus filhos tenham mais segurança", destacou Vera.

Brigas e rixas

Procurado pelo Diário Corumbaense, o secretário municipal de Educação, Genilson Canavarro, disse estar ciente da situação naquela região e que já tomou algumas medidas, mas o problema envolve brigas e rixas. "Há gangues localizadas nessa área, no assentamento São Gabriel, no Urucum, no Mato Grande e na Escola Municipal Rural Luiz de Albuquerque, do Distrito de Albuquerque, onde estamos fazendo um projeto de atividades com a Polícia e também com o setor de segurança nosso, da Prefeitura. Mas, em relação a escola Carlos Cárcano, já tivemos reuniões para ver essa situação, falamos com a diretora, a qualquer momento que ela ver pessoas andando por ali que não sejam alunos e que sejam integrantes do grupo de gangue, é para acionar diretamente a Polícia e a Secretaria de Segurança", afirmou.  

Ele frisou que o problema é causado por adolescentes, jovens, que não estudam na escola, mas rondam e querem usar o espaço físico da unidade de ensino. "Eles passam praticamente o dia todo na ociosidade e querem adentrar à escola, mesmo porque pela escola passa uma estrada e eles ficam pra lá e pra cá, querendo também ocupar a quadra escolar, onde os alunos frequentam. A comunidade pode usar o espaço, mas fora do horário de aula e no final de semana", reforçou.

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Secretário disse que já tomou algumas medidas para que ameaças cessem

"Nós já fizemos um parceria com a Secretaria Municipal de Segurança para uma maior presença na comunidade da escola Carlos Cárcano. A equipe técnica nossa também está indo lá fazer o trabalho de mobilização, de informação, de atendimento, para que essas ameaças cessem", completou.

Sobre a reivindicação de uma escola no São Gabriel, que já tem 13 anos de implantação, o secretário lembrou que há algum tempo, o Município chegou a preparar uma estrutura para o funcionamento da unidade de ensino, mas vândalos acabaram com tudo. "A escola foi praticamente destruída, retiraram todos os fios, o mobiliário que estava lá e a situação não foi mais pra frente", contou Genilson.

Embora a maioria dos mais de 200 alunos da escola que funciona no Urucum vem do São Gabriel, a possibilidade de um novo projeto escolar passa pela questão legal, já que o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) tem que transferir para a Prefeitura a posse de uma área para a construção do prédio. Para o secretário, surge aí também outra situação que deve ser avaliada. "Um novo prédio inviabilizaria a escola do assentamento Urucum que já conta com uma estrutura e seria fechada, porque a maioria são alunos do São Gabriel. O que precisa mudar é a questão da segurança, que a gente precisa trabalhar mais, juntamente com o apoio da Secretaria de Segurança", concluiu.

Comentários:

José Mendes: Gangue no assentamento? Essa é de tirar Pica-Pau do oco. Cana nessa malandragem.