Lívia Gaertner em 22 de Maio de 2013
Uma passeata que reuniu policiais militares e civis percorreu as principais ruas do centro de Corumbá, na manhã desta quarta-feira, 22 de maio, com a intenção de levar ao conhecimento da população a situação que as instituições de segurança vêm vivenciando, sobretudo no tocante a questões salariais e de infraestrutura.
A manifestação pacífica também contou com o apoio dos feirantes da Brasbol (feira Brasil-Bolívia), espaço que foi interditado no último sábado, 18 de maio, por recomendação do Ministério Público à Prefeitura Municipal expondo irregularidades de ordens fiscais, legais e segurança no local.
Fotos: Anderson Gallo
Ao chegarem no cruzamento das ruas 13 de Junho e Frei Mariano, policiais deram as mãos e cantaram Hino Nacional
Ao chegarem no cruzamento das ruas Frei Mariano e 13 de Junho, centro comercial da cidade, os manifestantes deram as mãos e cantaram o hino nacional, sendo seguidos pela população que parou para ouvir as reivindicações. Com camisetas pretas e cartazes nas mãos, os policiais relatavam durante a caminhada que o salário, hoje, recebido pela categoria figura entre um dos piores do país, situação que foi se agravando ao longo de sete anos.
"Nosso salário hoje está num ranking de 25º pior do país. Nós ganhávamos adicional de fronteira e tudo isso atravancou nosso salário, não possibilitando dizer que ganhamos razoavelmente bem", disse ao Diário, Valdenir Ortiz, investigador da Polícia Civil e delegado sindical do Sinpol em Corumbá.
Nas delegacias de Polícia Civil da cidade, o atendimento tem sido realizado com apenas 30% do efetivo, dando-se prioridade a casos considerados de extrema necessidade. A paralisação não atinge delegados e peritos.
"Nós queremos o nosso salário digno, fazemos um trabalho bem feito apesar da precariedade de nossos materiais, mas dentro do nosso padrão. Fazemos com que a população tenha uma resposta", lembrou Ortiz que avalia. "Quem leva a Polícia Civil à frente em todo o estado de Mato Grosso do Sul são os investigadores e os escrivães que não estão sendo respeitados".
Representando os policiais militares, o diretor regional da Associação de Cabos e Soldados de Corumbá, Adamor Abreu de Oliveira Filho, confirma que, apesar de notas oficiais do Governo e da posição do Comando do 6º Batalhão da Polícia Militar, os policiais estão aquartelados desde a manhã da terça-feira, 21 de maio, como medida de pressão por um acordo.
Adamor Abreu de Oliveira Filho, diretor regional da Associação de Cabos e Soldados de Corumbá, afirma que policiais estão aquartelados
"Toda situação vai existir para desmobilizar, mas estamos bem conscientes e sólidos em dizer que o aquartelamento existe. Eu afirmo e assino porque a assembleia está em aberto, em torno de 80% estão aderindo em todo o Estado, não é somente Corumbá, que fique bem claro", disse ao lembrar que a medida de aquartelamento atinge também as cidades de Paranaíba, Costa Rica, Chapadão do Sul, Inocência, Figueirão, Paraíso das Águas e Cassilândia, Três Lagoas, Ponta Porã, Aquidauana e Campo Grande.
Apesar das várias dificuldades enfrentadas no desenvolvimento do trabalho da Polícia Militar, Adamor esclareceu que a prioridade, neste momento, é a questão salarial.
"O foco que a gente observa hoje é o salário, a gente quer dar vida digna a nossos familiares, a gente, no momento, nem cita as outras deficiências para não desvincular o foco. Há sete anos não recebemos o fardamento, trabalhamos em condições precárias. Já oficiei a Promotoria e ao juiz de direito a situação que a PM e os Bombeiros vivem em Corumbá", declarou o líder sindical que pede apoio da população na luta por melhores salários e condições de trabalho. "Eu queria fazer um clamor à população de Corumbá que entre e se engaje nesse briga conosco", pediu.
O reajuste solicitado pela categoria é de 17% do salário do coronel em 2013, 20% para 2014, e aumento toda vez que a patente maior tiver o reajuste. O Governo apresentou proposta de 7%.
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José Marcio: Os mesmos feirantes da BRASBOL que foram cercados e impedidos de realizar a manifestação no centro de Corumbá estavam presentes. E os comerciantes? KD?
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