Promotor teria se equivocado com números
Fonte: Terra Notícias - Agência Efe em 31 de Março de 2011
O anúncio das autoridades da Bolívia sobre o confisco de duas toneladas de cocaína na fronteira com o Brasil durante a visita a La Paz do ministro da Justiça brasileiro, José Eduardo Cardozo, para assinar acordos antidrogas, foi reduzido nesta quarta-feira a apenas dois quilos, informaram fontes oficiais.
Fontes do Ministério de Governo e do vice-ministério de Substâncias Controladas disseram à Agência Efe que o promotor responsável pela região leste de Santa Cruz, Isabelino Gómez, cometeu um erro ao dizer que os policiais de Bolívia e Brasil tinham confiscado duas toneladas de cocaína, quando a quantia era de pouco mais de dois quilos.
Gómez assegurou à imprensa que o confisco ocorreu na cidade de Santa Cruz e nos povos fronteiriços de Puerto Quijarro e Puerto Suárez, localidade que, na noite de terça-feira, foi visitada por Cardozo e seu colega boliviano de Governo, Sacha Llorenti.
Ao ser consultado nesta quarta-feira sobre o ocorrido em entrevista coletiva conjunta com Cardozo em La Paz, Llorenti disse que a informação de Gómez seria retificada, mas que ele não tinha detalhes sobre o volume da droga confiscada.
Segundo Gómez, nas operações foram detidos colombianos, equatorianos, brasileiros, bolivianos e uma polonesa.
Cardozo tinha previsto supervisionar, na terça-feira, a operação antidroga liderada por Gómez em Puerto Quijarro, mas suspendeu essa atividade pelo atraso na sua chegada à zona em um voo militar com jornalistas convidados.
Llorenti, Cardozo, autoridades policiais e diplomatas de ambos os países assinaram nesta quarta-feira convênios para aprofundar a ajuda antidroga do Brasil à Bolívia, já que o mercado brasileiro recebe até 60% da crescente produção de cocaína boliviana.
Cardozo anunciou que o acordo principal estabelece que, em agosto ou setembro, serão realizados voos não tripulados para vigiar a fronteira e rastrear narcotraficantes e outros delinquentes.
Llorenti reiterou que o convênio assinado pode ser "o eixo articulador" da luta contra as drogas na região, ao qual poderão se juntar outros países e organismos internacionais.
Cardozo apontou que as autoridades brasileiras identificaram os pontos fronteiriços vulneráveis e têm um "mapa de informação reservada" sobre organizações criminosas da Bolívia e outros países, enquanto Llorenti insistiu em negar a presença de cartéis do narcotráfico em seu país.
O ministro brasileiro assistiu, na terça-feira, à destruição de cultivos ilegais de coca por soldados na zona de Chapare, bastião sindical e político do presidente Evo Morales, ainda líder de sindicatos de produtores da folha nessa zona tropical do centro do país.
O escritório antidrogas da ONU e dos Estados Unidos asseguram que a produção de cocaína aumentou na Bolívia desde que Morales chegou ao poder em 2006, mas o Governo de La Paz nega.