Marcelo Fernandes em 08 de Novembro de 2013
A fronteira brasileira de Corumbá com a Bolívia vai contar com um centro de operação do Sistema de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron), que terá as unidades que o Exército mantém na cidade como bases. A informação veio durante o debate promovido pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado, na manhã desta sexta-feira, 08 de novembro, que discute a vigilância e a proteção das fronteiras terrestres brasileiras.
Fotos: Anderson Gallo/Diário Corumbaense
Comandante do Centro de Comunicações e Guerra Eletrônica do Exército destacou que Sisfron contribuirá para a redução dos crimes nas faixas de fronteiras
Desenvolvido pelo Exército, o Sisfron é classificado como o maior sistema de vigilância de fronteiras em fase de implantação no planeta. Tem orçamento de R$ 12 bilhões e envolve radares, sistemas de comunicação e veículos aéreos não tripulados. A previsão é que leve dez anos para ser totalmente implantado. É baseado em uma rede de sensores colocados sobre a linha de fronteira, interligada a sistemas de comando e controle ligados às unidades operacionais com capacidade de dar resposta, em tempo real, aos problemas detectados ao longo dos 16,8 mil quilômetros de fronteira seca do Brasil.
Mato Grosso do Sul sedia o projeto piloto de instalação de todo o sistema. O trabalho é realizado pela 4ª Brigada de Cavalaria Mecanizada de Dourados, que implanta essa tecnologia a partir de Mundo Novo e Porto Murtinho, estendendo-a gradativamente para o restante de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Amazônia e fronteira da região Sul do país.
Gerente geral do Sisfron, o general de Divisão, João Roberto de Oliveira, destacou durante uma palestra no Centro de Convenção de Corumbá, que o objetivo é aumentar a proteção às fronteiras brasileiras. “Nossa fronteira é muito extensa e temos muitos vazios ao logo dela. Não temos condições de adotar um sistema com pessoas atuando em toda essa faixa”, disse explicando que o meio de conseguir esse controle foi buscando “vigilância com recursos tecnológicos”. O próprio general informou que o projeto do Sisfron prevê um centro operacional instalado em Corumbá. O planejamento estabelece que as ações para sua implantação tenham início a partir de 2014.
Debate foi realizado no Centro de Convenções
O general de Divisão, Antonino dos Santos Guerra Neto, comandante do Centro de Comunicações e Guerra Eletrônica do Exército, destacou que a tecnologia de monitoramento contribuirá para a redução dos crimes nas faixas de fronteiras. “O código penal inteiro pode ser encontrado nas nossas fronteiras. Acontece de tudo e temos todos os tipos de crimes. É uma faixa extensa que hoje se encontra abandonada, em todos os sentidos, seja na questão social ou da vigilância policial. E isso afeta o país como um todo”, afirmou.
Entre os crimes citados pelo comandante do Centro de Comunicações estão furtos e roubos de gado; contrabando; crimes ambientais; exploração sexual; tráfico de pessoas e de drogas; tráfico de armas; roubos de carga e de veículos, além de servir como rota para veículos roubados e refúgio de criminosos.
Com a vigilância e monitoramento das fronteiras atuando plenamente, os benefícios serão em variados setores, argumentou o general Santos Neto. Foram destacados por ele: o aumento da presença efetiva do Estado numa região anteriormente abandonada; efetivação de estratégias de defesa, com presença militar; geração de empregos para indústria nacional de defesa; diversificação da pauta de exportação do país com tecnologia; aumento da segurança para toda a sociedade; combate aos crimes ambientais e reforço para atuação dos órgãos de segurança pública.
Manutenção da defesa nacional
Realizador do ciclo de debates, o senador Delcídio do Amaral vê o Sistema de Monitoramento de Fronteiras como um projeto fundamental para a manutenção da defesa da soberania nacional e combate ao crime organizado. “O Sisfron é um basta a essas ações é uma política de cidadania, que olha especialmente as pessoas e nossas fronteiras. O Brasil não vai ser um país cidadão se não cuidar de nossas fronteiras”, observou o congressista.
Argumentou ainda que o projeto desenvolvido pelo Exército é uma “resposta” a um problema “que preocupa toda a população brasileira”, que é o investimento em segurança. Além de ser uma importante ferramenta de “qualificação para a empresa nacional na área de defesa”.
Mato Grosso do Sul sedia o projeto piloto de instalação de todo sistema
Acompanhando a apresentação do projeto do Exército, que deve ter implantação efetiva entre os anos de 2021 e 2022, o prefeito Paulo Duarte reforçou a necessidade de integração dos órgãos de segurança pública e destacou que o Sistema de Monitoramento é um investimento “arrojado” e que não é “importante apenas na questão tecnológica, mas principalmente na inteligência humana e no olhar diferenciado que se dará às fronteiras a partir de sua implantação”.
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