Fonte: Campo Grande News em 29 de Maio de 2013
Sob a ótica da Medicina, o destino de Dionathan Celestrino, o jovem de 22 anos que ficou conhecido como Maníaco da Cruz, não deve ser a rua, mas um hospital de custódia, unidade que também funcione como prisão.
O Campo Grande News apurou que o laudo que dá alta para o jovem, por não considerá-lo doente mental, indica que ele deve ficar longe do convívio social. No entanto, não há hospital de custódia no Estado.
A palavra final sobre o destino do maníaco, que foi interditado, será da Justiça. No entanto, a divulgação de que o psiquiatra Luiz Salvador Miranda de Sá Júnior deu alta médica para o jovem, internado desde o dia 3 de maio na Santa Casa, provocou bastante polêmica.
"Quem tem que ficar no hospital? Doentes que precisem de cuidado. Ele não precisa ficar internado, não tem remédio para ele", afirma Luiz Salvador. No processo de avaliação, o profissional ouviu até a mãe de Dionathan. O laudo aponta que o jovem não é doente mental.
Presidente da Associação de Psiquiatria de Mato Grosso do Sul, o médico Kleber Francisco Meneghel Vargas explica que, diferente do senso comum, a psiquiatria faz distinção entre doente mental e psicopata.
"Há uma grande confusão, o que o doutor Salvador falou é que não se trata de um quadro de doença mental, por exemplo, uma esquizofrenia. Em que se tem medicação para melhorar os sintomas", afirma.
Na esquizofrenia, o doente vê vultos, se sente perseguido e não tem julgamento crítico dos seus atos. Em tese, Kleber Vargas avalia que o maníaco tem transtorno de personalidade antissocial grave. "É o indivíduo que não consegue respeitar normas, leis sociais, não consegue se colocar no lugar dos outros. Sabe o que está fazendo errado, mas não se importa", explica, sobre o comportamento de um psicopata.
À espera da decisão judicial, Dionathan Celestrino segue internado na Santa Casa. No hospital, foram tomadas medidas de segurança. Ele está sozinho em uma enfermaria onde, ao todo, caberia três pacientes. A janela basculante foi rebitada para impedir a abertura, somente homens fazem o atendimento e todo procedimento é feito com a porta aberta, para que possa ser visualizado pelos policiais militares responsáveis pela escolta.
O maníaco foi para a Unei (Unidade Educacional de Internação) de Ponta Porã em 2008, após três assassinatos em Rio Brilhante. As vítimas eram sempre deixadas em formato de cruz. Em 2011, conforme o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), ele deveria ser posto em liberdade por ter cumprindo o tempo máximo de pena: três anos.
Neste meio-tempo, veio a interdição e ordem para internação compulsória em hospital psiquiátrico. O governo não encontrou local que o recebesse e o maníaco permaneceu na Unei até março deste ano, quando fugiu.
Ele foi localizado no dia 29 de abril na cidade paraguaia de Horqueta. Extraditado, permaneceu numa delegacia de Ponta Porã até o dia primeiro de maio. Nesta data, após um incidente com disparo de arma de fogo na cela onde estava, veio para a 7ª delegacia de Campo Grande. Depois, foi internado na Santa Casa.
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