Campo Grande News em 03 de Janeiro de 2017
Mato Grosso do Sul tem o maior déficit de vagas no sistema penitenciário da região Centro-Oeste, segundo dados do Sistema Integrado de Informação Penitenciária (Infopen), do Ministério da Justiça e Cidadania. No total, o Estado tem 7.278 vagas para uma população carcerária de 15.549 detentos. Ou seja, um déficit de 8.371 novos lugares, atualmente, que gera uma superlotação de 115% nas cadeias estaduais.
Na comparação com os estados vizinhos, é o maior número. Segundo os dados do governo federal, o déficit do Distrito Federal é de 7.485 vagas. Goiás aparece com necessidade de 6.501 novos lugares para abrigar sua população carcerária, enquanto Mato Grosso tem 4.229 detentos a mais que sua capacidade total nos presídios.
O déficit sul-mato-grossense é maior, inclusive, que o de estados como o Rio Grande do Sul (6.838 vagas faltando), Bahia (7.014), Pará (4.788), Santa Catarina (4.780) e até mesmo o Amazonas (5.488), palco de uma rebelião originada por confronto de facções criminosas rivais que deixou 53 mortos em um presídio de Manaus, sua capital, neste início de ano.
Para Ailton Stropa Garcia, diretor-presidente da Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário de Mato Grosso do Sul (Agepen), os dados do estado são justificáveis pelas divisas e fronteiras, o que aumentam os flagrantes de tráfico de drogas. “Temos quase 7 mil presos decorrentes desse crime. E a maioria é formada por moradores de outros estados. Fazemos fronteira com dois países e divisa com cinco estados. Quanto mais nossa polícia atua, mais nossos sistema carcerário incha”, disse Stropa.
Risco
Se o MS aparece como uma das principais rotas do tráfico para abastecer os estados principalmente do Sudeste, o diretor-presidente da Agepen não vê risco do ocorrido em Amazonas se repetir por aqui. Isso apesar das constantes rebeliões e tentativas de fugas registradas no Estabelecimento Penal de Segurança Máxima de Campo Grande justamente por confrontos entre facções criminosas rivais.
No início de dezembro, por exemplo, detentos do local foram transferidos para cadeias do interior após serem ameaçados de morte. Para evitar confrontos, Stropa promete aliviar a superlotação. No início deste ano, o Estado recebeu via Fundo Penitenciário Nacional (Funpen) R$ 31,9 milhões para a construção de pelo dois novos presídios, em Dourados (a 233km de Campo Grande).
Outros R$ 22,6 milhões recebidos pela Agepen serão destinados para a conclusão das obras dos novos presídios em Campo Grande, além das ampliações das cadeias de Ponta Porã, Coxim e Corumbá. “Justamente por esse grande número de presos de outros estados, brigamos por maior participação da União no custeio do nosso sistema penitenciário”, disse.
Segundo Stropa, um dos novos presídios na capital, na Gameleira, será inaugurado até maio e os outros dois devem ficar prontos até o final deste ano.
Paulo Camara de Freitas: Imagino ter menos de 1 mil agentes penitenciários para manter preso mais de 15 mil detentos, o Estado de MS tem que fazer concurso publico urgente, senão será o próximo a ter rebeliões e chacinas.
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