Campo Grande News em 06 de Junho de 2024
Diário Corumbaense
Fogo consumindo vegetação na região de Corumbá
O cenário não é bom. De 1º de janeiro até 06 de junho, o bioma registra 900% de aumento nos focos de incêndio em comparação ao mesmo período do ano passado, de acordo com dados de programa de monitoramento por satélites do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
Estendendo a comparação de 2024 até o ano em que as queimadas atingiram marcas históricas, 2020, o período atual "perde" na comparação entre os focos, mas supera todo o intervalo (2023 a 2021).
Em seus primeiros meses, 2024 registrou a metade dos focos que 2020 registrou. Mas são cerca de 50% de diferença que já preocupam e fizeram entidades como o WWF emitir alerta, considerando que os meses mais severos da seca ainda não chegaram.Inteligência Artificial
A analista de conservação da organização no Brasil, Cyntia Santos, avalia que muito se evoluiu para afastar do bioma as ameaças do fogo nos últimos quatro anos e não repetir o "ano catastrófico". Ela cita os satélites de monitoramento, as regras de manejo do fogo reforçadas pela Lei do Pantanal (6160/2023), as novas viaturas e equipamentos, o aumento de brigadistas militares e voluntários e as diversas ações de conscientização nas comunidades.
O que pode melhorar e evitar a repetição, segundo Cyntia, é agilizar a detecção de focos de incêndio logo no início. Ela afirma que a organização vai contribuir com isso com a IA (inteligência artificial) que está desenvolvendo.
"Atualmente, nós estamos elaborando uma ferramenta de inteligência artificial para fazer uma previsão de fogo mais rápida. Isso pode auxiliar ainda mais o poder público na identificação de situações que são ditas como criminosas ou então permitir que elas sejam monitoradas mais de perto", falou a analista.
A ferramenta é desenvolvida em parceria com a empresa de tecnologia Kunumi. Ela vai operar com base em um modelo que usa a aprendizagem de máquina para prever eventos de fogo no Pantanal.
Cultural
Cyntia da WWF lembra ainda que o uso do fogo é prática cultural no Pantanal, mas que muitos dos focos saem do controle por culpa da ação humana, desconhecimento da técnica e desrespeito às leis que regram esse recurso.
"Os desmatamentos geralmente vêm associados com o uso do fogo para a limpeza, mas muitas vezes são feitos sem planejamento. Eles são grandes incitadores de fogo com grandes extensões. Para evitar isso, as técnicas de manejo integrado do fogo devem ser cumpridas e a Lei do Pantanal traz esse reforço sobre o uso do fogo da forma correta, da forma mais protetiva para um sistema tão sensível e tão extenso como é o do Pantanal", finaliza.
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