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Ataque a indígenas em Douradina deixou 10 feridos

Campo Grande News em 04 de Agosto de 2024

Apib/Divulgação

Indígena com ferimento no pescoço deitado no chão em Douradina

Um indígena guarani-kaiowá ferido na região da Panambi-Lagoa Rica em Douradina, a 190 km de Campo Grande, neste sábado (04), está internado em estado grave no Hospital da Vida, em Dourados. Outros quatro indígenas também levados ao hospital tiveram alta entre sábado e domingo.

Ao todo, segundo informações tanto do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) quanto do Ministério dos Povos Indígenas (MPI), 10 indígenas ficaram feridos em um ataque cometido, supostamente, por produtores rurais, sendo cinco encaminhados para o hospital em Dourados e cinco atendidos pela Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) nos pontos de ocupação mesmo.

Ainda conforme o Cimi, o ataque deste sábado aconteceu em um dos sete pontos de ocupação ao longo das propriedades rurais. Entre as vítimas estão dois adolescentes, uma idosa e uma mulher grávida.

Vídeos e fotos divulgados pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) mostram os feridos ensanguentados ao chão. Um dos vídeos é possível ver um homem com ferimento na cabeça. A entidade também divulgou que três pessoas foram atingidas por armas de fogo e os demais com balas de borracha.

O Cimi acusa a Força Nacional, que faz a segurança dos pontos de ocupação, de deixarem o local expondo os indígenas ao ataque de jagunços. Conforme nota publicada no site oficial da instituição, alguns agentes teriam inclusive avisado que os indígenas saíssem porque se não iriam “morrer”.

“Pega teu povo e sai daqui ou vocês vão morrer”. Este foi o aviso dado a um indígena Guarani e Kaiowá das retomadas de Douradina (MS), no início da tarde deste sábado (3), por um agente da Força Nacional pouco antes do destacamento se retirar da área dando liberdade para um ataque de jagunços fortemente armados, que empoleirados em camionetes atiraram com munição letal e balas de borracha deixando dez Guarani e Kaiowá feridos – em apuração inicial”. 

A reportagem entrou em contato com a Força Nacional, que negou ter deixado o local. Segundo o Capitão Camilo, o conflito que resultou nos 10 feridos aconteceu a quatro quilômetros de onde a guarnição da Força estava. “É uma extensão muito grande”, disse ele.

O Ministério dos Povos Indígenas cobrou em nota explicações do Ministério da Justiça e Segurança Pública sobre a suposta retirada de agentes da Força Nacional.

"O secretário executivo do MPI, Eloy Terena, acionou o Ministério da Justiça e Segurança Pública para receber explicações sobre a retirada da Força Nacional do local imediatamente antes do ataque e para garantir que o efetivo permaneceria no território para evitar novos episódios de violência", diz trecho da nota. 

Jagunços presos

Dois dias antes de ataque que deixou os 10 indígenas feridos, a Força Nacional também flagrou casal armado dentro de caminhonete, depois de tiros disparados dentro do acampamento guarani-kaiowá, comunidade que disputa terras com fazendeiros. Indígena  levou tiro de raspão no tornozelo direito. 

Um homem e uma mulher, não identificados, foram encaminhados à sede da Polícia Federal e disseram que foram contratados como seguranças de produtores rurais da região. Depois de prestar depoimento, ambos acabaram liberados. Ainda segundo a Força Nacional, as duas armas encontradas com eles foram apreendidas. 

A Delegacia da Polícia Federal em Dourados informou, através da assessoria da PF, que foi instaurado inquérito para investigar o suposto atentado a tiros de quinta-feira. Vestígios foram encaminhados para a perícia. O mesmo procedimento deve ser adotado sobre o ataque de sábado.