Lívia Gaertner em 18 de Abril de 2018
Anderson Gallo/Diário Corumbaense
Izulina Xavier completou 93 anos de idade nesta quarta-feira, 18 de abril
Do alto de sua idade, atualmente, as mãos que produziram centenas de estátuas em concreto e também, em menor número, em madeira, além de assinar várias publicações, entre peças de teatro, romances e cordéis, se afastaram da vida artística. Também há registros de sua breve atuação em pinturas em telas.
Depois de passar por alguns problemas de saúde, ela hoje está bem e leva sua vida de forma tranquila entre afazeres nos quais inclui a ida regular às missas, caminhada e leitura.
Arquivo Diário Corumbaense
A piauiense que adotou Corumbá para viver se tornou ícone da cultura corumbaense; aqui foi entrevistada pelo jornalista Pedro Bial
Izu, como é carinhosamente chamada pelos amigos, chegou ainda muito jovem à Corumbá, após ter se casado com José Xavier. Na viagem até à nova cidade, a bordo de um vapor pelas águas do rio Paraguai, o encantamento tomou conta de Izulina que lembra: “Aquela água toda! Não era mar. Não era água salgada, era doce. Água pra beber! É aqui que eu quero ficar. Nunca mais eu vou embora daqui!”.
Foi devido a vicissitudes da vida, que acabou descobrindo o talento que a revelaria como artista plástica. Por causa de uma promessa dirigida a São Francisco, Izulina se arriscou numa atividade que nunca tinha tido contato: esculpir em concreto. A enorme peça foi moldada em frente de sua casa durante vários meses. Autocrítica, ela não havia gostado tanto do resultado, mas quem passava todo dia em frente de sua casa e pôde acompanhar passo a passo a montagem da estátua, encantou-se.
“Tinha um dentista que sempre passava aqui por frente e, quando ele percebeu que tinha acabado, chamou todos os moradores próximos para ver a estátua. Eu me assustei com tanta gente na porta de casa e pensei que tivesse ocorrido algo errado com algum familiar, mas, na verdade, todos vieram me cumprimentar pelo trabalho. Esse foi meu batismo como escultora”, lembrou dona Izulina que, desde então, passou a se dedicar à atividade e, hoje, tem peças espalhadas por Corumbá e outras cidades do Estado, além do país vizinho, Bolívia.
Por seu carisma e importância cultural, Izulina Xavier já foi homenageada na maior festa popular da cidade, o Carnaval, em duas ocasiões. Em 2003 e 2006, a história da artista foi apresentada na avenida General Rondon, passarela do samba corumbaense, pela escola Império do Morro.
É do ano de 2004, uma das suas maiores obras que já se incorporou à paisagem e ao afetivo cultural da cidade: o Cristo Rei do Pantanal e a via crucis, instalados no Morro do Cruzeiro. Parte do trajeto de subida ao local abriga um conjunto de 72 peças que representam as 14 estações da Via Sacra. Hoje, o local tornou-se ponto turístico da cidade e também de eventos religiosos.
Em 2013, o Diário Corumbaense produziu com a artista um dos episódios da série “A História da Nossa Gente”, onde ela conta sua trajetória de vida e a relação com a cidade que a acolheu e a referenciou como ícone cultural.
Relação de obras Literárias publicadas:
Romances
10 Anos de Emoções (1971);
Um Rapto na Madrugada (1975);
Uma Mulher Antes e Depois da Operação Plástica (1978);
Um grito no Pantanal (1985) ;
Meu Pequeno Mundo (1988) e
Amor de Fronteira (1994).
História de Cordéis
A Nudez de Anita (1984);
O Vaqueiro (1986);
Maria Pernas Finas e Desdentada (1986);
Adeus (1986) e
Meu Santinho de Lata (1987).
Contos infantis
Contos da Vovó (1989)
Peças teatrais
Amor de Fronteira e
Delinqüente
Corumbá
Monumento às três Forças Armadas (Jardim da Independência)
Cristo Redentor (entrada do bairro Cristo Redentor)
São Francisco (praça Salim Chamma)
Soldado desconhecido (quartel do 17º Batalhão de Fronteira)
Nossa Senhora da Candelária (em frente ao cemitério Nelson Chamma)
Cristo Rei do Pantanal (morro do Cruzeiro)
Via Sacra, com 72 estátuas (subida do morro do Cruzeiro)
Nossa Senhora do Pantanal (igreja São Vicente)
Monumento ao Lions Clube Corumbá Pantanal (rodovia Ramão Gomes)
Nossa Senhora do Carmo (Forte Coimbra)
Águia (no topo da Casa Vasquez, ladeira José Bonifácio)
Painéis sobre História de Corumbá – (terreno da residência da artista)
Dom Bosco (em frente à paróquia de São João Bosco)
Ladário
Busto de Miguel Couto (praça 14 de Março)
Irmã Regula (praça Matriz)
Painel do Porto de Corumbá (6º Distrito Naval)
Puerto Suarez (Bolívia)
São Francisco
Madonna
Soldado Desconhecido
São Miguel
Anjo
Puerto Quijarro (Bolívia)
São Francisco
Cristo
Virgem Maria
Sagrado Coração de Jesus
Nossa Senhora do Carmo (bairro Aeroporto)
Da comunidade do Urucum (zona rural de Corumbá, próximo à rodovia BR-262)
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