Camila Cavalcante em 03 de Dezembro de 2015
Uma família que mora em Ladário fez “tocaia” desde às 08 horas da manhã de quarta-feira (02), na fronteira Brasil-Bolívia, a fim de recuperar duas motocicletas roubadas na noite de terça-feira (1º), na cidade ladarense. Três rapazes estavam na frente da casa de um amigo, por volta das 23h15 quando um trio de bandidos apareceu anunciando o assalto. Dois deles estavam armados de revólver. As vítimas perderam as motocicletas, uma Honda NXR 125 Bros KS e uma NXR 150 Bros ES e não conseguiram identificar nenhum dos autores, que fugiram levando os veículos.
A família se armou com pedaços de pau e ficou esperando durante toda a manhã, quando por volta do meio-dia conseguiu interceptar um dos ladrões antes que ele cruzasse a fronteira Brasil-Bolívia. “Ficamos sabendo que as motos poderiam ser levadas para a Bolívia, então, minha mãe veio e ficou na entrada desde as 08 horas da manhã, eu vim às 11 horas e depois os outros também chegaram. Logo depois, ao meio-dia, eu vi a primeira motocicleta, a preta, a do amigo do meu irmão, mas como fiquei na dúvida, demorei para agir e não consegui acertar a 'paulada' no ladrão. Ele acelerou e conseguiu entrar com a moto na Bolívia. Depois de alguns minutos, eu vi a motocicleta do meu irmão, a reconheci por causa do aro, então, eu corri em direção à moto e acertei o motociclista. Ele caiu da moto, tentou fugir, mas consegui segurá-lo. Depois, os seguranças que estavam na Receita Federal colocaram ele dentro de uma sala até a Polícia Militar chegar e levá-lo”, contou ao Diário Corumbaense o irmão de uma das vítimas do roubo.
Populares que acompanharam tudo e não quiseram se identificar, relataram à reportagem que enquanto o jovem estava em luta corporal com o homem que conduzia a motocicleta, um policial boliviano, ingressou no lado brasileiro, munido de um revólver, mandou que ninguém se aproximasse do veículo, pegou a motocicleta e atravessou com ela para a Bolívia, entregando-a na Polícia Boliviana de Puerto Quijarro – Diprove.
Fotos: Anderson Gallo/Diário Corumbaense
Família se armou de pedaços de pau na abordagem, mas policial boliviano levou moto para a Diprove
“Uma das motocicletas roubadas em Ladário, a Bros de cor laranja, está em meu nome e quem estava com ela no dia do roubo era meu filho. Ficamos inconformados com esse assalto e decidimos vir atrás do veículo sozinhos. Eu, minha esposa, meus filhos e amigos, ficamos vigiando a fronteira, até que meu filho conseguiu pegar um dos ladrões, ficando a motocicleta caída a alguns metros da entrada da Bolívia. O nosso problema é que um policial boliviano entrou no Brasil armado, mandou que minha esposa não pegasse a motocicleta e levou-a para uma delegacia boliviana”, explicou o proprietário do veículo, Ageu Rodrigues Santana, de 53 anos.
Após a confusão, Ageu foi até a polícia boliviana, por volta das 14 horas, entregou todos os documentos que comprovam a propriedade da moto, mas foi informado na delegacia que a motocicleta seria devolvida na fronteira às 16 horas. A família aguardou, porém, depois foi informada de que o veículo só seria devolvido à polícia brasileira.
“Eles pediram cópias do documento da moto, entreguei, disseram que a devolveriam às 16 horas, fiquei esperando na fronteira até às 17h30, horário do Brasil, quando disseram que por se tratar de fronteira, eles só poderiam devolver a moto para a polícia brasileira, e que pessoalmente eu não posso pegar. Estamos indignados, pois a policia boliviana pegou nossa motocicleta dentro do Brasil, com arma em punho, e agora faz isso para devolver? Só queremos a motocicleta de volta, não queremos confusão com ninguém, pois a moto é para trabalho”, afirmou Ageu Rodrigues, que registrou boletim de ocorrência relatando o caso no 1º Distrito Policial de Corumbá.
Procurado pela reportagem deste Diário, o delegado Regional de Polícia Civil, Gustavo de Oliveira Bueno, disse que vai pedir à Receita Federal as imagens das câmeras de segurança da fronteira para análise e que vai entrar em contato com a Polícia boliviana para esclarecer o ocorrido e reaver a motocicleta.
A situação desta quarta-feira (02), relatada por testemunhas, lembra o fato ocorrido no dia 16 de julho deste ano, quando oito policiais militares e duas viaturas da corporação permaneceram por horas na Diprove, sede da polícia boliviana de Puerto Quijarro, após entrarem com armas em território boliviano durante perseguição ao motorista de um Voyage branco, que transportava uma carga de roupas sem a documentação fiscal.
O autor foi preso pelos próprios policiais brasileiros, que pertencem ao 6º Batalhão da Polícia Militar de Corumbá, com participação da polícia boliviana que, em Puerto Quijarro, encaminhou os policiais militares e o homem preso para a sede da Diprove. Na época, as autoridades negaram que os policiais brasileiros tivessem sido detidos, e sim que tiveram que permanecer na Bolívia até a conclusão da apuração do caso.
Anderson Costa cumpria pena no regime semiaberto
Homem pego por jovem foi levado para a Polícia Civil
O homem que conduzia a moto roubada em Ladário, Anderson da Silva Costa, 22 anos, foi levado pela equipe da Força Tática da Polícia Militar de Corumbá à Delegacia de Polícia Civil para a autuação em flagrante.
Ele estava cumprindo regime semiaberto e tem ficha criminal por roubo. Anderson afirmou à PM, que não realizou o roubo. Disse que “tinha uma dívida" de 300 reais com um dos autores do assalto e que para pagar essa dívida, ele teria que atravessar a motocicleta para a Bolívia. Anderson ainda afirmou que não sabia quem receberia o veículo no lado boliviano e nem quanto seria pago pelo veículo.
03/12/2015 Polícia boliviana devolve motocicleta que havia sido roubada em Ladário
Ana Clara Medina: Família trabalha para ter algo e vem alguns meliantes fazer essa sacanagem de retirar aquilo que conseguiram com sacrifício! Onde estava a policia nesse momento? A própria família teve que ir fazer "tocaia" na fronteira pra ver se conseguiria recuperar a motocicleta, sendo que os próprios policiais deveriam fazer isso! E ainda o fulano pega a motocicleta e coloca pra dentro da fronteira! Que absurdo meu Deus! Onde iremos parar com essa robalheira?
JOAO PEDRO MOSCIARO: nossa esse rapaz estudou comigo no ensino fundamental no Fernando de Barros, pena que nao seguiu outros caminhos, infelizmente isso é somente escolha pessoal, nao é infuencia e sem mais, muitas das vezes nao e falta de oportunidades na vida porque eu nao recebi nenhuma e nem por isso graças a deus nao estou passando por isso, é nada mais e nada menos que a ganancia por dinheiro e a necessidade de encontrar da forma mais facil possivel.
Alexandre Leite: Esta família está de parabéns pela atitude, só faltou ter uma atitude mais enérgica e repressiva com os meliantes, acho que o caminho é por ai mesmo, a policia tenta fazer o trabalho dela mais é impedida pela justiça que libera os meliantes, mesmo com contratações de novos policiais ainda é visível a falta de efetivo, falta de estrutura, falta de viaturas. Creio que deva ser difundida estas atitudes, a população mostrar a sua força e indignação com os roubos e furtos que só crescem na cidade.
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