Camila Cavalcante em 06 de Maio de 2013
A Polícia Civil de Corumbá apresentou nesta segunda-feira, 06 de maio, quatro dos cinco acusados de terem assassinado o caminhoneiro Benedito Boze, de 55 anos, na terça-feira, 30 de abril, em Corumbá. O crime aconteceu em um imóvel localizado na rua Ricardo Franco esquina com a 1º de Abril.
Delina Pessoa Ares, de 18 anos; Gutemberg Daniel Grillo, de 19, e três adolescentes, todos com 15 anos de idade, são acusados pelo crime. "A Delina arquitetou e planejou toda a ação. Ela tinha fácil acesso à casa da vítima, pois fazia programas sexuais diários com Benedito. Tudo ocorreu por conta de cobiça; o caminhoneiro ostentava que tinha dinheiro, ele sempre falava que era proprietário de dois caminhões, que tinha uma motocicleta nova, além disso, recebia (dinheiro) muito bem. Esse fato despertou a cobiça de Delina, que tramou a situação, facilitou o acesso dos menores de idade à casa e acabou ocorrendo o roubo seguido de morte. Ela será indiciada por latrocínio e pode pegar até 30 anos de prisão em caso de condenação", explicou o delegado Gustavo de Oliveira Bueno, titular do 1º Distrito Policial, ao lembrar que Benedito Boze estava em regime semiaberto, após cumprir pena por crime sexual contra menores de idade.
Fotos: Anderson Gallo/Diário Online
Delina planejou a ação e chamou adolescentes para executar crime
O trio de menores de idade é acusado de ter torturado e assassinado o caminhoneiro. De acordo com eles, a vítima "pagou para ver" e acabou morrendo. "A Delina foi anteriormente à casa de Benedito com os menores, com a desculpa de pegar um ventilador e mostrou o acesso a casa. Na madrugada de terça-feira, os três adolescentes surpreenderam Benedito. Ele foi amarrado e levou marteladas na cabeça, o que foi comprovado pela necropsia. Conseguimos chegar a essa conclusão, tanto por evidências que encontramos na casa, como pela perícia no corpo. Os adolescentes são franzinos e o caminhoneiro entrou em luta corporal com o trio. "Pagou para ver", como eles disseram e acabou executado com um tiro. Os três menores de idade já possuíam passagem pela UNEI (Unidade Educacional de Internação), por roubo, agora, eles também responderão por latrocínio e serão encaminhados novamente à UNEI", relatou Gustavo Bueno.
A motocicleta da vítima não foi recuperada e teria sido levada para a Bolívia por Gutemberg, no mesmo dia do crime. Cada integrante do grupo receberia o valor de R$ 800,00 com a venda do veículo. "O Gutemberg está foragido e temos um mandado de prisão contra ele. Contamos com a colaboração da população para que o denuncie e que seja preso", argumentou o delegado.
Os adolescentes já estavam a caminho de Campo Grande, e através de denúncia, foram encontrados dentro de um ônibus intermunicipal, na BR 262. "A princípio, todos os autores responderão por latrocínio, porém, ainda estamos estudando se serão indiciados também por tortura, pois, ficou evidenciado esse tipo de crime na necropsia", ressaltou o titular do 1º DP.
Cena do crime
A cena do crime foi primordial para a elucidação do caso, apontou o delegado Gustavo Bueno. "Tratamos o caso como um homicídio inicialmente. Depois, com o avançar das investigações, com a perícia, foi possível, graças à preservação do local do crime, localizar itens que nos levaram a identificar o caso como latrocínio, roubo seguido de morte. A Polícia Militar agiu de uma forma ímpar, pois, conseguiu deixar tudo em perfeitas condições até a chegada da equipe da Polícia Civil", enfatizou.
Delegado Gustavo Bueno comandou as investigações que esclareceram o latrocínio
"No local, encontramos alguns dados fundamentais que indicaram a dinâmica dos fatos", explicou. "O primeiro fato, foi a trajetória do disparo, que nos levou a suspeitar que o autor seria alguém da convivência da vítima, pois tudo ocorreu no interior da casa. Segundo: encontramos a corda, o que indicou e depois comprovamos, que houve a tortura. Terceiro: o quarto estava trancado e identificamos que a Delina repassou a chave para os menores que fizeram toda a ação. Quarto: a Delina já estava no local, foi ela quem encontrou o corpo e estava com a chave da casa no pescoço. Então, ela foi interrogada duas vezes, até que confessou o que houve", destacou.
Mais crimes
De acordo com o delegado, Delina e os menores de idade também estão envolvidos no roubo de motocicletas nos últimos dias em Corumbá. Os adolescentes, eram responsáveis pelo roubo e a mulher, servia de isca. "São pessoas que estão envolvidas em atos criminais desde cedo. Os menores já praticam roubos há muito tempo, e todos eles se conheciam da noite, viviam em casas noturnas e ganhavam a vida dessa maneira fácil. Conseguimos descobrir que eles estão envolvidos em mais crimes de roubos de motocicletas e esses casos ainda estão sendo investigados", concluiu Gustavo Bueno.
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