Portal de Notícias de MS em 23 de Junho de 2024
Bruno Rezende/Governo do Estado
Avião Air Tractor tem capacidade de transportar até 3 mil litros de água
A complexidade do trabalho envolve técnicas específicas para conter e extinguir as chamas, seja de dia ou de noite na Operação Pantanal 2024 - que começou em 02 de abril e desde 11 de junho está na chamada 'fase de resposta', com intensa atuação das equipes no bioma.
No sábado (22), as aeronaves do GOA (Grupamento de Operações Aéreas), do Corpo de Bombeiros e da CGPA (Coordenadoria Geral de Policiamento Aéreo), da Polícia Militar, atuaram na área conhecida como Bracinho, próximo ao Porto Geral de Corumbá.
"É uma área em que a fumaça tem incomodado a população devido a proximidade com a cidade. Por isso, concentramos os lançamentos no local. Retomamos os combates nas proximidades de Corumbá e estamos prontos para ação em outros pontos de interesse", explica o capitão Jonatas Lucena, do GOA.
"Temos uma equipe com três militares para apoio solo, de abastecimento tanto de água e de combustível, e mais dois militares embarcados na aeronave Air Tractor, sendo o piloto e o copiloto. Nós operamos em áreas estruturadas e em fazendas, nas áreas afastadas. Possuímos toda a estrutura para levar nossa equipe o mais próximo do foco do incêndio", completou.
O avião Air Tractor, utilizado há três anos em operações de combate a incêndios em todo o Mato Grosso do Sul, tem capacidade de transportar até 3 mil litros de água para áreas de difícil acesso, encurtando assim o tempo de resposta contra o fogo.
"Também temos um tanque de 20 mil litros, que através de uma motobomba a gente completa nosso avião com 3 mil litros em cada carga. Depois partimos para fazer os alijamentos nos pontos pré-determinados", seguiu explicando Lucena.
Bruno Rezende/Governo do Estado
Helicópteros do CGPA, equipados com um balde automático, faz a captação da água no rio Paraguai
Tal equipamento é chamado 'bambi bucket' ou 'helibalde' e funciona com a capacidade de 820 litros, o mais moderno que tem no mercado. Ele é acionado eletronicamente, de dentro da aeronave, a partir de uma válvula que é acionada pelo piloto, que pode efetuar o disparo e dosar a quantidade de água que será lançada em cada ponto", explicou o tenente-coronel Fábio Gonçalves.
Combate noturno: estratégia contra o fogo
O fogo não para e, por isso, sequer à noite o trabalho contra ele cessa. Além disso, o trabalho do Corpo de Bombeiros no período noturno é tido como estratégico pela corporação, que aponta vantagens no combate aos incêndios florestais neste horário.
"No Pantanal, o combate noturno é uma tática que usamos muito por causa das condições atmosféricas, já que ao meio-dia ou uma da tarde encontramos temperaturas de até 46°C e umidade relativa do ar com 13%, fora os ventos acima de 50 km/h. Isso dificulta muito o combate", disse a diretora de Proteção Ambiental do Corpo de Bombeiros, Tatiana Inoue.
Tenente-coronel dos Bombeiros, Inoue está em Corumbá participando diretamente do combate ao fogo ao lado das equipes que desbravam matas, indo ao encontro dos focos de incêndio.
Divulgação/Corpo de Bombeiros Militar
Trabalho do Corpo de Bombeiros no período noturno é tido como estratégico pela corporação
O solo de turfa, típico do Pantanal por causa da decomposição de matéria orgânica, é outro componente que alimenta o fogo. "Determinadas regiões com o solo de turfa, quando está seco, criam bolsões de ar dentro do solo, formando material combustível", contou Tatiana.
A turfa, um dos incêndios florestais mais complexos, é o tipo de material orgânico resultante da decomposição da vegetação que se acumula no solo e pode alcançar vários metros de profundidade, além de ser altamente inflamável.
Além da vegetação peculiar do Pantanal, e da baixa umidade relativa do ar - com altas temperaturas e sem chuvas há 73 dias em Corumbá, e 68 dias em outras áreas do bioma -, o vento forte, que na maioria das vezes ultrapassa 50 km/h, é um dos principais vilões nas ações de combate a incêndios. Por isso, os combates noturnos são comuns e necessários, possibilitando maior êxito nas ações.
Tecnologia na prevenção e combate
Toda a atuação por terra, ar e rios em Corumbá e nas demais regiões com atuação dos bombeiros no Pantanal é coordenada pelo SCI (Sistema de Comando de Incidentes), em Campo Grande. A ferramenta está sob a estrutura do Governo do Estado.
"É complexo e muito importante, pois a coordenação é integrada com todas as forças de segurança, do Estado e também da União, que trabalham no combate", explica o subcomandante-geral do Corpo de Bombeiros e chefe das operações de combate a incêndios, coronel Adriano Rampazo.
Todas as equipes e equipamentos disponíveis para combate a incêndios estão mobilizados no Corpo de Bombeiros, comenta o coronel Rosalino Gimenez, do CGPA. "Vamos atuar com três aeronaves realizando o transporte dos brigadistas, o combate direto ao incêndio, monitoramento das queimadas e transporte de equipamentos", comentou.
"Desta forma conseguimos auxiliar os bombeiros e brigadistas, além do combate direto às queimadas. Já atuamos ano passado na Amazônia, quando o Estado ofereceu todo o suporte ao Estado do Amazonas. Também estivemos no Rio Grande do Sul devido às enchentes. Agora estamos atuando na nossa casa com uma responsabilidade ainda maior", concluiu.
Reforço federal
O Governo de Mato Grosso do Sul já investiu R$ 50 milhões na estrutura de combate aos incêndios florestais no Pantanal, incluindo a instalação de 13 bases avançadas dos Bombeiros em solo pantaneiro para reduzir o tempo de resposta. Além disso, a Lei do Pantanal também foi articulada, elaborada, aprovada e está em execução pelo Governo.
Contudo, diante da gravidade da situação, acordos foram firmados com o Governo do Mato Grosso e também com o Governo Federal, como ocorreu recentemente na assinatura do Pacto Federativo, em Brasília (DF), no Dia Mundial do Meio Ambiente.
Na semana passada, em reunião com o MMA (Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima), o Governo do Mato Grosso do Sul solicitou apoio federal para o combate aos incêndios florestais no Pantanal. O reforço nas ações já realizadas pelo Governo do Estado, através do Corpo de Bombeiros, foi confirmado no sábado (22) pelo Governo Federal.
As frentes sul-mato-grossenses vão receber auxílio de mais três aeronaves do ICMBio, além de mais quatro aeronaves de grande porte do Exército. Também foi dada sinalização positiva sobre a chegada de 60 homens da Força Nacional para reforçar o combate direto ao fogo. Duas aeronaves Air Tractor já estão em Corumbá e passam a participar de operações a partir deste domingo (23).
24/06/2024 Poder público precisa investigar fortemente onde começou o fogo, diz SOS Pantanal
24/06/2024 Fumaça de queimadas também assusta quem trafega na BR-262
24/06/2024 Bombeiros combatem incêndios perto da Estrada Parque e em Porto Murtinho
22/06/2024 Helicópteros ajudam a combater focos de incêndio que cercam Corumbá e Ladário
22/06/2024 Na região do Bracinho, bombeiros controlam fogo com equipes por terra e pelo rio
22/06/2024 Combate aéreo ao fogo no Pantanal terá reforço; Ibama convoca brigadistas de outros estados
22/06/2024 Bombeiros continuam combatendo focos de incêndio em diferentes regiões do Pantanal
21/06/2024 Pantanal acumula em 12 meses mais de 9 mil focos de incêndio
21/06/2024 Marinha amplia número de militares para apoiar combate aos incêndios florestais
20/06/2024 Gretap já percorre áreas queimadas em busca de animais feridos no Pantanal
20/06/2024 Moradores fazem o que podem para amenizar consequências dos incêndios florestais
20/06/2024 Corumbá e Ladário amanheceram tomadas por fumaça e fuligem
No Diário Corumbaense, os comentários feitos são moderados. Observe as seguintes regras antes de expressar sua opinião:
Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião deste site. O Diário Corumbaense se reserva o direito de, a qualquer tempo, e a seu exclusivo critério, retirar qualquer comentário que possa ser considerado contrário às regras definidas acima.